A navegação por gestos é um dos maiores desafios que a Google tem pela frente no próximo Android Q, e o facto do sistema parecer não estar finalizado a poucas semanas do seu lançamento oficial não inspira grande confiança. No entanto, a Google diz que a sua implementação se baseia nas preferências dos utilizadores.
A forma lenta e demasiado calculista com que o gigante americano tem vindo a trabalhar este assunto não tem ajudado à sua implementação, o que terá contribuído para que muitos dos seus pareceiros não ficassem à espera da solução oficial da Google para os seus próprios smartphones. A Xiaomi, Huawei, OnePlus e mais tarde a Samsung, há muito que apresentaram os seus sistemas de navegação por gestos, cada um deles com opções diferentes, o que acabou por permitir explorar qual o melhor método para navegar no Android.
A Google tem vindo a disponibilizar esta solução, sempre de forma altamente defensiva, apostando num sistema de apenas um gesto, que mantinha dois botões na barra de navegação. O Android Pie dava esta possibilidade ao utilizador, sendo que de origem, a opção escolhida continuava a ser a barra de navegação com os 3 botões virtuais.
Android Q veio mudar o desequilibro da balança
Com a chegada das versões beta do Android Q, este cenário começou a mudar de figura, apostando decisivamente num sistema completo para navegação por gestos. A similaridade com a solução da Apple não deixou grandes margens para dúvidas, indo ao ponto de apresentar uma fina barra indicativa na zona inferior do ecrã.Mais recentemente, com o lançamento da beta 6, a Google deu mais um passo em frente, pois além de manter o gesto de back a meio das laterais do ecrã, corrigiu a mão, escondendo a tal barra que só servia para ocupar espaço.
Navegação por gestos passa a primeira opção
Os números continuam a desempenhar um papel preponderante na tomada de decisão da Google, mas esta questão está longe de estar resolvida. Os resultados agora partilhados acabam no entanto por tornar a situação mais cinzenta, impossibilitando a unanimidade da decisão.Navegação por gestos
Prós- Os gestos podem ser uma forma mais rápida, natural e ergonómica de navegar no smartphone;
- Os gestos são mais intencionais do que os botões virtuais;
- Os gestos permitem uma experiência mais imersiva na utilização das aplicações.
Contras
- Os gestos não são do agrado de todos os utilizadores;
- Os gestos são mais difíceis de aprender;
- Os gestos podem interferir no padrão de navegação de algumas app.
Em face destas conclusões e da fragmentação que o sistema de navegação por gestos actualmente apresenta, a Google trabalhou com os seus parceiros por forma a conseguir uma uniformização da navegação por gestos no Android. Esta decisão teve como objectivo a disponibilização de uma experiência de utilização consistente, tanto para os utilizadores como para os developers, que passarão a ter como opção pré-definida os gestos do Android Q em todos os equipamentos que venham a ser lançados após a apresentação oficial, da nova versão do Android. A Google vai no entanto deixar uma porta aberta aos utilizadores, que terão sempre a possibilidade de repor a barra de navegação, com os três botões virtuais, se assim o preferirem.
Números para justificar esta opção
Os estudos levados a cabo pela Google, tiveram como objectivo perceber como é que os utilizadores seguram no smartphone, qual o alcance dos dedos no ecrã e quais as zonas deste que eram mais utilizadas. Com base nesta informação, construíram vários protótipos com vista a avaliar parâmetros da velocidade de utilização, ergonomia e agradabilidade de cada opção. Foi igualmente analisado o tempo necessário para aprender a utilizar cada opção, quanto tempo demorava o utilizador a sentir-se confortável e qual a sua opinião sobre o sistema de navegação.
A acção "voltar atrás" é um elemento característico do Android, estando presente desde a sua primeira versão. É apreciada pela generalidade dos utilizadores, devido a facilidade em perceber como funciona e a comodidade que oferece. Há contudo aspectos a melhorar, sendo que nem sempre funciona da forma que seria esperada.
A equipa do AadM tem opiniões distintas quanto à necessidade de existência desta função back, mas os registos apresentados pela Google não deixam margens para dúvidas, com o back a ter uma utilização 50% superior à do botão home, o que demonstra bem a sua utilidade no Android.
Tendo em conta a importância que os utilizadores atribuem ao gesto back, este foi visto como prioritário face a outras acções, como as aplicações recentes, ou o painel de apps (drawers). As zonas mais utilizadas (e acessíveis) do ecrã foram assim escolhidas para os gestos back e home.
Os gráficos acima, apresentam os resultados relativos à ergonomia e utilização com uma mão (maior é melhor), tempo para executar as funções home/back (menor é melhor) e tempo para consultar as apps em segundo plano (menor é melhor).
Em média, as acções home/back foram efectuadas de forma mais rápida com o sistema de navegação do Android Q, sendo que o acesso às aplicações recentes acaba por ficar mais lento. A sustentar esta opção, está o facto de esta acção ser utilizada menos de metade das vezes que a função home.
Não deixa contudo de ser interessante o facto dos utilizadores considerarem o sistema de gestos do Android Q ideal para a utilização com um mão, mas os botões virtuais foram considerados como a opção mais ergonómica para a maioria dos utilizadores, pelo que esta mudança será tudo menos pacífica.
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