2015/04/18

Porque temos um drive "C:"?



Fico fascinado com a quantidade de coisas que, quem foi acompanhado a evolução dos computadores nas últimas décadas, nem sequer repara; mas que para qualquer recém-chegado será motivo para estranheza e curiosidade. E entre elas encontra-se uma pergunta recorrente: "porque é que está aqui um C:?"

Ainda hoje, em pleno século XXI, quem abrir o explorador de ficheiros do Windows deparar-se-á com algo como isto:


E não há como evitar a pergunta, mas que raio é aquele C: e porque motivo está ali? E os motivos obrigam-nos a recuar a tempos bem anteriores ao Windows e MS-DOS, indo à verdadeira pré-história da informática, aos tempos em que a IBM dominava o mercado com os seus sistemas CP-40 e CP/CMS.

Esses sistemas usavam letras para identificar os "discos" de dados; e esse mesmo sistema foi copiado pelo CP/M da Digital Research, que se viria a tornar um dos sistemas operativos mais populares para os computadores pessoais - ao ponto da IBM estar interessado em comprá-lo. Mas devido a uma estranha sequência de acontecimentos os envolvidos não se entenderam, e a IBM veio a optar por um tal de MS-DOS de uma companhia até então desconhecida chamada Microsoft.

Não será preciso dizer como as coisas decorreram desde então, mas importa referir que o próprio MS-DOS usava por base um clone do dito CP/M (que por sua vez já tinha copiado coisas do sistema da IBM), e que por isso mantinha o sistema de utilizar letras para definir os drives.

Mas então, perguntarão: porque motivo o disco principal é o C: e não o A:?



A verdade é que o disco rígido que hoje tomamos como garantido no interior dos computadores nem sempre o foi. No início da era dos "PCs", o disco rígido era um extra extremamente dispendioso, fazendo com que a maioria dos computadores fosse fornecido apenas com um drive de disquetes, ou dois se se sentissem generosos. E obviamente, a designação destes drives era de A: e B:.


Trabalhar com dois drives de disquetes já era considerado um luxo. Podíamos manter uma disquete com o sistema no drive A: e usar programas adicionais no drive B:. Quem tivesse um só drive arriscava-se a ter que andar a trocar disquetes frequentemente dependendo do tipo de operações que tinha que realizar. (Curiosidade: mesmo nos sistemas com um só drive de disquetes, podíamos muitas vezes usar o B: como drive virtual - que nos pedia para inserir a disquete respectiva no drive A: como se fosse o B:)

Ora, estando o A: e o B: reservados para as disquetes, o disco rígido interno, quando existia, ocupava a letra C: e assim tem permanecido ao longo das décadas, até aos dias de hoje (nos sistemas cujas raízes originam nestes sistemas, como o Windows; nos "Linux" e outros, a estrutura é completamente diferente e não existem estas letras para se referirem aos discos.)

3 comentários:

  1. O facto de eu saber a resposta a esta pergunta de forma totalmente automática e intuitiva é bem demonstrativo que já não vou para novo...

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    1. Bem vindo ao clube dos dinossauros da informática :)

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  2. Com as "famosas" disquetes de 360Kb (visível na imagem) e o monitor a cores (Preto e Verde ou Ambar). :)

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