2016/07/10

Operadores Europeus querem 5G quanto antes... mas sem regras de neutralidade


As tentativas de derrubar as leis que obrigam à neutralidade da internet têm sido muitas, e os operadores preparavam nova ofensiva a acompanhar a aposta nas redes 5G.

Uma coligação de quase duas dezenas de operadores e empresas de telecomunicações - incluindo a Vodafone, Deutsch Telekom, Ericssonm Nokia, Telefonica, entre outras - criaram um "Manifesto 5G" onde apontam todas as vantagens que as redes 5G poderão vir a trazer... mas em contrapartida deixando uma espécie de ameaça velada, de que isso só será feito se os governos simplificarem as regras e eliminarem algumas exigências, nomeadamente aquelas que garantem a neutralidade dos dados.

Se mais explicações fossem necessárias, bastará dizer que este manifesto está a ser aplaudido por Gunther Oettinger, comissário Europeu para a Economia e Sociedade Digital - o mesmo senhor que já comparou os defensores da neutralidade da internet a extremistas talibans.

Bem que gostaria de dizer que o sector das telecomunicações era suficientemente saudável e que dispensaria a necessidade de regulamentação apertada; mas infelizmente, por uma e outra vez, os operadores têm falhado em demonstrar que merecem essa confiança. Até mesmo com as regras existentes eles são peritos em "contornar" as coisas ao máximo (veja-se as recorrentes tentativas de nos vender "dados ilimitados - com limites"; e nem vamos falar nas questões do traffic shaping, que são tratadas como tabu, ou dos limites secretos que nem sequer se dignam a informar claramente quais são.)

Da maneira que as coisas estão, parece-me que a chegada do 5G vai servir para os operadores ganharem o controlo que querem sobre as suas redes; e aliás, o caminho já tem vindo a ser preparado para isso - são cada vez mais os tarifários que vão oferecendo tráfego gratuito para serviços específicos... o que viola flagrantemente este princípio de que todos os dados deveriam ser tratados de igual forma. Afinal: todos os dados são iguais... mas parece que alguns já vão sendo mais iguais que outros.

3 comentários:

  1. Quando os operadores dão aos consumidores o que eles querem, estão a satisfazer uma necessidade que as pessoas sentem. Não vejo porque é que o Estado tem de intervir neste caso de forma tão veemente, poderia sugerir ou impor a apresentação de tarifários "neutros" e deixar os consumidores escolherem se querem outros.

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    1. Isso seria válido num segmento "saudável". Infelizmente, nas telecomunicações, o que se assiste é a uma cartelização entre os grandes operadores, de modo a dominarem o mercado mas escapando às leis anti-monopólio.

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  2. O pessoal só vai conseguir compreender o que é a neutralidade na internet quando os supermercados começarem a decidir vender apenas batatas fritas, hambúrgueres, salsichas, bebidas com açúcar e nada de verduras e vegetais ou outros alimentos mais saudáveis e mesmo assim o povo defender que os comerciantes apenas estarão a vender o que o povo "quer".

    Nessa altura, saberão verificaro que é necessidade de liberdade e neutralidade na entrega da informação.

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