Vivendo num mundo "mobile" como o actual, é indispensável depender das baterias para manter os nossos equipamentos a funcionar quando nos afastamos da tomada mais próxima. Embora a autonomia raramente seja aquela que se desejava, o maior problema é que as baterias vão perdendo capacidade com uso... e há ainda alguns mitos que contribuem para que isso aconteça mais rapidamente do que devia. Como podemos então prolongar a vida útil das baterias de lítio que equipam os nossos computadores, smartphones, tablets, e outros equipamentos?
Uma das piores coisas que se pode fazer com as baterias de lítio, é deixá-las descarregar completamente até ao "zero" antes de as recarregar. Uma prática que tem origens que remontam ao tempo das velhas baterias de NiCd, e que sofriam do chamado "efeito de memória" em que as cargas parciais reduziam a sua capacidade e era recomendável descarregá-las completamente.
Só que as baterias actuais têm uma tecnologia completamente diferente, não sofrendo desse efeito, e sendo exactamente o oposto: as baterias de lítio gostam de cargas parciais.
[tabela de ciclos de descarga das baterias de lítio - via BatteryUniversity]
Uma bateria de lítio que seja descarregada totalmente e recarregada completamente poderá suportar entre 300-500 ciclos; mas se a recarregarem quando ainda vai a 90% ou 75% de carga, suportará entre 2000 e 4700 ciclos. Claro que recarregar a bateria sempre que a mesma chega aos 90% também não é prático; e para o caso da longevidade da mesma, o que nos interessa é encontrar o ponto mais eficiente de carga. Algo que será atingido em torno dos 50% de carga, que suportará entre 1200 e 1500 ciclos de utilização.
Transpondo para valores "da vida real". Imagine-se um smartphone cuja bateria dure dois dias, e que um utilizador recarrega apenas quando chega a 0%. Assumindo os 500 ciclos de longevidade que terá (e sem contar com a perda de capacidade que irá ocorrendo ao longo do tempo), esta bateria durará 1000 dias, mais de 2 anos e meio.
Mas se usarem a técnica de recarregá-la quando chega a 50%, será necessário passarem a recarregá-la diariamente em vez de o fazerem a cada dois dias. Só que desta forma conseguirão que ela se aguente por 1500 ciclos; ou seja... 1500 dias (mais de 4 anos). Uma melhoria de 50% face à opção de a recarregar quando chega a 0% a cada dois dias.
Portanto, não fiquem preocupados com recarregarem o vosso smartphone quando está "a meio", é até recomendado que o façam.
P.S. Há no entanto uma excepção a esta regra. O circuito que calibra a medição da carga da bateria pode ir ficando desajustado com estas cargas parciais. Pelo que quando começarem a notar algo estranho na indicação da carga da bateria (como por exemplo ficarem sem bateria quando indicava que ainda tinham 20%; ou chegar a "0%" mas aguentar-se ainda por várias horas), será recomendável fazerem uma descarga completa e recarga completa para que fique novamente calibrado.
Agora aproveita e espreita o restante top 10 das dicas para descobrires outras coisas úteis. :)
Por mais que tente incutir esta ideia ainda me custa por o telefone a carregar quando vai nos 20/30%....No entanto também li algures que não convem deixar o carregador ligado muito tempo depois de atingires os 100%....
ResponderEliminarQuando falas em "1500 ciclos" referes-te a ciclos completos?
Há ainda algo a ter em conta: se usamos só 50% da capacidade total (50% para 1500 ciclos), vamos precisar carregar 2x mais frequentemente o que se traduz num valor real de 750 ciclos totais (o que ainda assim é 50% melhor), e 2x mais uso do conector de carga se for por fio.
ResponderEliminarTambém é conhecido que um valor óptimo prático é manter a carga entre 20 e 80/90%, o problema... E como limitamos a carga nesse valor 90%? Há alguma app que o permita? (Sem root)
Este principio também se aplica as baterias dos berbequins?
EliminarF.Gomes. - Se forem com tecnologia de lítio, sim (e ainda mais nos equipamentos onde os carregadores e circuitos responsáveis não tiverem essa "inteligência".
EliminarO vosso P.S. é do mais importante que há !
ResponderEliminarHá quem confunda calibração - mensal, em princípio - com uma prática diária ou quase. Acham que se é bom uma vez (descarregar completamente e voltar a carregar completamente, para calibrar) é bom sempre - e não é.
Sem dúvida. Mas algo que algumas marcas dizem de ligar-se sempre à vontade à corrente/PC (estilo Apple, Samsung, Sony) não se verific na realidade.
