2017/04/03

As consequências dos automóveis autónomos na sociedade


Muito se tem falado sobre o impacto que os automóveis sem condutor terão, incluindo em áreas que à partida não se imaginariam estar relacionadas, mas ainda mais inspirador - ou assustador - é tentar imaginar tudo aquilo de "inimaginável" que poderão vir a potenciar.

Há quem já tente imaginar as repercussões dos automóveis sem condutor em "segundo grau", e embora muito fique ainda por dizer, é um excelente ponto de partida para nos deixar a pensar sobre o assunto.

Um mundo repleto de carros autónomos é um mundo em que haverá uma redução substancial de acidentes. Menos acidentes implica desde logo menos mortos e feridos, menos danos e estragos, menos ocupação dos serviços de saúde e serviços de emergência (e também uma redução a nível dos orgãos para transplantes, que actualmente muito dependem dos acidentes de viação).

Da parte "mecânica", os carros eléctricos precisam de muito menos manutenção que um automóvel com motor de combustão, o que desde logo põe em causa a necessidade de tantas oficinas como as que existem actualmente - e se a isso somarmos a ausência de acidentes, ainda menos motivos haverá para as visitarmos. Outra coisa que se deixará de visitar são os postos de combustível, assumindo que os carros terão autonomia para 99% das necessidades, e com isso também eles terão que repensar a sua actividade, que actualmente já tenta puxar mais para o lado das lojas de conveniência do que da venda do combustível (talvez o seu futuro passe mesmo por se tornarem em lojas "drive-in"). Se assim não for, há ainda mais consequências indirectas: nos EUA é nos postos de combustível que se vende a maioria dos maços de cigarros... estão a imaginar o que seria os automóveis autónomos virem a ser, indirectamente, responsáveis pelo fim desse maldito vício que continua a matar milhares de pessoas por ano? (Nos EUA, são meio milhão por ano!)

Se assumirmos a transição para um modelo de transportes pessoais a pedido, as possibilidades são ainda mais vastas. Em vez de um carro próprio, que necessitaria de encontrar lugar para estacionar e ficar parado a maior parte do tempo, poderíamos dar uso a uma frota de carros que continuamente tentaria encontrar a máxima eficiência para prestar o serviço de transporte, sempre que se quisesse e de/para onde se quisesse. Sem necessidade de condutores humanos os custos desse transporte seria bastante mais competitivo que os actuais; e sem congestionamentos nem acidentes, os custos de operação (incluindo o dos seguros) seria igualmente muito mais apelativos. Isto para não falar no sonho que seria termos cidades sem carros a ocupar todo e qualquer recanto livre, em cima de passeios, no meio das estradas, e tudo o mais.

Mas as maiores transformações, como falava no início, são aquelas que por agora nem nos parecem imagináveis. No passado, foi a popularização dos carros e da liberdade de transporte que permitiu a criação das mega-lojas e dos centros-comerciais, que vieram afectar o comércio local da forma que todos sabemos. Uma nova era de transportes autónomo vai abrir as portas a muitas novas oportunidades... e basta ter imaginação e criatividade suficiente para tentar aproveitá-las da melhor forma. :)

8 comentários:

  1. O Ambiente e a nossa saúde agradecem!

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  2. ó meus amigos, se não conhecem o jacques fresco acho que deveriam conhecer ;) ele já tem estas soluções e outras desde 1927 https://www.youtube.com/watch?v=cLsqXgJWYu4

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    1. Ter as soluções não basta... se não forem implementadas. E pela mesma ordem de ideias, terás actualmente muitas soluções que daqui por 100 anos alguém estará a referir que já existiam no início do século XXI. Faz parte da evolução.

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  3. Penso noutra consequência indirecta: desvalorização dos imóveis nos grandes centros urbanos.
    Se o trânsito se fará de forma mais eficiente e a comuta passa a ser consideravelmente mais económica, acredito que muita gente comece a abandonar o centro das cidades, onde normalmente os preços das casas estão bastante inflacionados.
    Trabalhar em lisboa e viver na margem sul, pode deixar de ser um pesadelo.

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    1. Na minha opinião o preço dos imóveis nos centros urbanos será sempre superior e irá sempre ser inflacionado devido a um sem número de varíaveis. Afinal de contas no meio é que está a virtude! Isto teria o valor de uma bufa no meio de uma tempestade que é o mercado imobiliário.

      Quero é ver que raio de impostos vão os governos criar para colmatar as percas geradas por haver menos ou mesmo deixar de haver veículos movidos a combustíveis fósseis!

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    2. Podes ter razão, talvez esteja demasiado focado no meu próprio exemplo. Vivo no centro e só não considero poupar bastante dinheiro e ir viver para periferia porque detesto transportes públicos e também porque me custa muito perder demasiado tempo na comuta diária.
      Se tivesse um carro que me levasse ao emprego de forma confortável, segura e económica, com a vantagem de poder usar o tempo da viagem inclusivamente para trabalhar, porque não viver a 40 ou 50km do centro?
      Espero ainda cá estar para poder ter este dilema

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  4. Muito bonito mas essa realidade tarda muito em chegar e já vamos ser velhos quando esse cenário acontecer...

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  5. Tudo muito bonito , o problema é que as máquinas só dão lucro quando o serviço ou bem que produzirem terem comprador , como a futurologia diz que os robôs vão acabar com muita mão-de-obra , eu pergunto : - estes produtos ou serviços vão ser comprados por quem ? as pessoas não tendo trabalho não tem redimentos logo não irão comprar nada. Estas e outras questões já fez pensar muito os países nordicos ,se calhar a Europa vai ter de repensar bem se realmente esta onda de tudo " autónomo " irá funcionar .......

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