Satélites Starlink fizeram 25 mil manobras em 6 meses para evitar colisões em órbita

Em apenas meio ano a SpaceX teve que efectuar 25 mil manobras nos satélites Starlink para evitar potenciais colisões, e as coisas irão ficar cada vez piores no futuro.

Ainda estamos no início das mega-constelações de satélites, mas a situação em órbita já começa a levantar preocupações devido ao congestionamento. A comprová-lo está o facto da SpaceX ter feito mais de 25 mil manobras para evitar colisões com os seus satélites Starlink, e isto num período de apenas seis meses.

O número de manobras aumentou por um facto de 10 em apenas dois anos, e isso faz antever que em breve se possa estar perante um cenário em que serão necessárias mais de 200 mil correcções por semestre no próximo ano, ou mesmo mais de um milhão de vezes em 2028. E se a actual constelação Starlink prevê apenas 12 mil satélites, a segunda geração quer adicionar-lhe mais 30 mil satélites - a que se somam todas as demais mega-constelações de outras empresas e países.

Tendo dito isto, importa também salientar que, embora seja motivo de preocupação e se deva aplicar o máximo de controlo possível, não se deve também entrar em alarmismos. Embora possa ser assustador olhar para os mapas que mostram satélites e destroços em órbita, há que relembrar que - mesmo que se falem de centenas de milhares de satélites - continuam a ser um "grão de pó" na vastidão do espaço, com baixa probabilidade de colidirem.

No entanto, a verdade é que tal é sempre uma possibilidade, e ninguém quer enfrentar um cenário de colisão que crie uma reacção em cadeia com os destroços de um acidente a provocarem novas colisões, com mais destroços, e assim sucessivamente, potencialmente criando um manto de destroços que inviabilizará a colocação de satélites em órbita - o chamado Síndroma de Kessler, cenário antecipado pelo cientista Donald Kessler da NASA na década de 70.