2012/10/09

Steve Jobs e as Patentes


Hoje em dia é fácil apontar o dedo à Apple, como empresa que usa e abusa das suas patentes para processar tudo e todos que se aproximem demasiado dos seus "territórios". No entanto, há sempre os dois lados da questão - e embora não vá novamente mergulhar no pantanoso mundo do que se deveria ou não permitir patentar (por mim, era abolir as patentes desde já, e depois recomeçar do zero) - não deixa de ser interessante espreitar alguns dos incidentes que terão "escaldado" Steve Jobs.

Ao que parece, a Apple nem se dava ao trabalho de patentear grande coisa nos anos anteriores ao lançamento do iPhone... mas, quando foram processados em 2006 devido ao seu iPod, e tiveram que pagar $100 milhões ao detentor da patente de um "dispositivo portátil de reprodução de música", Steve Jobs terá passado do "8" ao "80", e prometido patentear tudo o que eles criassem daí para a frente.

Um episódio que ajudará a explicar o relevo que foi dado durante a apresentação do iPhone, e onde expressamente referiu que o patentearam até à exaustão.

Por muito que se possa tornar apetecível olhar para a Apple como sendo um "lobo mau", interrogo-me quantos de nós, se tivessemos passado por uma situação idêntica de ter que pagar $100 milhões por violação de uma patente, não teríamos uma atitude bem diferente daí para a frente?

13 comentários:

  1. O problema não é patentear, é o que deixam patentear.

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  2. Acho que estamos a branquear a coisa basta ler isto

    http://jonathanischwartz.wordpress.com/2010/03/09/good-artists-copy-great-artists-steal/

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  3. Não percebo porque é que estão sempre a defender a Apple (patrocínio?), até à exaustão, tentando justificar todas as sua acções... Ja me mete nojo ouvir falar de patentes...

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    1. Ninguém está a defender ninguém (acho que a Apple terá advogados a quem paga principescamente para fazer esse serviço)... Mas acho interessante que muitas vezes as pessoas não queiram ouvir o "outro lado" da história.

      (Independentemente de, como disse - as próprias patentes serem absurdas.)

      Aqui estou só a exemplificar um caso de como a Apple também já "lerpou" milhões por causa das patentes... Se alguém me vier dizer que depois de um episódio desses não teria ficado escaldado... ok, está no seu direito. Mas aqui trata-se simplesmente de mostrar que por trás de cada empresa muitas vezes está apenas a simples natureza humana, e não "criaturas diabólicas" que alguns tentam fazer crer.

      E antes que falem novamente da "Apple", relembro que estou a falar de forma geral.

      Quanto a essas insinuações de patrocínio, bem... deixarei os mais de 8400 posts ao longo dos últimos 4 anos servirem de atestado, mais valioso - penso eu - do que poderia dizerm em qualquer comentário escrito em poucos segundos.

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    2. A minha afirmação sobre patrocínios foi mais provocatória do que outra coisa... Aqui, nem eu acredito nisso. Portanto não se preocupe com isso..

      Apenas achei estranho ter sido criada uma notícia para dizer isto. Eu frequento diariamente vários sites de tecnologia e infelizmente alguns deles têm tendência para defender muito a Apple (mais do que é normal).

      Muito sinceramente eu Não gosto da Apple, é uma boa empresa que fez muita coisa boa, mas não é a melhor empresa do mundo nem é a que apresenta os melhores equipamento em todas as secções. Não concordo com muita coisa que a Apple faz, acima de tudo não concordo com a sua política. Embora reconheça as vantagens do seu sistema, que me parece estar um passo à frente da concorrência...

      Eu ja tive um Mac, numa altura em que quase não sabia mexer em computadores e como se não bastasse passei 3 anos a ouvir uma pessoa viciada em Apple, que só via Apple à frente e que não falava noutra coisa... Jurei para nunca mais adquirir equipamentos Apple. O facto de não os ter nem está relacionado com o facto de serem caros, pois até tenho um Qosmio e um GSIII. Consegue imaginar porque é que eu não gosto da Apple?

