2015/05/19

Internet de banda larga móvel sem IP público



Quanto é que a internet contratada não é uma internet "total"? Aparentemente é o que está a acontecer a todos os que recorrem aos serviços de internet mobile em Portugal, e que mesmo que passe despercebido a 99% dos utilizadores, poderá causar enorme frustração aos restantes 1%.

Os operadores têm apostado bastante (e bem) na tecnologia 4G como forma de levar internet de banda larga a locais que de outra forma se arriscariam a ficar para sempre com velocidades "do século passado". Mas há um pormenor que muitas vezes não é referido e que poderá ser problemático para alguns utilizadores.

Imaginem que gostaram da ideia que viram em casa de um amigo, de ter uma câmara IP que permite ver o que se passa em casa a partir de qualquer ponto do mundo. Compram a câmara, ligam-na ao router 4G em casa... e descobrem que afinal não lhe conseguem aceder quando estão fora de casa. E tudo porque os operadores não vos disponibilizam um IP público que vos permita comunicar com a vossa casa.

A maioria das ligações à internet disponibiliza um IP "público", que permite que qualquer outra máquina na internet comunique convosco. Mas nem sempre é o caso, como têm descoberto os utilizadores dos serviços de banda larga móvel. Neste caso, os clientes ficam apenas com um IP "interno" do próprio serviço usando NAT (numa situação idêntica à de quem tem múltiplos computadores na sua rede interna em casa, ligados a um único router com acesso à internet).



Para a grande maioria dos utilizadores, isto não causará qualquer problema. Podem continuar a navegar na internet e a usar a grande maioria dos serviços... Mas deixam de ter forma de estarem contactáveis directamente a partir do exterior. Ou seja, usar um serviço de DNS dinâmico, ou tentarem aceder remotamente à vossa máquina via IP directo, ou acederem a uma câmara ou outros dispositivos em vossa casa, passa a ser "impossível" (leia-se: obrigar a encontrar formas alternativas de o fazer, se existirem.)


Importa relembrar que a situação não é nova; já no tempo da ZAPP e de outros operadores era normal esconderem os clientes numa rede privada atrás de um único IP público. O que interessa é estar informado desta limitação (que deveria estar mais explícita nas condições do serviço) para não se ser apanhado de surpresa.


P.S. Há muitos serviços (como o TeamViewer, Skype, etc.) que continuam a funcionar nestas ligações, uma vez que podem usar outras máquinas como intermediários; precisamente para ultrapassar este tipo de limitações (assim como evitar a necessidade de configurações nos routers dos utilizadores, etc.)

11 comentários:

  1. Se investissem em levar IPv6 ao utilizador final este problema não se colocaria... Mas o que interessa mesmo é minimizar os custos e maximizar as receitas e os utilizadores que se lixem...

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  2. Julgo que o problema não seja com o IPv6 mas sim com a arquitectura da rede móvel, e dos todos os elementos entre o terminal móvel e o acesso à Internet.

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    1. O problema é que os operadores de telecomunicações móveis não dispõem de IPs suficientes para atribuir um IP público a todos os terminais móveis. Este problema resolve-se com o IPv6 pois o número de endereços é virtualmente ilimitado. O número de endereços IP por sub-rede é 2^64 (18.446.744.073.709.551.616) e o número total de endereços é 2^128 (340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456); o número de sub-redes também é 2^64!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. O problema é precisamente a escassez e o preço abusivo que está a custar alugar gamas de ip's, o IPV6 resolve todos estes problemas, vai ao ponto em que é possível cada equipamento ter só para si uma gama que permite ter 16 milhões de ip's num único dispositivo (sim é verdade).

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  3. Desconhecia este pormenor.
    Se bem que tinha visto que através do speed test ele dava me a localização de Lisboa (onde não estou)

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  4. Esta solução técnica não é um problema para os smarphones. Estes dificilmente alojarão serviços que precisem de portas públicas, mas é um problema nas pens de banda larga portátil, aí sim podem haver utilizadores prejudicados.
    Como curiosidade, os utilizadores de banda larga móvel MEO afetados por este problema ao acederem ao whatismyip vão ver que o ISP está identificado com o nome sugestivo: MEO customers NAT.

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  5. A ZAPP fazia isso mas bastava pedir para te darem um IP publico. Desconhecia que tal prática era usada por outros.

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  6. Será que isto se aplica(rá) também aos tarifaríos banda larga móvel para empresas?

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  7. Com Vodafone nunca vi isso acontecer.
    A MEO não tem dinheiro para comprar mais IPs ? :) :) :) Estão escassos, mas ainda há.

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  8. Triste mas real... Comprei um router 4G LTE onde meti um cartão 4G da MEO e ao configurar tudo para poder aceder do exterior... NADA FEITO
    Será que existe alguma maneira?!

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