2017/03/17

Poderão as casas inteligentes testemunhar contra nós?


Tradicionalmente, estamos habituados que aquilo que se passa no interior das nossas casas faça parte do foro privado. Mas com a proliferação de cada vez mais dispositivos "inteligentes", há cada vez mais formas de registar o que por lá se passa... e nem sempre é claro de que forma é que esses dados podem ser utilizados.

Recentemente tivemos um caso de uma investigação de um homicídio, em que as autoridades queriam acesso às gravações do Amazon Echo existente na casa. A Amazon começou por lutar contra esse disponibilização dos dados, mas posteriormente o principal suspeito (o dono da casa) pediu que esses dados fossem disponibilizados.

Quem fala do Amazon Echo fala do Google Home, dos nossos smartphones, de outros dispositivos que possam estar a escutar-nos (como as Smart TVs) ou até a ver-nos - no caso de câmaras de vigilância. É todo um conjunto de dados que as pessoas apreciam quando são usados para seu próprio benefício (por exemplo, receber uma notificação de que um ladrão entrou em casa), mas que poderão não apreciar se começarem a ser usados como testemunhos contra si.

É que em muitos casos, estes dados nem sequer ficam guardados localmente, sendo enviados para algum serviço na cloud; e a política de acesso a esses dados nem sempre é tão transparente quanto se desejaria - para não falar da dificuldade que qualquer pessoa normal teria ao tentar decifrar as centenas de páginas das "condições do serviço" que as empresas disponibilizam.

Se calhar, o mais simples é desde logo assumir que a privacidade já não é o que era, e que será cada vez mais difícil que, mesmo aquilo que se faz no seu próprio lar, seja realmente "privado".

3 comentários:

  1. "Poderão as casas inteligentes testemunhar contra nós?"

    De nada! 🙂

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  2. A única forma de resolver este problema da invasão de privacidade é criar um servidor local, com sistema operativo dedicado para todos os equipamentos de casa, que bem visto nem são assim tantos para a esmagadora maioria das casas, criado pela comunidade com foco na segurança e privacidade e revisto regularmente por empresas especializadas em segurança informática e similar. Tal sistema deveria permitir guardar ou não registo de actividades, por quanto tempo, quem poderia aceder e por aí em diante e tudo o que poderia ser ligado ao sistema deveria estar incluído no sistema operativo e não permitir coisas de terceiros que poderiam criar vulnerabilidades no sistema.

    Por um lado permitiria criar padrões a serem utilizados por todos os sistemas (assim somente uma aplicação seria necessária para tudo), por outro lado garantiam que tudo teria de ser programado localmente e que nada seria programado de forma a prejudicar a segurança e privacidade da pessoa a menos que a mesma quisesse (devendo os fabricantes disponibilizar ficheiros de configuração para ajudar na configuração, mas sempre editáveis). E o melhor é que se poderá dispensar os servidores de terceiros nos quais é sempre possível aos serviços de espionagem nacionais e internacionais, policia, tribunais e eventualmente criminosos de toda a espécie (além de todos com acesso a tais servidores) terem acesso aos dados de todas as maneiras legais e ilegais... evitando assim acesso prévio e continuado ou somente posterior acesso ao acontecimento, visto que para ter acesso terão de ter acesso ao sistema local que pode ou não estar acessível via rede exterior à casa... e que pode ter sido configurado ou não para guardar informação.

    Tais servidores já existem, mas até ver na generalidade são soluções comerciais proprietárias, e sobre o qual a privacidade e segurança são no mínimo duvidosas na maioria dos casos.

    As coisas que se deverão poder ligar a tal servidor local seriam por exemplo: sensores dos sistemas de alarme de intrusão, incêndio, gases tóxicos, inundação; sensores de iluminação; micro-ondas; frigoríficos; televisores; máquinas de lavar roupa; sistemas de extinção automática de incêndios; cofres automatizados; portas e janelas automatizadas; estores/ persianas automatizados; sistemas de irrigação; sistemas de meteorologia local; sistemas de video-vigilância; sistemas de som; sistemas de aquecimento e arrefecimento; sistemas de comunicação; sistemas de medicina; sistema de informação de avarias; sistemas de protecção de piscinas; entre eventuais outros.

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