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    3. Gostos todos temos... Mas uma coisa é não gostar, e ter as justificações (mesmo que só façam sentido para nós) para isso - outra coisa será dizer "mal" só por dizer.

      A Apple não é perfeita, longe disso, e eu próprio critico muitas das atitudes abusivas - e de total "palhaçada" - que algumas/muitas vezes têm. Mas daí a dizer que nada do que eles fazem presta... vai uma grande distância.

      Por exemplo, eu próprio não escondo que não sinto nenhuma atracção especial pela Nokia, e nunca senti. Mas isso não me impede de reconhecer os méritos que têm. Tal como, por outro lado, gosto "inerentemente" dos produtos e serviços do Google - mas também tenho 1001 coisas absurdas a apontar deles.

      Há que ter espírito crítico, saber reconhecer o que de bom e mau há em cada coisa, e... acima de tudo, aceitar que é impossível saber-se tudo: especialmente válido para todas aquelas pessoas que criticam Apple/Samsung/iOS/Android/Windows/Linux/etc. sem nunca sequer se terem dado ao trabalho de os experimentar de forma minimamente justa.

      Se exemplos forem precisos, conheço vários casos de "fanáticos" que já mudaram de um campo para o do "adversário"... e que agora se parecem ter equecido de tudo o que juravam a pés juntos meros meses antes. (E atenção, que não os critico por terem mudado de opinião; critico apenas o "espectáculo" que fizeram antes a desdenhar os produtos... que agora adoram imensamente.)

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    4. Por isso é que na minha resposta nota-se que uma parte de mim até se sente inclinada para qualquer dia "regressar" ao Mac. Em relação ao sistema operativo eu acho que mais tarde ou mais cedo vou mudar, até porque, neste momento adequa-se mais à utilização que dou ao computador. Quando ao resto, partilho da sua opinião...

      Cumpts

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    5. E no fundo, penso que isso é o essencial: estar consciente de que poderá haver sempre algo melhor ou mais apropriado para a tarefa que pretendemos realizar.

      Aliás... não é esse o propósito que se pretende da tecnologia? Que se vá tornando cada vez melhor e mais útil?

      Estamos num ponto em que um smartphone (iOS ou Android) já é uma autêntica maravilha da engenharia - e capaz de fazer praticamente "tudo" o que se deseje fazer. Venha lá a próxima geração de produtos - óculos do Google? - que nos faça avançar para uma nova era e que nos faça olhar para os actuais equipamentos como sendo pré-históricos. :)

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  4. Uma coisa é patentear defensivamente. É perfeitamente justo que a Apple, especialmente depois da má experiência, se queira defender de processos futuros, mas o que a Apple (e outras, com menos mediatismo) tem feito é abusar do sistema judicial e de patentes como forma de manter/obter monopólios atacando todo e qualquer possível concorrente. Não me parece que o que aconteceu com o iPod justifique minimamente o que tem acontecido.

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  5. Como já João disse, de facto conseguiram ridiculamente patentear mais de 300 pormenores do iPhone, mas faltou-te mencionar o mais importante - para se defenderem!

    Utilizando as próprias palavras, se alguém constrói armas nucleares para defesa e após as ter ataca mandando uns mísseis termo-nucleares para um determinado local, continuas a achar que tem "outro lado"!?
    Principalmente sendo o ataque deliberado e apenas numa direcção!?

    Portanto, não existe qualquer outro lado - Apple é o grande predador através de patentes que não valem nada cuja única intenção é travar a todo o custo o grande competidor através dos tribunais e não através de inovação.

    Quanto à natureza "humana" de uma empresa essa natureza tem nome e esse nome que muitos idolatram, alguns comparam-no a Tesla(!!!), era uma personagem demente cuja genialidade apenas lhe reconheça como um grande comunicador e um fantástico manipulador de ideais. Infelizmente, ao inverso de poder ser comparável a Tesla, Edison ou mesmo Ford estas suas virtudes tiveram eco noutra personagem que, infelizmente para toda a humanidade, levou a uma guerra mundial sem qualquer sentido.

    Em resumo, a atitude da Apple não tem qualquer justificação e felizmente são os próprios utilizadores quem estão a ver isso segundo se pode verificar pelas estatísticas que começam a aparecer.

