2014/06/16

Bitcoin em risco de monopólio


Os Bitcoin podem estar longe da euforia gerada quando atingiram os $1000 e transformaram algumas poucas dezenas de dólares em muitos milhares; mas continuam a dar bastante que falar - e desta vez, por um motivo bem mais preocupante e que coloca em causa o seu próprio princípio básico de funcionamento: a descentralização.

A ideia dos Bitcoin - e de outras criptomoedas - é a de usar um sistema distribuído de modo a não depender de nenhuma pessoa ou entidade. Para isso é usado um registo partilhado de todas as transacções que são feitas, e que serve como um sistema de "confiança" para validar as mesmas. Quando alguém transfere dinheiro para outra pessoa, isso fica registado e vai-se propagando, permitindo a qualquer outra pessoa validar que isso foi realmente feito.

Só que isso assenta no pressuposto de que todo o sistema de Bitcoins assenta em núcleos descentralizados de pequena dimensão, e onde esse próprio número elevado garante a segurança do sistema. Só que agora chegou-se a uma situação que já tinha sido antecipada como podendo ser potencialmente desastrosa para os Bitcoin: o caso em que uma única entidade conseguiu apoderar-se de 51% do sistema.

Quer isto dizer que em vez de um sistema distribuído passamos a ter novamente um sistema centralizado, em que esta "pessoa" tem a capacidade de subverter todo o sistema em seu próprio benefício. Ao deter o controlo sobre os Bitcoin, esta entidade poderá fazer coisas como atrasar (ou recusar) pagamentos feitos por concorrentes, cobrar "o que quiser" para que as pessoas possam transferir ou levantar Bitcoins, etc.

Anteriormente, já tinha acontecido algumas entidades momentaneamente terem conseguido esta "maioria", mas sempre por espaços de tempo curtos que não permitiam grandes abusos (quando a maioria passa a estar distribuída, a coisa volta a entrar nos eixos) - só que agora este GHash, uma "mining pool", tem conseguido deter esse maioria sobre períodos de tempo cada vez mais prolongados. Num dos últimos casos, ficou a controlar a rede por cerca de 12h, espaço de tempo que já se torna preocupante, e ainda mais por se tratar de um grupo que já teve alguns incidentes no passado de uso indevido de Bitcoins.

Parece que mais uma vez fica demonstrado que mesmo quando as intenções são boas... há sempre quem não deixe passar a oportunidade para subverter o sistema em proveito próprio.

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