A Woo baixou os preços e melhorou os limites de dados na sua mais recente actualização de tarifários, o que é extremamente positivo para os consumidores portugueses. Mas, parecendo querer manter a ideia da antipatia dos operadores nacionais para com os seus clientes, também fez algumas alterações menos positivas.
Para começar, apesar de se poder assumir que o serviço móvel que a Woo fornecesse seria, no mínimo, igual (ou melhor) do que oferecia no passado, na prática não é bem assim. Enquanto que nos contratos pré-DIGI a Woo prometia velocidades máximas de até 150 Mbps de download e 40 Mbps de upload, nos novos tarifários esses valores passam para metade, com limites máximos de 75 Mbps e 20 Mbps. (Não que seja uma redução crítica, pois continuam a ser velocidades decentes para uso móvel, mas que numa era de 5G tão elogiado pelas empresas de telecomunicações, era perfeitamente escusado.)
Mas há um aspecto que se torna ainda mais curioso - para não dizer discutível (ou até uma confissão de publicidade enganosa). Um salto à documentação da Woo a propósito das velocidades de internet (PDF) revela uma interpretação extremamente criativa do que a Woo publicita como "velocidade de internet" (PDF).
Segundo a Woo, existem três níveis de velocidade:
- temos a "velocidade anunciada", que é a velocidade que anuncia na publicidade (500/100 Mbps);
- depois temos a "velocidade máxima", que é a velocidade máxima teórica (150/50 Mbps) que a ligação permitiria em condições ideais (que presumivelmente raramente, ou nunca, serão atingidas);
- e por fim temos a "velocidade máxima estimada", que será o indicador da real velocidade que os clientes poderão esperar, e que indicam os 75/20 Mbps.
Temos que agradecer a cortesia da Woo em informar os clientes da velocidade que eventualmente irão ter na realidade; mas sendo esse o caso, porque motivo a Woo insiste em manter a existência de, não uma, mas duas(!) "velocidades máximas", que a própria empresa reconhece que não serão atingíveis - particularmente a velocidade máxima anunciada, cuja própria descrição confessa que é uma velocidade totalmente inventada só para efeitos de marketing. Algo que não parece estar longe da admissão de que se trata de publicidade enganosa, anunciando algo que sabe que não poderá ser cumprido.
É pena continuarmos com este tipo de relações, quando seria extremamente simples adoptar uma política de transparência e respeito para com os clientes e consumidores, e demonstrando que se tinha deixado para trás o tempo das brincadeiras com as palavras com interpretação criativa, como os "dados ilimitados, com limites" (limites esses que, ainda por cima, eram secretos e negados).
Somos um povo brando (eu não uso "manso") e consumidores pouco exigentes. É hoje na Woo mas podia ser noutra operadora, gasolineira, fornecedora de energia, companhia aérea (bagagens, marcação de lugares,...),... há pouca indignação e sermos consequentes.
ResponderEliminarDepois há uma fraca fiscalização e reguladores que não exercem o poder, aliado ao pouco peso das associações de defesa dos consumidores e uma comunicação social cada vez mais dependente dos grandes anunciantes/patrocinadores para poderem sobreviver e por isso é difícil morder a mão a quem dá de comer.
Na DIGI (móvel) é raro passar dos 40/50Mbps
ResponderEliminarFiz agora mesmo um teste, dentro de casa, num telemóvel com cartão WOO, e obtive 200Mb/52Mb.
ResponderEliminarCoitados, tão inovadores e pioneiros e é isto que se vê...
ResponderEliminarPor cá temos muitos líderes da treta e essencialmente dos dividendos.
Verdadeira criatividade, ousadia, inovação e liderança (como por exemplo Xavier Niel e a sua Iliad/Free) é zero em Portugal.
Farto destas empresas (NOS/MEO/Vodafone PT) que parasitam na vida dos Portugueses apenas promovendo e contribuindo para mentes mesquinhas, tacanhas, parasitas e obtusas.
Dá vomitos ler comunicados desses bandalhos como o de ontem publicado pela NOS (Woo):
-> A operadora liderada por Miguel Almeida, indica que a atualização dos tarifários visa "oferecer soluções ajustadas às necessidades dos consumidores a um preço justo, sem abdicar da qualidade de rede móvel em todo o país".
Depois ofertas móveis com 10GB+6GB por 10€! ou Fibra 500/100mbps por 27€ com fidelização por 24 meses lembraram-se agora do que é um "preço justo" e quais são as necessidades dos consumidores.
Chega até a ser cómico, embora triste e deplorável essencialmente.
Orgulho seria termos uma DIGI "made in Portugal" a conquistar mercados por aí fora.
Temos uma Delta Cafés (como bom exemplo de gestão, inovação e boas práticas) e de resto pouco mais se aproveita no tecido empresarial Português. Assim não vamos lá.
Abençoados os corajosos, do exterior, que vão chegando e desafiando práticas lesivas de gerações em Portugal... Abençoada DIGI que nos libertou de décadas de saqueamento.
Mas a velocidade continua a não estar cortada.
ResponderEliminarAqui ainda continuo a ter 500Mbps.
Por curiosidade, no último print, na velocidade máxima estimada, diz que é a velocidade máxima esperada em tecnologia 4G.
Porque é que não mencionaram esse aspecto? É que dá a entender que as velocidades vão variar conforme os equipamentos dos clientes.