Embora todos se tenham congratulado com o chumbo da ACTA pelo Parlamento Europeu com larga maioria, num daqueles resultados com alguma lucidez e lógica - mas que apenas foi conseguido depois do assunto ser atirado para a praça pública; caso contrário bem que continuaria a tentar passar sorrateiramente, pela calada - claro que há quem não esteja tão contente com isto... Como é o caso da nossa SPA, que lamenta o chumbo da ACTA.
A derrota do ACTA no Parlamento Europeu representa um grave desaire para as empresas afectadas pelas várias formas de pirataria e também para os autores da Europa e do resto do mundo que exigem medidas firmes e urgentes de combate à pirataria que tanto prejudica os seus direitos e interesses.
Lamenta ainda a SPA que os eurodeputados, em Estrasburgo, não tenham levado em consideração esses direitos e interesses de indiscutível relevância tanto no plano político como no plano cultural, sobretudo num gravíssimo contexto de crise. Uma vez mais, de forma que a SPA não pode deixar de considerar leviana, foi dada razão aos consumidores em detrimento do interesse económico das empresas atingidas pela pirataria e contrafacção e dos direitos dos autores.
Gosto de que naquele primeiro parágrafo lhes fuja o "dedo" para a verdade... do "grave desaire para as empresas afectadas pelas várias formas de pirataria", e só depois... porque tem que ser... mas assim a modos que só por favor especial... "também para os autores". Ah, os autores! Não estão em primeiro lugar na lista das preocupações... mas, vá lá que, ainda têm direito a aparecer (e poderão dar-se por satisfeitos de não irem apenas no rodapé da mensagem).
Essa maldita pirataria que "tanto prejudica os seus direitos e interesses"... mas cujos estudos encomendados têm sido demonstrado ser baseados em... pura especulação (e invenção deliberada, como já foi admitido por alguns dos criadores destes estudos)... ao mesmo tempo que se ignoram outros estudos que demonstram que o efeito da pirataria, afinal, está bem longe do que é gritado por estas entidades.
No segundo parágrafo temos novamente uma frase caricata: "foi dada razão aos consumidores em detrimento do interesse económico das empresas". Esses malditos consumidores, criminosos, piratas!
Não interessa que sejam esses consumidores a *pagar* preços inflaccionados por músicas, filmes, e tudo o mais que sustenta estas empresas; e que tenham que gramar com avisos de que copiar é crime (Err... qual o sentido de meter este aviso num conteúdo que foi *comprado*?) antes de poderem efectivamente disfrutar daquilo para o qual pagaram. O ponto a reter é a de que os consumidores são... os inimigos!
E tem igualmente piada que refiram o "gravíssimo contexto da crise"... como se a crise não afectasse, primeiramente e de forma bem severa... os tais consumidores, gatunos, bandidos... Ou será que, com pirataria ou sem ela, pensarão que uma família que ficou sem emprego, e tenha filhos para alimentar, estará assim tão preocupada sobre o último CD/DVD de X ou de Y, ou se o poderá descarregar da net com dois ou três cliques? Mas, não há problema... quando as vendas diminuirem, o problema não será a falta de dinheiros dos consumidores... mas sim a PIRATARIA, pois claro.
Por último, para tentar deixar ainda uma réstea de esperança ao seu futuro incerto, remata ainda com um último suspiro, como a de alguém que desesperadamente se tenta manter à tona da água, mas que tem plena consciência de que o seu afogamento está iminente - tentando pressionar para que por cá se faça aquilo que no parlamento Europeu ficou demonstrado que não tem lógica fazer:
Esta posição do Parlamento Europeu reforça as naturais preocupações da SPA quanto ao futuro do Direito de Autor, cada vez mais ameaçado pela pirataria e recorda que continua por aprovar em Portugal legislação sobre esta matéria, apesar da promessa eleitoral da maioria no poder de avançar com uma lei de combate a este tipo de acção ilegal e crescentemente tolerada, senão mesmo estimulada por quem tem deveres indeclináveis, na esfera da decisão pública, sobre um tema tão sensível.Promessas eleitorais não cumpridas? A sério!?! Estão a queixar-se de uma promessa feita por políticos que não foi cumprida??? Bem vindos ao clube! É favor tirarem um ticket e irem para a fila, se faz favor... deverão ser atendidos dentro de... bem... talvez seja melhor esperar pela próxima idade do gelo...
Mas voltando ao assunto central...
Gostaria apenas de perguntar porque razão tantos autores nacionais se terão colocado de fora destas e doutras pretensões da SPA (será preciso relembrar o caso da falsificação das assinaturas?) E também porque grupos consagrados como os Pink Floyd e Radiohead têm levantado a voz contra a manutenção desta "máfia" que se diz defensora dos autores... mas que depois se "esquece" de lhes entregar o dinheiro devido...
