Trocar fusível da bateria num BMW pode custar mais que uma bateria

Um centro de reparações deixa críticas arrasadoras à forma como a BMW dificulta uma simples troca de fusível nos seus veículos eléctricos.

Cada vez mais proprietários de híbridos plug-in da BMW estão a descobrir que um simples buraco na estrada ou um ligeiro impacto pode resultar em reparações de milhares de euros. O problema está no módulo iBMUCP, um componente selado dentro da bateria de alta voltagem que integra o pirofusível, os contactores, o BMS e toda a electrónica interna. Quando o carro detecta um acidente, mesmo leve, o fusível dispara e o sistema desliga-se. Em teoria é uma medida de segurança, mas na prática tornou-se uma das funcionalidades "de segurança" mais caras do mercado.

O módulo é soldado e não permite a abertura fácil, tornando impossível substituir o pirofusível sem destruir o conjunto. Mesmo quando engenheiros independentes conseguem abri-lo, descobrem que o microcontrolador Infineon TC375 está bloqueado criptograficamente, impedindo a limpeza da flag de acidente. A única solução oficial é substituir todo o módulo iBMUCP - com preço base de €1.100 (mais impostos) - seguido de um processo complexo de programação que exige ferramentas e subscrições BMW que ultrapassam os €25.000(!). Para piorar, se o técnico falhar um único passo, o sistema pode entrar em modo anti-roubo, apagando dados dos módulos e obrigando à substituição de módulos totalmente funcionais, que custam mais de €6.000 cada.

2021 > PHEV BMW iBMUCP 21F37E Post-Crash Recovery — When EU engineering becomes a synonym for “unrepairable” + "generating waste".

If you own a BMW PHEV — or if you’re an insurance company — every pothole, every curb impact, and even every rabbit jumping out of a bush represents… pic.twitter.com/8nHQF5WC8P

— EV Clinic (@evclinic) December 4, 2025

Várias oficinas relatam casos em que uma simples substituição de fusível acabou por obrigar a troca total da bateria, gerando custos elevadíssimos - além do desperdício electrónico desnecessário. Algo que vai contra os supostos "objectivos ambientais" da UE, mostrando como veículos vendidos como "amigos do ambiente" parecem ter consequências totalmente opostas. Para uns, é apenas o perpetuar de problemas antigos dos motores de combustão onde o foco na redução das emissões (com os filtros de partículas, válvulas EGR, etc.) ignorou por completo o impacto ambiental das constantes reparações que esses sistemas requerem.

Para efeitos de comparação, a oficina refere a solução da Tesla: onde o pirofusível custa cerca de €11 e o reset do BMS cerca de €50. Mais caricato é que se torna mais barato trocar toda uma bateria LG num Tesla do que trocar o fusível num BMW! Até que as marcas europeias sigam o exemplo, resta às oficinas independentes tentarem fazer o "hacking" dos sistemas para conseguirem fazer a recuperação legítima de módulos bloqueados. E, como todos sabemos, quem paga a factura é sempre o consumidor.