2012/12/25

Preços à Medida dos Utilizadores nas Lojas Online


Não se surpreendam se da próxima vez que um amigo vos indicar um excelente negócio que descobriu numa loja online, o preço que virem no vosso computador for diferente do que ele está a ver no dele. Já todos sabemos que a tecnologia por trás das lojas online permite que os preços sejam muito mais dinâmicos que nas lojas físicas; e isso inclui também a possibilidade de apresentar preços diferenciados dependendo dos utilizadores que visitam as lojas online.

Em casos como a Staples nos EUA, os preços podem variar quase 10% dependendo da vossa localização geográfica - com os preços mais baixos a serem praticados nas áreas onde existirem lojas concorrentes. Mas, há muitos mais factores de diferenciação que têm sido usados... em sites de compras de bilhetes de avião, não será segredo que o preço pode ir subindo conforme forem fazendo mais e mais pesquisas (se o site conseguir detectar que têm visitado o site repetidamente nos últimos dias), ou se tiverem deixado várias compras anteriores "inacabadas". Por outro lado, caso tenham andado a espreitar sites concorrentes, uma loja online poderá apresentar preços ligeiramente mais apelativos.

Daí a tal importância de se manter ao máximo a "privacidade", para garantir que este tipo de técnicas não é usada de forma abusiva contra os consumidores.

No entanto, isso será cada vez mais difícil de fazer. Já há relatos que a Amazon vos pode apresentar um preço inflaccionado do livro seguinte quando se aproximam do final da leitura do livro actual no vosso Kindle - contando com o factor "desejo". E não me parece difícil imaginar que a seu tempo (se é que já não é feito), a análise dos padrões e velocidade de leitura permitirá criar um perfil ainda mais completo de cada leitor - neste caso; mas que se aplica igualmente a todo o tipo de comportamento que temos na web, desde o tipo de pesquisas que fazemos, ao tempo em que passamos a ler cada uma delas, etc. etc.

O que vale é que para cada técnica que eles inventem do lado de lá, certamente haverá também alguém do lado de cá que estará a trabalhar em técnicas que permitam "anular" essas coisas. Já estou a imaginar a existência de perfis "bom cliente" que se possam instalar nos browsers, e que nos garantam sempre o acesso aos melhores preços, fazendo-se passar por clientes desinteressados, que moram nas zonas "mais baratas", perto das lojas concorrentes, e por aí fora. Mas até lá, não custará nada darem uso ao modo anónimo dos vossos browsers, e/ou um serviço de anonimização que vos permite fazer de conta que estão noutro país, para comprovarem se não estão a ser alvos de preços inflaccionados.

5 comentários:

  1. Percebo a ideia mas acho que é má. No dia em que uma loja online tiver dois preços diferentes antes de impostos) acaba, por acabar a relação de confiança consumidor-fornecedor.

    Tentei perceber o que se passava com a loja online da Staples nos EUA mas a notícia origial está ao nível do "parece que" e os outros sites limitam-se a repetir. Eventualmente trata-se do problema habitual do "ecomerce, com expedição de bens/serviços" e em que a facturação da "sales tax" (IVA, no caso da Europa) é a que estiver em vigor no estado de destino da expedição. Como a "sales tax" de cada estado varia, o preço final (com impostos) varia.
    "Penso eu de que ...".

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    1. ... podem variar também os custos de expedição

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    2. Não penso que seja caso disso, pois no mapa geográfico das diferenças de preços eram referentens todas ao mesmo estado.

      De qualquer forma referem que não é ilegal haver preços diferenciados para diferentes clientes, desde que não seja feito de forma discriminatório com base na raça, sexo, religião. E que entra naquilo que algumas lojas fazem de "price matching" - de que se levares a prova de um preço mais baixo, ele te fazem o mesmo preço ou até te pagam a diferença.

      Pessoalmente, acho que mais valia terem preços únicos, também me inspiraria maior confiança do que ter que andar a "pesquisar" se não estaria a pagar mais por morar aqui ou ali ou com base em qualquer outra coisa.

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    3. Confundi uma reprodução com o artigo original. O original é uma investigação jornalística a que foi dedicado muito tempo e esforço, não é um artigo do tipo "Parece que".
      Acho que o jornal provou suficientemente que a Staples diferencia preços online em função da localização. E pelos vistos não é a única empresa.
      Foi uma completa surpresa. Nunca tinha ouvido falar nisto, nem percebo que critérios possam ser usados, apesar do jornal fundamentar algumas hipóteses.

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  2. Como o jornal simulou as diferentes localizaçoes, usando proxys para os IPs.
    Só agora percebi que tinham feito o teste com um único artigo -um agrafador. Acabaram por encomendar dois, um custou $14,29 e outro a "entregar a umas milhas de distância" $15,79.
    Há qualquer coisa nesta história do agrafador que não me convence totalmente.
    http://blogs.wsj.com/digits/2012/12/23/how-the-journal-tested-prices-and-deals-online/

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