2015/07/01

Venda de música em Portugal está a subir e streaming já representa 60% no digital


A poucos dias da entrada em vigor da taxa "SPA" que nos vai fazer pagar extra por cada byte de memória que se compre, pela eventualidade de os usarmos para guardar obras pelas quais já pagamos, eis que nos chega a agradável notícia de que o mercado da música em Portugal está a aumentar.


Depois de uma década em queda, a venda de música em Portugal inverte a tendência e está finalmente a subir, diz-nos a Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), com 2015 a reforçar os indícios de recuperação que se tiveram no ano passado.

Mais curioso é que se comprova desde já a preferência do mercado pelos serviços de streaming, com isso a revelar-se já nos resultados. Se em 2014 os serviços de streaming tinham igualado os resultados da compra e download de música digital, este ano o streaming já atinge 60% do mercado digital, e com tendência para aumentar nos próximos anos. Valor que se torna ainda mais expressivos quando há meses em que este mercado digital já tem superado o volume de vendas em suporte físico, como os CDs.

É simplesmente a constatação daquilo que todos sabemos, de que a forma de consumir música se vai adaptando às novas tecnologias, por muito que certas associações se queiram negar a ver isso, ao invés promovendo a dupla taxação dos consumidores, que não só pagam por um serviço de streaming que já paga os direitos aos autores... como depois se paga pelo espaço de memória que se tem, em jeito de compensação adicional.



Mais caricato será agora a SPA já reconhecer que os suportes tradicionais estão ultrapassados e que "até os downloads já são história", reforçando ainda mais a ideia de que estão conscientes de que a maioria das pessoas tem optado pelos serviços de streaming, e já nem sequer se dando ao trabalho de recorrer à pirataria... Mas certamente que ter o conforto da taxa ajudará a que possam falar, dizer e desdizer o que lhes apetecer...

Por isso insistem na mesma tecla: de que é preciso criar e reforçar leis antipirataria, e de que há uma "enorme quantidade de consumidores que não querem pagar e não vão pagar", recorrendo a downloads e streaming ilegais. Bem... boa sorte. Mas não posso deixar de ficar triste em ver que a preocupação destas associação não seja a de promover e trabalhar em prole de serviços legais que sejam cada vez mais atractivos e dissuasores de pirataria, mas sim a de tentar impedir o inevitável.

Não chega olhar para todos os exemplos, tanto a nível de música (Spotify) como de vídeo (Netflix), que mostram, sem margem para dúvidas, que os mercados a onde chegam sofrem imediatamente uma drástica redução nos níveis de pirataria?


Bem.. nem que seja apenas por uma questão de princípio, se estiverem a pensar comprar uns discos extra para guardarem os backups das fotos e vídeos que fizerem nestas férias de Verão, o melhor será comprá-los antes do dia 4 de Julho. É que uma coisa é contribuir para os artistas pagando por um serviço como o Spotify ou Apple Music; outra coisa é permitir que alguém vá enchendo os bolsos à custa das nossas memórias familiares.

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