iPad Retina Display

Os rumores sobre o hipotético ecrã retina display no iPad 2 intensificam-se, e a subida da resolução é quase certa (sendo que seria efectivamente um "salto" que permitiria à Apple manter a distância para todos os outros tablets anunciados da concorrência, durante 2011.)

Mas, será que é mesmo viável que o iPad 2 salte da resolução actual de 1024x768 para uns hiperbólicos 2048x1536?

Vejamos o que seria necessário...



Quando o iPhone 4 surpreendeu o mundo com a mais alta-resolução de ecrã num dispositivo daquelas dimensões, o Retina Display, é certo que não havia nada no mercado com uma tal densidade de pixeis no ecrã. Mas... muitos outros dispositivos mobile tinham ecrãs de 800x480, e até 1024x600 (com ecrãs de maiores dimensões), o que fazia com que "eletronicamente" não fosse assim tão revolucionário.
A densidade do ecrã era alta, sim, mas o número de pixeis não era nada que pudesse ser considerado "alucinante" para a tecnologia existente.

Com o iPad as coisas são um bastante diferentes, duplicar a resolução significa quadruplicar o número de pixeis de um ecrã já de alta-resolução.
As placas gráficas dos PCs estão agora já bem habituadas a "despejar pixeis" para ecrãs com resolução Full HD e superiores, mas... olhem para elas, e verão que mesmo as placas mais modestas continuam a ter a sua superfície cravejada de chips, e recorrem a volumosos dissipadores ou ventoinhas.


Há quem diga que a Apple irá dar o salto, não só para um CPU dual-core, como também para um novo GPU multicore, o Power VR SGX543. E efectivamente, parece que a longa batalha das PowerVR começa agora a dar os seus frutos.
Para quem cá andava por essa altura, no início das batalhas "3D", a PowerVR prometia gráficos 3D de potência assombrosa e de forma quase milagrosa - com o seu Tile Rendering, as PowerVR dispensavam o uso de grandes quantidades de memória na placa gráfica, e adaptavam-se perfeitamente ao uso de múltiplos "cores" de processamento. Coisas que agora finalmente começam a ver a luz do dia por se adequarem perfeitamente aos dispositivos mobile.

Estão a imaginar o que seria terem 512MB ou 1GB de RAM no vosso "tablet/smartphone", apenas para a placa gráfica?


Mesmo assim, só para que fiquem com uma noção do que implica duplicar a resolução do iPad, só para "framebuffer", ou seja, para guardar uma imagem do "ecrã", estamos a falar de 2048x1536x3 bytes (um byte para cada componente RGB), o que dá um total de 9 MBytes!
Assumindo um refrescamento de 60hz para que tudo seja feito da forma fluida a que Steve Jobs nos tem habituado, são 540MB/s de transferência apenas para manter o ecrã actualizado.

Para comparação, fazendo cálculos semelhantes para os restantes equipamentos: o iPad necessita 135MB/s, e o iPhone 4 fica-se pelos 108MB/s (confirmando a ideia de que, tecnicamente, não houve realmente grande "avanço" - a não ser, como disse, na questão da densidade do ecrã).
No caso de um iPhone pré-Retina Display... com 320x480, bastam uns "ridículos" 27MB/s.


Ou seja, o salto do iPhone 3GS para o iPhone 4 foi de 27MB/s para 108MB/s... perfeitamente ao alcance da tecnologia que existia (o iPad já gastava mais que isso - 135MB/s).

Mas agora dar um salto destes no iPad significa entrar num campo completamente novo e desconhecido: de 135MB/s para mais de 500MB/s!

Com os novos GPUs PowerVR, o SGX543, um único núcleo será duas vezes mais rápido que o usado no iPad actual. Ou seja, bastaria usar 2 nucleos para oferecer o mesmo desempenho num ecrã com 4x mais pixeis. Mas o SGX543 permite usar até 16 núcleos (fala-se que a PSP 2 poderá usar este chip com 4 ou 8 núcleos) pelo que... se a Apple quiser estar à frente de todos os outros, poderá optar por uma solução idêntica.

Claro que terá que haver o compromisso que tanto limita os equipamentos mobile: a autonomia!
Todos estes avanços significam aumento do consumo, e não me parece que os consumidores estejam dispostos a ter um iPad 2 com menor autonomia que um iPad 1.


Se será possível implementar um retina Display no iPad 2? Certamente que sim, há chips para o conseguir... Mas a ser dado este salto, será um salto verdadeiramente de gigante, e sem qualquer comparação com o que foi conseguido no Retina Display do iPhone 4.
(E por hoje, nem vamos falar do desafio que seria o fabrico de um ecrã de 9-10" com uma resolução de 2048x1536, sem defeitos de pixeis! - Embora acredite que o processo de fabrica do ecrã do iPhone 4 possa ter servido de tubo de ensaio para o fabrico de ecrãs de maiores dimensões e com alta-densidade de pixeis.)

... Verdade ou mentira, o que é certo é que com tanto "hype" que se tem criado em torno deste assunto, a Apple correrá o risco de desiludir o público se depois apresentar um iPad 2 com resolução igual à do anterior. Vamos ver...