Em tempos brincava-se que, se os automóveis tivessem seguido o ritmo de evolução dos computadores, custariam poucos milhares de euros mas aleatoriamente, a cada poucas centenas de quilómetros, parariam sem explicação e seria necessário sair do carro, desligá-lo e ligá-lo, para poder seguir viagem. Podemos não ter chegado ao ponto dos carros custarem tão pouco quanto um computador, mas infelizmente têm adoptado algumas das piores coisas do lado dos computadores.
Se num computador ou smartphone já se torna suficientemente frustrante ficar com o dispositivo inutilizado durante vários minutos enquanto aplica actualizações, torna-se inconcebível que, nos automóveis, isso assuma proporções completamente absurdas. Algumas marcas parecem achar aceitável que o processo de actualização do automóvel se prolongue por mais de 3 horas(!), tempo durante o qual não se poderá utilizar o veículo!
Certo que se pode tentar racionalizar o caso, dizendo que é algo que só se fará durante a noite, quando já não se planear usar o carro. Mas, quem pode garantir que não surja uma situação de emergência, em que seja necessário usar o automóvel?Isto é tão estúpido. Não se pode user o carro e noutro ecrã diz que só faz a actualização com o carro ligado (o que só é possível com alguém sentado no lugar do condutor). 215 minutos! pic.twitter.com/nx7Y3WhUVw
— Marco Almeida (@Wonderm00n) March 16, 2025
Mas, nem sequer devia ser necessário uma justificação de "emergência" para tal, já que se trata de simples bom senso e respeito pelos clientes. Se nos smartphones as empresas (nem todas é certo) se têm preocupado em reduzir o inconveniente do tempo de actualização - nos Android recorrendo à instalação em sistemas A/B em que a actualização é aplicada sem interferir com o uso do sistema, e depois basta fazer um reboot rápido para se estar actualizado - porque motivo os fabricantes automóveis não começaram por usar um sistema idêntico desde logo? Quem é que, no seu perfeito juízo, terá achado que seria boa ideia ter um sistema de actualizações que possa encravar um automóvel durante horas?
Se a isto somarmos a frequência de bugs crescentes, as funcionalidades bloqueadas por pagamentos adicionais ou subscrições, ou até funcionalidades anunciadas que só irão chegar "algures no futuro", é pena que a industria automóvel pareça não conseguir evitar as piores partes da transposição dos computadores para os "computadores sobre rodas".
215 minutos parece me absurdo, deve ser caso isolado com fraca ligação a internet..
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