Se tanto gostam de usar a tecnologia para identificar os IPs dos "piratas" (mesmo quando esses IPs acabam por ser os de impressoras), porque não direccionam os vossos esforços tecnológicos para que o dinheiro vendas digitais possam ir parar directamente às carteiras dos respectivos autores, em vez de ficarem a acumular "ad eternum" nos vossos cofres?
... Mas, compreendo que talvez seja mais confortável olhar para o dinheiro a cair na conta, vindo dos malfadados consumidores e destinado aos supostamente protegidos autores... mas que... oh... não é por uns cêntimos que eles se vão importar de esperar mais um pouco para receber... ou então... se nem receberem também nem se irão importar certamente... é melhor ficar o dinheiro por cá, para dar para as comissões e despesas de processamento de tão excelente e douta "protecção".
Sem palavras para essa "associação"... (facepalm)
ResponderEliminarAcho incrível que a SPA e todas as outras entidades de tachos, não tenham qualquer tipo de alternativa para o futuro e defesa dos autores. Todas as propostas vão no sentido de perseguir e criminalizar os consumidores, afinal aqueles para quem se destinam as obras criadas.
ResponderEliminarMas como pode uma associação como a SPA, apresentar propostas de uma área que deixou de compreender?
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ResponderEliminarOs artistas, famosos ou não, que têm alguma visão de mercado já se deram conta que vale mais aproveitar as vantagens da tecnologia do que lutar contra a mesma. As vendas de CDs e DVDs estão a cair progressivamente, então o melhor é investir em algo que não pode ser substituído, que são os concertos ao vivo. Além de remunerar melhor (embora também aqui existam os "mediadores") os artistas, dão ao público algo único. Claro que é trabalhoso, cansativo e é preciso ter conteúdo musical, e não apenas "templates" criadas em estúdio. Vídeos (no You Tube por exemplo) e canções em formatos digitais a preços acessíveis poderiam ser um aliciante e uma forma de divulgação. Só como exemplo, adquiri via Itunes o álbum Mylo Xyloto dos Colplay por menos de €5, sem DRM e com uma qualidade de áudio aceitável (256 kbps). Posso ouvir em qualquer meio de escutar música, seja um leitor de mp3, computador, smartphone ou pela nuvem. A diferença aqui é que não vai 1 cêntimo para a SPA, pois o acordo é directo entre a Apple e a banda numa proporção 30/70% respectivamente. Sei que isso não é a regra, nem de preços nem de sucesso da banda, mas é um caminho que os artistas mais cedo ou mais tarde terão que trilhar.
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ResponderEliminarBravo SPA! Com declarações destas só estão a consolidar a vossa imagem para que não restem dúvidas aos mais incautos.
ResponderEliminarO nome desta associação esta errado, deveria ser sociedade portuguesa das empresas que exploram autores, vulgo SPEEA.
ResponderEliminar"foi dada razão aos consumidores em detrimento do interesse económico das empresas"
ResponderEliminarNesta acertaram. Ou seja, foi dada razão a quem a tinha... Em vez de se ligar a interesses económicos, como é o caso da SPA... CROMOS!.. é que nem em paleio são bons!
querem é a maior fatia do "bolo" para eles;uma vez que, diante das suas caras, se encerra mais uma porta,reclamam... quantos artistas recebem uma ninharia pelo seu trabalho, enquanto estes senhores se vão enchendo? sigam o exemplo de bandas como os coldplay (supra mencionado pelo Alessandro), entre outros, que disponiblizam os frutos do seu trabalho na Web e, simultameamente, conseguem ter lucros.. porquê ter de pagar exageradamente por um jogo/filme/álbum musical/programa que vem "bloqueado" de origem? no caso dos jogos e dos programas/OS's, eternamente incompletos e com falhas e, no caso dos filmes e álbuns, cheios de anúncios anti-pirataria e protecções anti-cópia (respectivamente) e que apenas permitem, muitas vezes, desfrutar daqueles num só dispositivo?
ResponderEliminarpago muito menos por um álbum encomendado online,que até pode ser numa mais rara edição estrangeira (se me apetecer optar por tal em detrimento da edição portuguesa) do que ir a uma loja física e pagar o dobro,triplo ou,em alguns casos até 4x mais do que pago por outra via,~igualmente 100% legal.. senhores da SPA e demais entidades semelhantes,por este mundo fora,olhem pelos artistas e pelos consumidores em primeiro lugar,e depois - apenas e só depois - pelos vossos próprios interesses... esta última frase aplicar-se-ia a outros sectores da nossa sociedade mas,obviamente, não é o caso, pelo que acerca disso não me pronuncionarei.. um bem-haja a todos.
A promessa eleitoral receio bem que seja cumprida este ano. Ainda recentemente a ACAPOR saiu toda contente de uma reunião com o Secretário de Estado da Cultura, que já tinha referido uma "lei anti-pirataria" em várias entrevistas no ano passado. http://tek.sapo.pt/noticias/internet/acapor_confiante_numa_solucao_que_passa_por_b_1250051.html
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