2012/04/09

Computadores nas Escolas Não Melhoram Resultados dos Alunos


É um tema que será bem conhecido de muitos portugueses, devido ao nosso Magalhães - e cujos resultados por cá parecem continuar a carecer de um estudo sobre o seu efeito. No entanto, no Perú, segundo um estudo que acompanhou mais de 300 escolas primárias durante 15 meses, o impacto do programa OLPC (One Laptop per Child) terá sido nulo no melhoramento das capacidades dos alunos.

E na origem desta ineficácia estará... a falta de preparação dos professores e de um programa de ensino capaz de tirar partido das novas tecnologias.

Penso que será exactamente o mesmo problema que teremos por cá... e que faz com que a maioria dos Magalhães apenas tenha servido para navegar na web, e principalmente, para os "joguinhos".


Será assim tão difícil perceber que um computador é apenas uma ferramenta - uma ferramenta imensamente poderosa e versátil, é certo, mas apenas uma ferramenta - cujo verdadeiro potencial está dependente de ter alguém à altura capaz de ensinar tudo aquilo para que pode ser utilizada... e mais ainda, de inspirar os alunos a sonhar para que o utilizem de formas ainda mais inovadores e inesperadas.

Ou seja: professores precisam-se... mas não daqueles que sejam incapazes de abraçar estas novas realidades.

8 comentários:

  1. Gaius Baltar9/4/12 10:55

    Resumiste em um artigo o falhanço que tem sido os programas e-escola, e-escolinha e Novas Oportunidades. A estratégia passou por fornecer computadores subsidiados, sem adequar o plano escolar e capacitar os professores (e não somente os de informática) para a nova forma de passar conhecimentos. Deveria ter sido um programa gradual, onde primeiro os professores, os currículos e as instalações estivessem preparados para depois, paulatinamente, o programa ser implantado aos alunos. Mas claro que isso não rende exposição mediática, votos e gordas comissões aos intervenientes...

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  2. Talvez também sejam precisos professores para os professores.

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  3. Como pai continuo sem perceber que vantagem pode existir em disponibilizar estas "ferramentas" a crianças na primária.
    A subversão de etapas de ensino não me parece vantajosa. Convém ficar claro que o fornecimento destas "ferramentas" a milhares de crianças teve que ver com tudo menos com valores relacionados com ensino ou pedagogia...

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  4. Falta de formação e de motivação. Enquanto os professores tiverem emprego para toda a vida e progredirem por antiguidade não vale a pena esbanjar o nosso dinheiro em recursos tecnológicos quando os humanos são o que são, e são intocáveis.

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  5. Isto já foi dito por 1001 pessoas e continuarem a bater nesta tecla, somente para criticar, não trará melhores resultados. O computador não só é uma ferramenta com enorme potencial de utilização, como é uma ferramenta com enorme potencial didáctico.
    Este tipo de artigos tem de deixar de dizer "Não melhorou..." para passar a dizer "Não é explorado o potencial destes [computadores], utilizando recursos como a Khan Academy (para o qual o governo já deveria ter designado pessoas para dobrar os vídeos), introduzindo disciplinas de Tecnologias de Informação e até Programação na resolução de problemas matemáticos simples (conceitos abstractos como variável podem agora ser compreendidos até pelos mais pequenos)."

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  6. Não consigo vislumbrar mais valia no âmbito do eventual "potencial didáctico" para uma criança de seis anos relativamente aos meios tradicionais...

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  7. O problema está na dificuldade que os governos têm em tomar decisões de longo prazo e na falta de visão estratégica. A maioria das decisões são/foram tomadas com uma visão propagandista. Por exemplo, no sector da educação, para além de terem sido distribuídos computadores aos alunos sem os professores estarem preparados para isso, também foram tomadas outras medidas sem se saber as reais condições de trabalho. As decisões são tomadas com base em escolas modelo, esquecendo-se que existem escolas sobrelotadas e em profundo estado de degradação. E não, não sou professor.

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  8. O problema não está só nos professores, mas em todo o sistema. Enquanto não for feita uma revisão curricular em condições e não fazer remendos, aumentar horas a umas disciplinas, acabar com outras, não funcionará nada...
    Temos que ter consciência que os alunos de hoje são diferentes, são nativos digitais, habituados a novas tecnologias e o ensino tradicional já não lhes diz nada...
    Enquanto a disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação for tratada como "parente pobre da educação", muitas vezes dada a lecionar a professores que ficaram sem horário em detrimento de professores profissionalizados nessa área, não podemos querer sucesso em programas tecnologicos.

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