2014/02/14

As imposições do Google a quem quer o "seu" Android


Habitualmente associamos a Apple a empresa que rege com mão de ferro aquilo que se passa na sua App Store e todo o seu ecossistema digital, fazendo aquilo que bem lhe apetece; e o Google e o seu Android como algo mais pacífico e aberto, com maior respeito por todos. Mas os documentos que agora foram revelados mostram afinal que os parceiros do Google estão sujeitos a restrições e imposições que pouco ou nada ficam a dever à Apple - isto, se quiserem contar com as apps do Google nos seus equipamentos.


O sistema Android é open-source, e é verdade... mas isso refere-se apenas ao sistema base de funcionamento, que deixa de fora a maioria das coisas a que as pessoas se habituaram a considerar "Android". Ou seja, começa logo pela ausência do Google Play, impossibilitando o acesso a todas as apps lá existentes (embora existam app stores alternativas que poderia sem usadas), e podemos também dizer adeus ao Google Search, Now, Plus, Gmail, Maps, Calendar, e tudo o mais que habitualmente serve de base ao "Android".

Para que um fabricante possa lançar um equipamento Android com estas apps e serviços do Google é necessário passar um processo de certificação... e nas condições desse contrato estão coisas como: a obrigatoriedade de ter um Google Search no máximo a um "swipe" de distância do home screen; proibição de cobrar ou colocar publicidade, ou de interferir de qualquer modo com o funcionamento das apps do Google; disponibilizar quatro equipamentos de cada modelo para verificação (e o lançamento só poderá ser feito se o Google der a sua aprovação); obrigatoriedade de enviar para o Google relatórios detalhados sobre a venda de equipamentos (modelos, quantidades, países, etc.); permitir que o Google actualize qualquer uma das suas apps ou serviços quando muito bem o entender; proibição de que o parceiro entre em qualquer projecto que possa contribuir para fragmentar a plataforma Android; e muito mais.

Por um lado, temos que ter em conta que o Google é quem mais investiu no Android e está no seu direito de o controlar e manter como bem entender; mas por outro lado não deixa de também nos mostrar que nos bastidores, todos estes gigantes acabam por usar todo o seu poder de forma que se poderá considerar um pouco "abusiva". Mas é como em tudo... quem "quer" é que tem que se sujeitar ao que lhes é exigido... Sendo que se não se quiser sujeitar, tem a liberdade de seguir o seu próprio caminho por sua própria conta.

6 comentários:

  1. Ia para expressar a minha opinião e, como tal, já estava a construí-la no meu pensamento, mesmo antes de acabar de ler o artigo. Mas, depois de ler o último parágrafo, nem tive necessidade de acabar o meu próprio raciocino, pois o Carlos Martins, na minha opinião, disse "tudo":
    "Mas é como em tudo... quem "quer" é que tem que se sujeitar ao que lhes é exigido... Sendo que se não se quiser sujeitar, tem a liberdade de seguir o seu próprio caminho por sua própria conta."

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  2. O "seu" Android estás a falar da Samsung, HTC, etc. E estás a falar do Google Play e das app da Google e que não são open source.

    O TechChrunch diz que a parte que não é open source é muito maior e abrange APIs essenciais. Em caso de um fork no Android não era só essas app da Google que não existiam, era também muitas app de terceiros impedidas de funcionar por falta dessas APIs. Resumindo, a Google tornou o Android "unforkable" (embora haja casos como o Kindle)
    http://arstechnica.com/information-technology/2014/02/neither-microsoft-nokia-nor-anyone-else-should-fork-android-its-unforkable/

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  3. O Kindle prova que o Android nao é Unforkable.

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    1. Pois, mas o Kindle é um tablet, destinado à loja da Amazon.

      Da China também se fala em forks do Android, mas não sei em que pé está isso.

      Convém é perceber que não há forks do Android em que "apenas" faltará o Google Play e as apps da Google. Vai-lhe faltar APIs essenciais que não são open source. Quando se diz "unforkable" o que se quer salientar é - depois do fork, o que é que a Google deixa utilizável do Android (para smartphones) ?

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  4. Então anda tudo a choramingar contra a fragmentação do Android, contra smartphones com serviçoes e apps desatualizadas e quando a Google exige que os OEMs cumpram um mínimo de requisitos já choram que é draconiano?

    Realmente não há forma de agradar a todos.

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  5. Rosmano , foi isto que eu pensei a ler este artigo....

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