2013/06/01

O Porquê do Tempo de Gestação de 9 Meses nos Humanos

O Pedro Cabido está de regresso, e traz-nos uma curiosidade biológica pela qual todos passamos. :)


Já se interrogaram porque é que o tempo de gestação de um bebé humano é de nove meses? Muitos poderão responder que é da Lua, outros poderão arranjar uma explicação divina para o assunto, e outros ainda poderão nunca sequer ter pensado no assunto!

Mas para começar, olhemos para os tempos de gestação de outros animais com quem partilhamos o planeta. Os períodos de gestação variam imenso, desde os 624 dias no caso de elefante Indiano, ou os 560 dias dos rinocerontes, até ao extremo oposto onde temos o coelho com cerca de 1 mês de período de gestação ou o rato... com apenas 19 dias!

Mas o animal que mais nos poderá interessar neste assunto devido à sua proximidade genética é o chimpazé com os seus 237 dias (de notar que a gestação humana é de cerca de 280 dias). Por incrível que pareça, apesar destes valores e do desenvolvimento genético humano, os bebés humanos são dos que, após o nascimento, mais dependem da progenitora. Vale a pena ainda acrescentar mais um valor à discussão: o cérebro dos chimpazés na altura do nascimento é cerca de 40% do seu tamanho quando adulto.

Sabiam que os chimpazés bebés precisam de cerca de um mês para começarem a andar? Tempo esse que passa para mais de 7 meses no caso dos bebés humanos. Percebemos então aqui que realmente o desenvolvimento cerebral humano aquando do nascimento é insuficiente. O seu cérebro corresponderá só a 30% do tamanho do cérebro de um humano adulto. Então porque não ficam os bebés humanos mais uns tempos em gestação para aumentar o tempo de desenvolvimento cerebral (e não só)?

Acreditava-se que a gestação não se poderia prolongar para lá dos nove meses pois tornaria impossível o nascimento do bebé devido a um tamanho excessivo relativamente aos quadris da mãe. Recentemente este dado veio ser posto em causa - pois um estudo revelou que se o tempo de gestação do bebé fosse até aos 16 meses (idade na qual o desenvolvimento estaria próximo dos chimpazés) a pélvis só teria de aumentar cerca de 1,18 centímetros, o que seria aceitável segundo os padrões humanos.

Um estudo realizado na Universidade de Rhode Island, EUA, veio demonstrar que o período depende então do metabolismo da mãe e não do tamanho do seu quadril. Este estudo revela que na função de mãe, qualquer animal utiliza muita energia para fazer crescer o seu filho (ou filhos) mas que o corpo detecta até quando esse consumo de energia não ultrapassa o limite do bom funcionamento do seu próprio corpo. No nosso caso, esse limite ocorre às 40 semanas. Nesse momento o corpo "dará a ordem" para que o processo do nascimento inicie. Há também que ver que a nível do tamanho do corpo, o bebé humano é muito maior do que os bebés das outras espécies de mamíferos quando comparados com o seu progenitor. Daí a necessidade de maior "consumo de energia" que deixa de poder ser suportado pelo corpo da mãe.


Por Pedro Cabido

fontes: [1, 2]

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