Apple vai usar o teu saldo bancário para só mostrar publicidade do que podes comprar

Para uma empresa que diz não estar interessada em vender os dados seus utilizadores para fazer dinheiro, a Apple parece estar bastante empenhada em arranjar formas de o fazer, como revela uma nova patente que revela um sistema que analisará o saldo bancário de cada utilizador para só lhe apresentar publicidade de produtos que ele possa comprar.

As plataformas online vieram trazer todo um novo mundo de possibilidades para os anunciantes, permitindo segmentar com enorme precisão o alvo dos anúncios e campanhas publicitárias. Em redes como o Facebook os anunciantes podem não só escolher a localização geográfica do seu alvo, como também o sexo, faixa etária, e até eventuais preferências pessoais; por exemplo: "publicidade que só aparecerá para pessoas do sexo feminino com idade entre 30 e 40 anos, quem morem em Aveiro, e que gostem de música".

Mas a Apple quer ir ainda mais longe, patenteando um sistema que também terá em conta o nosso saldo bancário, de modo a que também isso possa servir como característica diferenciadora para a apresentação dos anúncios. Posto de outro modo, um utilizador com a conta a zeros não se arriscaria a ver publicidade de produtos de luxo que não pudesse comprar; enquanto que um utilizador com "zeros a mais" na conta ficaria livre de publicidade de coisas low-cost.


Ora... independentemente de se poder considerar um abuso a utilização da informação sobre quanto dinheiro temos, não deixaria de ser um elemento revolucionário para toda a indústria publicitária; e será também interessante considerar o efeito que este tipo de abordagem teria num mundo onde constantemente as pessoas são incentivadas a comprar coisas acima das suas possibilidades.

Por outro lado, há muitas marcas de luxo cuja imagem está também associada ao factor de "desejo inatingível", e que mesmo com esta possibilidade certamente optariam por continuar a fazer campanhas visíveis para todos, nem que fosse para continuarem a ser marcas conhecidas. Afinal, de que serve o factor show-off que tantos procuram com produtos de luxo, se depois o resto do mundo nem sequer reconhece aquilo como marca de luxo?