2013/11/05

Peças 3D recorrem à "obfuscação" para escaparem aos direitos de autor


Se já por cá andam há algum tempo não irão ficar surpreendidos com esta notícias, que apenas vem concretizar aquilo que tantas vezes vou repetindo. Com muitas entidades a olharem para a iminência de uma revolução das impressoras 3D - que dá a liberdade aos utilizadores de criarem todo o tipo de peças que possam imaginar - como uma verdadeira ameaça mundial (pois permite levar a "pirataria" digital para o mundo físico), voltamos mais uma vez a assistir à luta absurda que tenta evitar o inevitável.



Em vez das empresas de gestão de direitos de autor se preocuparem em tornar os seus conteúdos facilmente acessíveis, de modo a que nem sequer se justifique a "pirataria" - e assumindo que quem quiser piratar irá sempre fazê-lo, mas que não deverá ser por isso que todos os utilizadores deverão ser considerados automaticamente criminosos - a opção tem sido perseguir e remover dos sites de partilha de peças 3D todas os modelos que contenham elementos "copyrighted".

O resultado? Já começam a surgir sistemas de "obfuscar" as peças 3D como este Disarming Corruptor, tornando-as irreconhecíveis, e portanto escapando aos filtros e olhares indiscretos que não conheçam a chave apropriada para recuperar a peça original.

Relembro que já nos inícios dos MP3 surgiram os 3PM, que eram os ficheiros MP3 invertidos, com os quais se argumentavam que não estavam sujeitos aos direitos de autor - e que podiam ser facilmente lidos recorrendo a um player especial. (Algo que rapidamente caiu em desuso, uma vez que a utilização de MP3 continuou a proliferar, indiferente a todas as iniciativas "anti-pirataria" que foram/forem lançadas.)

E por isso mesmo se torna ridículo ver que uma vez mais se volta a insistir na mesma táctica, que não terá qualquer resultado prático (a não ser chatear frequentemente um utilizador que pretenda fazer as coisas legalmente, tendo que passar por activações, verificações online, e sabe-se lá que mais, para poder dar uso a uma peça que comprou; enquanto que um utilizador "ilegal" continuará a fazê-lo sem qualquer impedimento.) Seria pedir muito que estes senhores/entidades começassem a dedicar mais atenção aos clientes pagadores, e se concentrarem em tornar os seus serviços mais atractivos e simples de usar que os "sites pirata"? Ou será que o Netflix não lhes serve de exemplo de que os utilizadores estão dispostos a pagar por um serviço que lhes dê o que querem e lhes simplifique a vida, mesmo sabendo que "no site ao lado" poderiam fazer o download dos mesmos conteúdos gratuitamente... mas com mais trabalho?


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