2016/03/21

Facebook tenta adivinhar a raça dos utilizadores para publicidade discriminada

O Facebook não é apenas a mais bem sucedida rede social do mundo, é também a mais bem sucedida plataforma de entrega de publicidade segmentada, ao gosto dos anunciantes: e que agora até inclui a capacidade de discriminar os utilizadores por afinidade racial.

O Facebook é um paraíso para quem tenha que fazer campanhas publicitárias. Não só se tem o potencial para chegar a milhões de pessoas (desde que se esteja disposto a pagar por isso), como se tem todo um enorme conjunto de ferramentas que permite que essa publicidade chegue apenas às pessoas a que se deseja chegar: sexo, idade, localização, interesses, são apenas alguns dos elementos disponíveis, e que permitem que uma campanha possa chegar a jovens dos 18-25 anos que estejam interessados em smartphones; enquanto outra tenha como alvo mulheres nos 30-40 anos e que gostem de determinado escritor. E agora... também se pode meter a raça ao barulho.

A raça não é uma das coisas que os utilizadores introduzam manualmente, mas é algo que o Facebook avalia de forma automática naquilo que chama "afinidade étnica". Isto dá mais uma nova dimensão para os anunciantes, que assim podem especificar que determinada campanha se destina a um público afro-americano, ou hispânico, e até segmentando se é um público hispânico que fale preferencialmente inglês ou espanhol!


Esta segmentação já tem sido posta em uso em diversas campanhas, sendo que uma das mais mediáticas terá sido a promoção do filme "Straight Outta Compton", que apresentou trailers diferentes consoante se tratasse de um utilizador (considerado) de raça negra, ou um utilizador branco.

No primeiro caso, o trailer era apresentado como sendo de um filme sobre a história do grupo N.W.A. e do seu activismo contra as condições de vida nos ghettos norte-americano:




No segundo caso, para espectadores brancos, o trailer nem abordava o nome do grupo, optando por se centrar nos seus dois membros mais icónicos, Ice Cube e Dr. Dre. Quem visse ambos, nem pensaria tratarem-se do mesmo filme...



Será mesmo esta a direcção a seguir, onde começaremos a ter conteúdos "ajustados" à raça de cada utilizador? Ou será que esta é apenas mais uma das vertentes que noutras áreas já se acha normal (como o Facebook, Google, e outras plataformas) que nos vão apresentando aquilo que "gostamos" e vão escondendo o que não gostamos?

6 comentários:

  1. Eu acho que qualquer tipo de conteúdo ajustado é um erro. Não ser exposto a conteúdos "fora da caixa" torna as pessoas demasiado presas a ideias, tornando qualquer debate destas demasiado polarizado.

    No limite as pessoas ficam fanáticas muito mais facilmente, pois apenas são expostas a conteúdos alinhados com os seus ideais pré-estabelecidos.

    Isto para não falar na potencialidade de controle de massas que os conteúdos ajustados permitem. O Facebook já fez experiências com isto.

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  2. É o conceito da "HugBox" cada vez mais normal nas nossas sociedades digitais, só te mostram o que sabes que gostas, nunca te mostram o que te pode deixar desconfortavel, os iPhones novos também trazem "handpicked news" "handpicked playlists" tudo para que não se passe tanto tempo a descobrir a musica/noticias novas e que só se veja aquilo que se sabe querer ver, mantenham-se na bolha é mais confortável, sejam parte do sistema, deixem os outros escolherem aquilo que querem que voçes vejam, é isso o futuro da humanidade.

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    1. Sim, mas ter em conta que isto não é exclusivo das sociedades digitais. Desde sempre que os "jornais tradicionais" também fazem o mesmo, falando de umas coisas mas não de outras; nos livros também eram/são os editores a escolher o que é publicado ou não; na música também; etc. etc. Nesse sentido, as sociedades digitais vieram dar uma imensa liberdade na capacidade de se poder fazer chegar conteúdo ao mundo, que de outra forma nunca poderia tê-lo feito. (Independentemente de eventualmente apenas uma pequena fracção poder ser de qualidade ou interesse. :)

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  3. Só para acrescentar Carlos, nos jornais tradicionais e mesmo nos digitais existe o que se chama critério editorial e deontologia. Além disso o conteúdo é feito à imagem de muitas pessoas (colaboradores) e não há imagem de uma pessoa (o cliente alvo). Além do mais podes escolher, com o monopólio do Facebook (no sentido positivo) seria como haver uma única publicação periódica

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  4. Acho que esta notícia é um pouco Racista!! Isto porque Raça há só uma, e etnias há muitas...
    Ou seja o Inglês está correcto, o Português não.

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