2013/08/04

Revista "Física" Manda Caixa Mistério pelo Correio


Vivemos na era do digital onde a conveniência de ter praticamente tudo à distância de um download nos simplifica imensamente a vida (e expande os horizontes), mas por outro lado há também um importante aspecto que é menos positivo: perdemos o contacto físico com muitas dessas coisas - um contacto que nos poderia dar impressões e sentimentos que nunca poderão ser replicados com reproduções digitais. Esta revista Container pretende ser um passo atrás, enviando uma caixa chega de objectos mistério sobre um determinado tema.

Foi algo que me fez recordar as muitas centenas de revistas que acumulei ao longo das décadas, e que mensalmente eram motivo de grande ansiedade, quando se ia ao quiosque perguntar se já tinham chegado. Mais tarde com CDs (e depois DVDs)... mas que inevitavelmente foram sucumbindo à pressão da internet, deixando de as comprar quando comecei a reparar que tudo o que lá vinha... eram as coisas que já tinha lido na internet no mês passado. Mas recordo com grande nostalgia essa experiência de ter as revistas em papel, carinhosamente guardadas (ao ponto de já não saber onde é que as haveria de arrumar, pois não as queria deitar fora), e que iam preenchendo todos os espaços livres das estantes.

Numa altura em que por vezes até estranho a sensação de pegar numa caneta para escrever, dou por mim a pensar que não seria mau pensado haver mais iniciativas como esta "Container" para manter uma ligação física com o mundo. Um email não substitui um cartão postal carimbado e escrito; a uma foto no Instagram não substitui alguém vos oferecer um doce típico da sua região... Há algumas décadas até a experiência de ouvir música era algo físico, que envolvia pegar numa cassete, ou disco de vinil, e onde - particularmente neste último - se procedia ao ritual de o colocar no gira-discos e pousar cuidadosamente a agulha na faixa pretendida. Agora, está tudo ao alcance com alguns toques num bloco de plástico e vidro - ou até a pedido por um comando de voz.

Conveniência e acesso sim... mas não deixar que isso nos faça esquecer que para além da visão e audição, somos seres que têm também o sentido do tacto, olfacto, e paladar... e que conviria não os deixar cair em desuso.

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