2022/12/29

Dados de tracking Covid usados para espiar pessoas

Vários países estão a usar os dados das apps de tracking Covid-19 para espiarem as movimentações dos seus cidadãos.

Tornando-se na demonstração dos alertas que muitos fizeram por altura em que se estavam promover as apps de tracking Covid-19, que prometiam sinalizar quando os utilizadores pudessem ter tido contactos de risco (ignorando que até pudessem ter paredes entre si e nunca ter tido contacto realmente próximo), eis que começam a descobrir-se casos em que a mesma tecnologia está a ser agora utilizada para fins bem diferentes.

Em Jerusalém, esses dados estão a ser utilizados para identificar pessoas que tenham tido contacto com pessoas "indesejadas" ou que tenham estado no local errado à hora errado, sumariamente apresentando uma notificação nos smartphones dos presumíveis culpados de que irão ser responsabilizados pelas suas supostas acções. E na China, não será surpresa que também esses dados estejam a ser usados - além de todos os outros já recolhidos - para saber precisamente o que cada pessoa fez, quando fez, onde esteve e com quem esteve.
Estes casos demonstram bem a ténue linha que existe entre viver em países onde o acesso a este tipo de dados ainda pode estar protegido e regulamentado por entidades que visam evitar este tipo de abusos, e a facilidade com que tudo isso pode ser ignorado e esses dados utilizados para o fim que os poderes dominantes bem entenderem.

A única forma de garantir que estes dados não sejam abusados é não os guardar, e é por isso que é essencial que as empresas de telecomunicações sejam obrigadas a eliminar os dados referentes à localização dos clientes (e metadados das chamadas) no mais curto espaço de tempo possível; já que são dados que podem ser usados para criar verdadeiras réplicas virtuais de toda a população de um país, e daí extrair e inferir uma inimaginável quantidade de informação que vai muito para além daquela que deveria ser possível aceder excepto em casos verdadeiramente excepcionais.

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