Enquanto mais países Europeus vão confessando a sua aparente surpresa quanto a terem assinado a ACTA, e agora demonstrando o seu desacordo (Eslovénia, Polónia, República Checa e Roménia), por cá temos também que nos entreter com a PL118 - que pretende seguir a máxima que, na impossibilidade de se obterem lucros da forma tradicional... vamos antes pôr toda a gente a pagar para nos sustentar!
Não gosto de estar a repetir o que os outros já têm dito sobre o assunto (e muito bem, como tem feito a Maria João Nogueira a.k.a. Jonasnuts.) Mas o que é certo é que este tema é algo que me tem preenchido a cabeça... não só pelos maus motivos (de imaginar como é possível alguém ter tido tão absurda ideia!) como também por motivos mais positivos, de tentar imaginar como seria possível uma forma mais justa que funcionasse para todos: criadores e consumidores.
É que, não deixa de ser um pouco ridículo que nesta área as coisas funcionem exactamente ao contrário daquilo a que estamos habituados - e que no fundo, faz bem mais sentido. Quando se compra algo, não é costumeiro dizer-se que "o cliente tem sempre razão"?
Porque motivo então esta "Indústria" conseguiu deturpar o mercado a ponto de conseguir inverter por completo essa tendência, e se dar ao luxo de poder tratar os seus clientes - pagadores - como bandidos e criminosos!?!
... Ou será que depois de comprarem um filme em DVD ou Bluray, acham bem terem que gramar com clips e mais clips de avisos de que não podem ver o filme aqui ou ali; e de que copiar é crime; e sei lá que mais?... É que... afinal, pagamos para ver o filme, e não para ter direito a uma lavagem cerebral que nem sequer chega aos olhos dos seus presumíveis destinarários: uma vez que quem optar por ir buscar um filme à internet partilhado por outros, tem direito a ver exactamente aquilo que quer ver: o filme, e nada mais, sem lixo antes ou depois.
Portanto, acho que este seria um bom primeiro passo, ao invés de se optarem por coisas como a PL118 ou a ACTA: começarem a tratar os seus clientes - aqueles que os sustentam! - com o mínimo de respeito, e sem quererem impôr lições de moral a quem já paga pelos seus conteúdos.
E pelo mesmo caminho, que tal pouparem os milhões que investem (leia-se: deitam fora) em sistemas de protecção anti-cópia, que repetidamente se tornam apenas em motivos de gozo por parte de quem continuar a copiar esses conteúdos. Ainda me lembro perfeitamente do sistema "incrackável" que iria ser o dos Blurays... e veja-se no que deu.
Voltando ao assunto da PL118, a coisa torna-se tão absurda que até tenho dificuldade em tentar encontrar pontos contra. Mas que sentido - ou justiça - terá estar a contribuir com dezenas de euros para alguns supostos "autores" a cada disco que compro para guardar as minhas fotos e vídeos de férias; ou para as minhas próprias criações; ou para fazer cópia de conteúdos pelos quais já paguei o justo valor e dos quais tenho direito a fazer uma cópia privada; ou até para guardar uma cópia dos conteúdos de um bluray que a indústria tanto dificultou ou tentou tornar impossível essa mesma cópia a que tenho direito?
Com que justiça poderá uma Sociedade de Protecção dos Autores dizer-se digna desse nome se promove uma lei que faz com que os Gigabytes que eu usar para guardar a minha colecção de Pink Floyd, revertam a favor de autores que eu nunca ouvi ou pretendo vir a ouvir?
Termino com uma palavra de advertência a estas pessoas que congeminaram a PL118 (e que a minha curiosidade mórbida até me faz interrogar sobre como tal terá surgido)... na busca alucinada de que todos paguem por algo que podem nem usar; cuidado... pois poderão estar a incentivar exactamente o oposto.
Mais concretamente, pergunto à Srª Gabriela Canavilhas se da próxima vez que for a um restaurante onde lhe peçam que pague logo à entrada, independentemente de não saber ainda o que vai comer, se vai ficar fã e lá irá voltar para repetir a dose. Infelizmente, parece ser uma senhora que já aprendeu a arte de (mal) mentir em público... lembra-se da sua visita ao Fantasporto enquanto ministra da Cultura? Certamente terá consciência de que tem uma plateia repleta de testemunhas capazes de atestar a (falta de) validade da sua palavra - ao prometer veemente o seu apoio e os fundos para este Festival, com mais de 30 anos de tradição no nosso país, mas que... pufff... se ficaram só pelas palavras.
Portanto... aqui na PL118 é apenas uma questão de novamente deixar cair por terra tudo aquilo que disse, e esquecer esta aberração de proposta de Lei que poderia fazer sentido numa sociedade feudal; mas que nenhuma lógica faz num estado dito democrático e de direito.
2012/02/07
PL118 Prestes a Ser Discutida
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Este imposto faz lembrar o imposto sob o tabaco, só que o do tabaco só paga quem fuma! Porque por exemplo quem faz pirataria só irá necessitar do espaço do filme para o poder ver e substituo-lo por outro. Quem necessita de disco para trabalho e backup's terá de trabalhar limitado sem o suporte físico.
ResponderEliminarNão sei se um dia veremos os nossos políticos a defender a bandeia invés dos interesses capitalistas nacionais e internacionais. Tudo faz falta, mas não estamos na idade média para surgirem impostos sem razão (porque muito que tente entender só vejo injustiça nesta medida).
Para o bem da evolução o exemplo suiço devia ser seguido...
Esta lei faz todo o sentido. Há aqui alguma falta de visão do autor do blog. Ao pagarmos à partida a multa ou os direitos de autor estamos habilitados a copiar TUDO e MAIS ALGUMA COISA, porque já pagámos para o fazer. Está escrito na proposta. AAHAHA!! Quero ver como é que os criadores desta besta de lei se safam deste argumento!
ResponderEliminarÉ a lei da cópia privada! Cópia privada só pode ser feita por alguém que comprou o produto original!
ResponderEliminarAcho um absurdo essa lei! Que prejuizo dá aos autores? Quem é que vai encher os bolsos desta vez? Estamos fartos de politicas que só servem os boys!
Hoje em dia quando por exemplo ouço um álbum que me agrada (não digo como o ouvi), não demora 2 meses até ter o original em minha posse...a partir do momento em que a lei se fizer cumprir, passarei a NÃO o fazer...simples não é ?
ResponderEliminar"guardar uma cópia dos conteúdos de um bluray"??? Nem isso podes fazer. O DRM é protegido por lei. Até a mera tentativa de o neutralizar é punível com multa.
ResponderEliminarE é este um dos principais problemas de aplicar ao digital este modelo da cópia privada que foi criado no tempo do analógico. A Cópia Privada e respetiva taxa foram criadas para as cassetes que quase só podiam/eram usadas para cópias, cópias essas que os autores/editores não tinham como controlar. Legalizou-se a prática em troca de uma "compensação" para os autores.
Agora querem aplicar o mesmo a coisas como discos rígidos, que pelo contrário não são usados apenas ou sequer maioritariamente para fazer cópias de obras culturais. Para além do uso profissional e para armazenar conteúdos próprios, são até cada vez mais são necessários para usufruir de conteúdos pagos, quer sejam aplicações, jogos, música e até filmes. E em troca da taxa nestes suportes digitais querem legalizar... nada. Absolutamente nada. As práticas sociais actuais, de sacar da net ou ultrapassar protecções para copiar o que se comprou, permanecem ilegais.
Alguém sabe em que pé anda esta pl118? Se foi aprovada ou se ainda anda só em discussão?
ResponderEliminarAinda em discussão.
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