EliminarEu tenho um iPod Nano cuja bateria desgastou-se com esta brincadeira (e claro os problemas aparecem fora do período de garantia da bateria...) e depois de 2 iPad terem tido o mesmo problema (iPad 1a e 3a Gen). Agora com sync Cloud ou wifi o problema fica parcialmente resolvido, mas já com o meu primeiro iPad Mini Retina usei a bateria de modo inconsistente, NUNCA deixei a bateria abaixo dos 8% e em início de março já acusava algum rendimento irregular. Por sorte (lol) tive problemas no ecrã (tons amarelados), accionei a garantia e recebi um novo (donde escrevo agora). Com este vai ser carregamento direitinho de 15 aos 100%.
Não existe tal coisa de "garantia da bateria". A garantia é só uma e é de 2 anos (se for cá comprado) por particulares.
EliminarO telemóvel carrego sempre que vou dormir e fica ligado toda a noite (sim eu sei que não devia). Mas em 2 anos a bateria do meu GNexus actualmente só se queixa se eu jogar. De resto tenho um uso desafogado durante todo o dia.
ResponderEliminarObviamente que associado a isto, mais ou menos de mês a mês (não sou muito rigoroso nem tenho "o dia da descarga") faço uma descarga/carga total.
Num telemóvel pode não ser muito preocupante pois as baterias são relativamente baratas. Agora num portátil torna-se mais complicado quando uma bateria custa uns 80 ou 90€.
Um pouco de cuidado, e bem que notam a diferença ;)
Rui B, eu só tenho pés de lã com aparelhos sem bateria removível. Com os meus antigos telemóveis Sony, Samsung, etc eu nem me dou (demasiado) ao trabalho.
EliminarA mim é-me mais conveniente carregar quando chego a casa e não sou refém de ver quando carregou e tirar o cabo por 2 razões:
1) os telemóveis já há muitos anos que param de carregar atingidos os 100% (voltagem estável após um período de tempo) e só voltam a carregar se a bateria baixar dos 94-96% (o que não acontece visto o ponto 2)
2) depois da bateria estar carregada, a energia da rede é cortada e usada para o aparelho somente, dai que se deixarem ligado e na corrente, a bateria entra em descanso e o telemóvel usa a corrente da rede
Relativamente ao resto, a minha namorada tem um Nokia 5800 como 2o telemóvel com vários anos no activo, GATO E SAPATO de uso (ou seja, muitos discharge aos 0% teóricos, ligado a corrente por horas e horas a fio) e isto por muitos Nokia diferentes, e a bateria parece nova!!! Ainda há uns dias usamos o dia todo e a bateria está melhor que a do S3 dela!!!
Outro grande problema das baterias: hoje em dia são baterias grandes que têm que ser carregadas rápido: carregadores com muita voltagem e potência. Isso leva a muito stress dos iões, muito calor...dai que passado uns anos lá se vai a bateria. Depois vemos Nokia com baterias pequenas, que demoram a carregar, mas as baterias duram mais que navios de guerra.
Conversa está boa! :P
ResponderEliminarDesde já há algum tempo que deixei de seguir a antiga regra do descarregar totalmente, mas confesso que inicialmente me custou! hehehe
Agora, o que não a certeza é se os smartphones e portáteis, fazem o que o "Polidinho" acabou de dizer sobre eles pararem de carregar e passarem a usar a electricidade do cabo para funcionamento. Esse parece-me o comportamento ideal, mas... será que eles fazem mesmo isso?
Ó pá, é assim, eles fazem o que têm a fazer se os deixares fazer. A tal liberdadezinha da bateria, o 25 de Abril também foi feito prás baterias, o que é que pensavas?
EliminarFaltou dizer que as baterias de litio sofrem uma maior degradação quando são mantidas com cargas próximas dos 100% o ideal é "tentar" manter a bateria próximo dos 50% de carga, por este motivo é que quando se compra um telemovel novo a bateria vem quase sempre entre os 30% e os 50% de carga que é a situação em que a bateria sofre menos degradação estando armazenada sem qualquer utilização.
ResponderEliminarE já agora a temperatura também tem influencia negativa no envelhecimento da bateria, e com temperaturas altas sofre uma maior degradação com o tempo. Por isso quem quiser ter uma bateria suplementar em stock o melhor é carregar a 50% e meter no frigorifico (na parte de cima, pois temperaturas negativas pode ser bom para algumas quimicas, mas não ser compativel com todas).
Se quiserem mais umas informações de alguns donos portugueses com baterias que custam 10mil eur ;)
http://www.nissanleafpt.com/viewforum.php?f=13
Nem pensar em frigoríficos, a humidade e a falta de controlo de temperatura podem provocar degradação ou curto circuito. O ideal é num gaveta seca, envolta numa saca plástica com 40 a 60% da carga total.
