Com um ressurgimento do interesse pela exploração espacial e de uma potencial ida a Marte, o Mars One captou as atenções de pessoas por todo o mundo ao planear uma missão só de ida para o planeta vermelho. Infelizmente, ao contrário de outros projectos privados que têm demonstrado capacidade para levantarem os pés do planeta, este Mars One parece estar... a enterrar-se.
Quem revela estas preocupações foi um dos candidatos que acabou por ser seleccionado para a lista dos 100 finalistas que potencialmente embarcariam numa missão só de ida para Marte, em prole do avanço científico e também fazendo parte de um dos mais ambiciosos reality shows da História da Humanidade (e que contribuiria para financiar os elevados custos da missão).
Joseph Roche é licenciado em Física e Astrofísica, e ficou surpreendido por fazer parte da lista de 100 finalistas. Mas mais surpreendido ficaria ao descobrir como é que esta "missão" estava a decorrer. O processo de selecção, que se imaginaria ser rigoroso, acabou por consistir no preenchimento de uns formulários e uma conversa de 10 minutos via Skype; os exames médicos, tiveram que ser feitos (e pagos) pelos próprios candidatos. E se isso não fosse já suficientemente suspeito... temos a parte do dinheiro.
A Mars One pede que cada um dos candidatos lhes dê 75% de todas as receitas que puderem ter de entrevistas ou outros eventos mediáticos; e o processo de subir na "classificação" afinal é conseguido à custa de compras de merchandising ou contribuições - um sistema que faz com que os potenciais finalistas desta eventual missão a Marte sejam aqueles que mais pagaram para isso e não escolhidos com base nas suas capacidades e características.
Mas não há problema, pois as hipóteses deste Mars One sair do solo são praticamente nulas. O maior investidor, a Endemol, já abandonou o projecto levando consigo os supostos 6 mil milhões de dólares que iria investir; e um dos físicos de renome que estava referenciado como consultor do projecto disse que um prazo mais realista para a ida a Marte seria daqui por 100 anos, e não daqui a 10, como a Mars One quer fazer crer.
A pior parte, segundo Joseph, é que toda esta palhaçada poderá servir apenas para dar má fama a este tipo de missões, e potencialmente dificultar a vida aos projectos sérios que existem e que trabalham para resolver os problemas que terão que ser ultrapassados para nos levar até Marte. Mas vamos esperar que até os fãs dos reality shows que estavam interessados num "Secret Story" em Marte, saibam distinguir a palhaçada das coisas sérias...
Actualização: o CEO da Mars One já veio responder às acusações num vídeo no YouTube.
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