2019/12/20
Localização de milhões de pessoas expostas na net
Muitas empresas tentam desvalorizar a recolha de coisas como a localização das pessoas, dizendo que se tratam de dados que são "anonimizados", mas mais uma vez temos uma demonstração clara das assustadoras potencialidades destes dados.
O NY Times teve acesso a uma base de dados com informação referente a 50 mil milhões de pontos de localização de 12 milhões de pessoas. São números que parecem astronómicos mas que são uma mera gota de água face a todos os dados que diariamente são recolhidos a partir de todos os smartphones e telemóveis no mundo. E mesmo que estes dados não estejam identificados com o nome das pessoas a que pertencem, as coisas rapidamente se começam a tornar interessantes à medida que vão sendo processados - como fez o NY Times ao longo de meses de investigação.
O grande problema destes dados de localização é que rapidamente se descobre que não são precisos nomes para inferir informação valiosa sobre quem é quem, ou o que faz. Com bastante facilidade podemos filtrar pessoas que passem a maior parte do dia num determinado local (por exemplo, a Casa Branca ou o Pentágono, como exibido nas imagens acima) - e cuja rotina mostre que seja extremamente provável que trabalhe por lá. Sabendo-se isso, é também possível saber onde mora, através dos dados da localização do sítio onde passa a noite. Sabendo-se onde mora, é possível ver que outros smartphones coabitam no mesmo local, revelando o resto do agregado familiar, e de onde será também extremamente simples chegar aos seus locais de trabalho - ou, no caso de passarem o dia numa escola, determinar que são crianças ou jovens.
A mesma fórmula pode ser aplicada tanto a políticos como executivos de empresas, como vedetas e celebridades, como a qualquer cidadão comum. E isto são dados que todas as operadores de telecomunicações recolhem e vendem há anos - e que ultrapassam até mesmo a recolha da localização feita por empresas como a Google, Apple ou Facebook - e da qual não se pode escapar (a não ser não usando um telemóvel).
... O mais assustador é pensar para quantas mais coisas estes dados estarão a ser utilizados. Já nem me surpreenderia que algures, num laboratório secreto da Google, Facebook ou IBM, já se tivesse criado um jogo "The Sims" à escala mundial, com pequenos cidadãos virtuais com características preenchidas a partir destes dados, e cujo perfil e informação adicional vai sendo adicionada à medida que se vão recolhendo mais dados sobre aquilo que faz e por onde anda...
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