EliminarEm equipamento de marcas de qualidade (Apple, HP, Sony, Samsung, Nokia, etc), esta questão das baterias não merece que o utilizador teha grandes preocupações. Isto porque o firmware dos equipamentos faz ele próprio uma gestão inteligente da bateria. Quando o indicador diz que está em 100%, na verdade está para aí a 95%. Além disso, quando os carregadores chegam a 100% (95% reais) deixam descarregar até 95% (90 reais) antes de voltar a dar carga. No fim da carga é a mesma coisa: os equipamentos desligam-se muito antes da betaria estar a 0% reais.
ResponderEliminarEu uso os equipamentos todos sem ligar nenhuma a esta gestão das baterias. Nem às calibrações. É coisa que faço no portátil para aí de 6 em 6 meses e no telemóvel e no Ipad nunca fiz. E as baterias duram exactamente o que têm que durar.
Yap, o grande problema das baterias está mais na excessiva velocidade de carga (carregadores demasiado potentes) e descarga (SoC e ecrãs muito gastadores em plena actividade, com emissão de calor muitas vezes directo na bateria).
EliminarOs aparelhos hoje em dia tem um consumo fantástico em standby, mas em plena actividade geram calor e consumos desproporcionados, sendo a exigência para com a bateria um tema importante.
A questão aqui é: Se carregar até 100% quando está a 50% contará como 1/2 ciclo, um ciclo é uma carga total de 100%, quer seja 100% de uma vez só ou por ex. 20% + 30% + 50%. É exactamente o mesmo. As baterias têm um número limitado de ciclos e terão que ser substituídas após atingir esse valor pois perdem muito da sua autonomia. A questão que deixo é: Com tanta tecnologia, já não haveria maneira de ter baterias nos smartphones a dar a mesma autonomia que tinha um velhinho nokia 3310 ?!?
ResponderEliminarAqui não há nenhum chip a contar os ciclos para depois baixar a qualidade da bateria: estes valores são estimados pela química, o stress provocado num carregamento de 0 a 100 é X e como tal a bateria deve durar X ciclos completos.
EliminarA tecnologia das baterias pouco mudou em 10 anos, os melhoramentos são mais fruto da Electronica que as regula, que de melhoramentos da bateria em si. Nos últimos anos as baterias (de marca...) tem chip que não deixam baixar de 5% ou 95% da carga total, nem deixam carregar até que se perca uns 5% desde o carregamento máximo (90% da carga total). Antigamente isso não existia e podias descarregar completamente, e se ligado á corrente, estar sempre a pressionar a bateria a carregar. Daí as baterias "queimarem" se deixasses demasiado tempo ligado à corrente.
O meu portátil lenovo tem um modo (desactivável) de protecção da bateria (não removível como nos Apple) que deixa a bateria sempre entre 40-60% se ele estiver ligado à corrente. Quando atinge 60% só volta a carregar aos 40%.
A tecnologia das baterias é muito cara e não é do interesse das marcas: 1) as pessoas já estão habituadas e já esperam que as baterias durem 2-3 anos. 2) se a bateria cumprir até esse tempo a marca é considerada boa, acaba a garantia, a bateria já pode pifar, e tu irás comprar um produto novo...o que é excelente para a marca.
Com esta política tens a Apple, Lenovo, etc etc. A bateria serve de bomba-relógio para um produto novo. Ou compras porque precisas, ou compras porque o produto já apresenta "velhice" na bateria. Nos portáteis não é tão crítico como em telemóveis e tabletes.
Só eu é que acho que isto não faz qualquer sentido? Sem ser entendido na matéria, sempre fiz cargas completas de 0 a 100, sempre que possível e não me lembro de as baterias perderem performance ou morrerem, sendo que já tive vários smartphones.
ResponderEliminarSe não és só tu, anda lá perto :)
EliminarBasta que pesquises um pouco sobre o funcionamento das baterias, e vais ver que faz sentido.
Outro ponto que muitos referem, da calibração, fazê-la mensalmente, é frequente demais.
Outro ponto, que muita gente tem ideia errada, é que é o sistema operativo que faz a medição da carga, o que não é, a própria bateria tem um chip responsável por esse trabalho, o sistema operativo apenas passa o resultado para o utilizador.
E se tirar o aparelho de carregar cedo demais? Ou seja, pô-lo a carregar durante 5 minutos e tirar, ou mesmo durante mais tempo mas retira-lo da carga antes de chegar aos 100%? Vicia a bateria ou danifica de alguma forma?
ResponderEliminarSabem de alguém que reconstrua baterias? Neste caso de uma bike eléctrica.
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