Os fabricantes de TVs parecem continuar desfasados dos desejos dos consumidores, apostando em tecnologias AI que ninguém pediu.
Com mais uma ronda de lançamentos no CES 2025, a maioria dos fabricantes não perdeu oportunidade para apresentar os seus mais recentes modelos de Smart TV, e não olhando a meios para encontrar algo que lhes permita diferenciar-se dos seus concorrentes. Como seria de esperar, não falta o recurso a toda uma série de novas funcionalidades AI, e embora algumas delas até possam ser úteis e funcionais, a tendência geral é preocupante.
Alguns fabricantes mostraram funcionalidades AI interessantes e úteis, como a legendagem automática em tempo real, e tradução para múltiplas línguas, dando maior liberdade em termos de acesso a conteúdos. Por outro lado, há coisas que se podem considerar bastante menos produtivas, como as sugestões de receitas que a Samsung promete para as suas Smart TVs, sempre que for detectado alguém a cozinhar no ecrã. No caso das TVs com assistente da Google, a aposta vai para o Gemini, que poderá ser interessante, mas que levanta toda uma série de preocupações de privacidade numa altura em que muitos já suspeitam (ou confirmam!) que as suas Smart TVs estão a escutá-los e a enviar informação dos seus hábitos para "algures" - para não falar da possibilidade desse acesso ser algo que poderá exigir o pagamento de (mais uma) mensalidade.
Outros retrocessos até se fazem sentir de forma mais física. O mais recente controlo remoto da LG reforça a aposta em botões de acesso a serviços de streaming - o que nem seria negativo, por si só - mas faz isso acompanhado da remoção de botões bastante mais úteis e práticos, como os de controlo de reprodução (play/pause) e de selecção da entrada de vídeo.
No passado já vimos os fabricantes de TV a tentar desesperadamente impingir coisas como o 3D, demorando anos a reconhecer o total desinteresse por parte da maioria dos consumidores. Agora, está visto que vamos passar por uma era de oferta de serviços AI integrados nos televisores, previsivelmente acompanhado pela tentativa de os fazer pagar mais uma subscrição, e que desde já se pode antever que estará condenada a ser descontinuada ao fim de alguns anos, quando decidirem dedicar-se à proxima "coisa".
Enquanto isso, vamos também lidando com coisa como bugs frustrantes a nível de software e firmware, que por vezes demoram meses ou anos a ser corrigidos, ou que nunca chegam a ser corrigidos. Um destes dias, ainda vamos descobrir que vai ter que se pagar mais para ter um televisor que seja apenas um ecrã com altifalantes, do que uma Smart TV que deixa os consumidores à mercê da obsolescência programada e potenciais invasões de privacidade.
Agora fiquei com o "rato atrás da orelha"...
ResponderEliminarSerá que a minha TV tem microfone?
(É uma Toshiba com Android v10. Tenho de pesquisar...)
na minha xiaomi têm um botão fisico para desligar o microfone
ResponderEliminarInteressante. A Xiaomi a colocar-se do lado do consumidor.
EliminarSobe pontos na minha consideração.
é como os componentes do PC... antes era tudo "gaming" para vender melhor.. agora é tem "IA".. as motherboards é fans IA, overclocking IA, etc.. coisas sem nexo..
ResponderEliminarMuito isso.
EliminarComeça a ser um pouco chato a apelação constante à IA em tudo e mais alguma coisa.
ResponderEliminarE no caso, a indústria das TV's utiliza-a como chavão pois certamente o utilizador verá ali uma referência de avanço.
Faz-me lembrar quando a Apple lançou os IPhone com "ecrã Retina". O pessoal nem sabia o que isso era, desconhecia a já existência de ecrãs bem melhores na concorrência, mas a simples referência "Retina" serviu certamente como apelativo de compra e convencimento de exclusividade para quem adquiriu o equipamento.
No fundo, por vezes, a indústria apenas propõe aquilo que os utilizadores comuns julgam saber valorizar.
O 'marqurtingue' acaba por ser uma verdadeira indústria da arte de bem mentir e enganar o próximo.
EliminarDepois dá naquilo que se vê. O consumidor informado começa a ficar sempre de pé atrás perante as "inovações" das "big-tecs".
Eu sou um deles.
ja somos 2 então
EliminarInfelizmente a grande massa de consumidores que movimenta o mercado não tem esse senso crítico.
ResponderEliminarConcordo. As modas que passaram a seguir o s exemplos das Apples deste mundo tornaram o consumidor muito menos consciente das coisas passando a preferir estes "confortos" passageiros em vez das verdadeiras liberdades e privacidades necessariamente mais duradouras.
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