    @braço.

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    1. Bem, trouxeste aí 2 nomes sobre os quais muito haveria a dizer... Edison e Tesla? Não terá Edison feito coisas idênticas (ou "piores") do que aquilo que agora se acusa a Apple, para arrasar com os seus concorrentes/inimigos? Ou será que por já se terem passados tantos anos caimos na tal coisa da "história é escrita pelos vencedores, e dos vencidos não reza a história".

      Ao menos a Apple ainda não electrocutou ninguém para demonstrar que a tecnologia concorrente era perigosa. (Se lá chegaremos ou não... isso é outro assunto! :)

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    2. Foi com alguma relutância que Edison entrou... :-)
      Parte do seu percurso coincide com o de St. Jobs principalmente roubar aos outros e afirmar/patentear como seus. Porém, penso que na maioria poderia ser associado mais a Wozniak se quiseres comparar com a Apple. :-)

      Se reparaste bem a inclusão de Edison e Ford tem mais a ver com a recente idolatração (idiota) que apareceu por aí e não com o mérito que lhes atribuo. Porém, quanto a patentes, estão muito afastados da thermonuclear war de Jobs:
      - patentes essencialmente sobre tecnologia "física" e ou mecânica contrariamente a coisas do género "look & feel" ou rectângulo(!!!);
      - licenças sobre as tecnologias patenteadas ao invés de patentear para proibir a concorrência não lhes dando qualquer hipótese de licenciar essas tecnologias. (repara bem que no tribunal apareceram documentos que comprovavam isto e que "apenas devido aos laços que existiam entre a Samsung e Apple a título extraordinário foi exigido o pagamento de licenças")

      Devido ao actual panorama absurdo em que caiu o sistema de patentes dos EUA até compreendo, embora não aceite, que algumas companhias tentem patentear tudo e mais alguma coisa para se defenderem de possíveis ataques mas quando usam essas "defesas" para inverter o conceito original e partirem para uma guerra termo-nuclear nada pode justificar a demência de tais actos. Felizmente, este absurdo parece estar a acordar toda a gente para o pântano em que o sistema de patentes descambou e principalmente para a caixa de Pandora aberta com o recente litígio Apple/Samsung - quando o "look & feel" dá direito a milhares de milhões certamente se assistirá a uma corrida sem fim a processos em tribunal.

      Para finalizar, ontem um tribunal federal (os que mais tem protegido o sistema de patentes, principalmente sobre software, mesmo quando o Supremo já as rechaçou por duas vezes) pediu para as partes em litígio redigirem documentos sobre:
      "a. What test should the court adopt to determine whether a computer-implemented invention is a patent ineligible "abstract idea”; and when, if ever, does the presence of a computer in a claim lend patent eligibility to an otherwise patent-ineligible idea?
      b. In assessing patent eligibility under 35 U.S.C. § 101 of a computer-implemented invention, should it matter whether the invention is claimed as a method, system, or storage medium; and should such claims at times be considered equivalent for § 101 purposes?"
      Uma luz ao fundo do túnel?
      Embora não acredite lá muito, tenho algumas esperanças que sim.

      @braço.

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  6. Tal como em outros artigos do Carlos Martins sobre patentes, "alcanço" o raciocínio, mas discordo.

    Como está no post, a Apple teve que pagar $100 milhões ao detentor da patente de um "dispositivo portátil de reprodução de música".

    E por acaso o mp3 player não era digno de ser patenteado ? Nas patentes de produtos nem todas têm a mesma importância, a maior parte delas não vale nada. Agora, as que definem características essenciais de um produto (incluindo o design), valem.

    Quando a Apple lançou o iPod, sabia que as patentes da Creative existiam e que, além disso, já tinha lançado mp3 players baseados nessas patentes.

    A ideia que eu tenho disto é que os riscos que a Apple correu em lançar o iPod eram grandes, quer porque inicialmente o iPod não era lá grande coisa, quer porque não sabia quanto iria que ter que pagar pelas patentes. E que os 100 milhões foi um preço barato, dado que em 2006 já o iPod era um produto com sucesso.

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