Por vezes interrogo-me se o nosso "ódio de estimação" pelas empresas de telecomunicações não será despropositado; mas depois rapidamente surgem as situações que nos relembram que estas empresas não se incomodam de recorrer a todas as tácticas para espremer o máximo possível de dinheiro dos seus clientes... mesmo se por vezes depois têm que pagar multas de milhões.
Desta vez a visada foi a AT&T, que agora pagou 105 milhões de dólares para "arrumar" um processo devido a cobranças abusivas de serviços de valor acrescentado. A moda dos serviços que tentavam impingir ringtones, jogos e wallpapers para todo o tipo de telemóveis já está em queda, mas ainda assim continua a enganar muitos milhares de pessoas que, ao pensarem que estão a fazer uma única compra, estão na verdade a subscrever um serviço que mensalmente ou semanalmente lhes vai limpando o saldo ou somando à sua conta habitual.
No caso da AT&T o processo era extremamente simples para estas empresas de serviços, mas bastante complicado para qualquer utilizador que desejasse ver-se livre destas cobranças indevidas. Coisa que lhe valeu um processo da FCC que agora ficou encerrado com este pagamento, dos quais 80 milhões serão para distribuir pelos clientes afectados (um valor que me parece manifestamente baixo, considerando que a empresa terá cobrado várias centenas de milhões - dos quais ficava com 35% - ao longo de anos.)
Será para evitar casos como estes que se deve exigir a presença de entidades reguladoras e fiscalizadoras que façam o seu trabalho e garantam que os consumidores estão a ser bem servidos e não a servir como "patos para serem extorquidos". Afinal... quantos de nós já não se terão interrogado sobre se uma determinada chamada não terá sido cobrada com uns cêntimos a mais ao ser contabilizada com mais alguns segundos do que devia; ou se o anacrónico sistema de "blocos de dados" não permitirá que os operadores contabilizem o uso de dados com arredondamentos a seu favor? Num operador que tenha alguns milhões de clientes, até 50 cêntimos "arredondados" aqui ou ali resultam num lucro fácil e imediato de muitos milhões ao final do ano (ou até todos os meses).
Sim, prefiro acreditar que as empresas são sérias e que, mesmo sabendo-se que existem para fazer dinheiro e dar lucro, são capazes de o fazer de forma séria e respeitando os clientes. Não me parece que seja pedir muito... mas perante tudo aquilo que conhecemos, caberá aos operadores esforçarem-se por (re)conquistar a nossa confiança, pois não nos poderão censurar por andarmos sempre à procura dos "asteriscos" em tudo o que nos "oferecem".
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