2013/11/11

Polícia com acesso a reconhecimento facial no Smartphone


Poderia ser algo saído de uma série televisiva ou filme de ficção: um polícia aponta o seu smartphone ou tablet para qualquer pessoa, e rapidamente tem acesso a todos os seus dados pessoais. Aquilo que vemos usado nos filmes para identificar suspeitos desconhecidos torna-se uma realidade que pode andar no bolso de qualquer agente... e levantar as inevitáveis questões quanto à privacidade.



Refira-se que, como em todo o tipo de tecnologias, as coisas raramente são "a preto e branco". Existem milhares de argumentos perfeitamente válidos a favor da utilização deste tipo de tecnologia: desde a mais óbvia (identificar e apanhar criminosos) a situações de acidente onde alguém esteja inconsciente e sem identificação, e que graças ao reconhecimento facial poderá ser identificado para que se alerte a sua família ou se acedam a dados importantes sobre o seu histórico clínico. Mas... existe também um inegável potencial para o abuso, que nos faz temer que até os cenários previstos por Gerorge Orwell no seu "1984" sejam demasiado optimistas para a realidade que nos arriscamos a ter.

Se actualmente um agente da autoridade poderá pedir a identificação a qualquer pessoa, assume-se que tenha que haver um motivo válido para isso. Se a tecnologia chegar ao ponto em que basta passar disfarçadamente o smartphone por uma multidão, para que todas as pessoas sejam identificadas (e também registadas, de que estavam naquele lugar àquela hora)... não começará a ser um pouco "demasiado" tentador?

Que tal começar a criar um registo de todos os que foram ao comício de um certo partido; ou a um espectáculo de um grupo de tendências consideradas "indesejadas" para a sociedade? Ou então, usar umas perguntas tipo o Open Graph do Facebook, onde rapidamente um agente possa pesquisar por: "pessoas com aproximadamente 1,70m de altura, de raça branca/negra, com idade entre 20 e 30 anos, e que tenham estado no bar X das 22h às 02h"... é algo que tanto poderá servir para ajudar a identificar um suspeito de um crime... como talvez identificar com quem é que a sua filha anda a sair.

A culpa não será da tecnologia que existe, mas sim da forma como é utilizada. Eu sempre disse que é inevitável que um dia destes se tenha apps que façam este tipo de coisas - que seriam possíveis desde já (tanto o Facebook como o Google fazem identificação facial quando se enviam fotos para lá - e que facilmente poderiam ser feitas à escala global; só não o sendo para não se terem que chatear com a "guerra" que daí decorreria sobre a privacidade). Mas passo a passo, lá nos iremos habituando de que a era da privacidade já chegou ao fim... e no dia em que o Google ou Facebook lá activarem essa opção... provavelmente já ninguém ligará. E o meu receio é tentar perceber se isso será bom... ou mau.

Sem comentários:

Enviar um comentário (problemas a comentar?)