2015/04/15

Verizon vem explicar que dados mobile ilimitados prejudicam os clientes


Um artigo publicado pela Verizon vem revelar que os serviços de dados móveis ilimitados são prejudiciais para os clientes. Teria sido uma excelente notícia para o dia 1 de Abril, mas infelizmente é apenas mais uma que nos mostra o desfasamento dos operadores de telecomunicações da realidade - e pior que isso; que revela a sua insistência de pensar que os seus clientes são parvos!

Nós já temos tido a nossa boa dose de luta contra a redefinição de "ilimitado (com limites)", mas nos EUA a Verizon parece ter a ilusão de que bastará escrever um artigo na internet recorrendo à "lógica da batata" para convencer de que até lhes está a fazer um favor ao aplicar limites de dados nos tarifários mobile.

No artigo de um "analista", constata-se que se todos os clientes tivessem dados ilimitados e tirassem partido disso, seria um desastre para as redes móveis, que não teriam capacidade para suportar tal tráfego. E na eventualidade de todos quererem dados ilimitados, isso obrigaria a investir mais nas infraestruturas, o que teria custos imensos, que viriam a recair sobre os clientes. Diz que por isso, devido aos tarifários limitados, os utilizadores já se habituaram a usar o WiFi para os usos mais intensivo, não sobrecarregando as comunicações celulares. Por conseguinte, que os utilizadores estão muito bem servidos pelos planos limitados e que não precisam de mais.

Contra "lógica" desta é difícil argumentar... admirando-nos porque motivo este senhor não nos estará a dizer que os operadores deveriam começar a subir os preços das chamadas de voz nos telemóveis, sendo um favor que nos faziam para incentivar o uso dos telefones "com fio".

De qualquer forma, fica por explicar que com tanta preocupação em não prejudicarem os seus clientes, os operadores não hesitaram em investir "biliões" na tecnologia 4G, prometendo velocidades mobile que igualam ou superam as velocidades que têm nas suas ligações em casa. Nem tão pouco porque motivo há um crescente número de operadores que até oferece tráfego "ilimitado" quando se trata de aceder a coisas como os seus serviços de TV, cloud, música, etc. (deverá ser feito usando frequências milagrosas anti-congestionamento.)

Bem, resta-nos esperar a chegada do Google Wireless e ver com que rapidez é que estes operadores irão repensar estes "favores" que nos fazem - embora numa primeira fase não se possam esperar milagres, uma vez que o serviço mobile do Google assentará sobre os serviços dos operadores já no mercado. Mas deixem que uns certos balões comecem a preencher os céus... e logo veremo.

5 comentários:

  1. Assino por baixo. Como dizes, devem pensar que somos parvos. Boa comparação com o investimento em 4G. Para quê 4G com dados limitados? Enfim

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  2. Este artigo não posso deixar de comentar apesar de não o dever fazer por muitos outros motivos incluindo por ter conhecimento de causa no que se passa nos operadores portugueses.

    Independentemente das lógicas (boas ou da batata) usadas, a realidade é que INFELIZMENTE as redes moveis não tem a capacidade de suportar todos os seus clientes com tráfego ilimitado e mantendo ainda assim níveis de experiência de utilização aceitáveis.
    Há que ter em mente que custos de deployment de uma rede Core + Backbone + Access são proporcionais ao tráfego transportado e as receitas dos operadores decresce todos os anos. Dai que, o esforço financeiro possível para investimentos em rede não são os suficientes para satisfazer todos os clientes da mesma forma.

    Dito isto, quero salientar que sou contra os ilimitados com limites, e neste ponto critico da mesma forma que toda a gente.

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    1. Ninguém põe em causa que não dê para todos; mas isso também se aplica a muitas outras infraestruturas. Alguém acredita que os ISP "de fibra" suportariam todos os utilizadores a dar uso à sua ligação ao máximo ao mesmo tempo? Aí entra em acção a dita "gestão da rede", que tentará gerir os recursos disponíveis pelo utilizadores existentes - tal como já o faz (não é por não haver trafego ilimitado que deixam de existir congestionamentos que levam a rede ao limite - embora com menos frequência do que aconteceria se todos tivessem tráfego ilimitado.)

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  3. As redes eléctricas também não estão preparadas para ter 100% dos Clientes a utilizar em simultâneo 100% da potência contratada e no entanto os operadores não limitam o consumo de energia eléctrica por Cliente!

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    1. Correcto. Mas os fornecedores de energia não oferecem tarifarios flatrate, pois não? É que neste caso o factor custo para o cliente é suficiente para este conter o consumo.

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