2017/09/06

Bosch promove actualizações OTA para automóveis


A maioria das pessoas já está habituado a fazer actualizações nos seus smartphones (ou que as mesmas sejam feitas automaticamente) sem pensar no assunto, e a Bosch quer que o mesmo aconteça nos automóveis, com actualizações OTA (over-the-air).

Os automóveis actuais são verdadeiros "computadores sobre rodas", com dezenas de sistemas que dependem de software para funcionar e que, tal como qualquer outro software, poderiam beneficiar de actualizações e melhorias - especialmente tendo em conta que, ao contrário de um smartphone que pode ser trocado a cada par de anos, um automóvel é algo que as pessoas mantêm por muito mais tempo. O problema é que os automóveis têm estado desligados do mundo, fazendo com que o processo de os actualizar resulte em dispendiosas operações de chamada às oficinas (recalls) para fazer uma simples actualização que poderia ter sido feita remotamente.

É isso que a Bosch quer mudar, criando toda uma plataforma que permite a actualização remota dos sistemas dos automóveis, das centrais de controlo do motor ao sistema multimédia e outros. Efectivamente fazendo com que aquilo que algumas marcas já têm (como a Tesla) possa ser facilmente replicado por qualquer outra.

Como não podia deixar de ser, a segurança não ficou esquecida, contemplando múltiplas formas de combater tentativas de hacking, tanto a nível de interferência com as actualizações como também localmente nos próprios carros.

... A medida é positiva mas também vem levantar alguns cenários preocupantes. Por exemplo, no recente caso dieselgate da VW, em que se descobriu código deliberadamente criado para enganar os testes de emissões; com um sistema de actualizações remotas seria tecnicamente possível que um fabricante pudesse aplicar um firmware "não poluente" que passasse todas as inspecções, mas depois mudasse para outro "poluente" por intermédio de uma actualização. Não seria propriamente novidade, uma vez que é precisamente o mesmo tipo de técnica que tem sido usado por malware em diversas plataformas, para ultrapassar os sistemas de segurança das mesmas (com uma app aparentemente inofensiva que, mais tarde, se encarrega de descarregar os conteúdos maliciosos - ou os mesmos a serem enviados através de uma versão actualizada da app).

Infelizmente chegamos a este ponto em que é preciso desconfiar implicitamente da tecnologia, e talvez isso só fique resolvido criando-se leis - como alguns sugerem - que apliquem penas exemplares como a dissolução total das empresas que forem apanhadas a fazer este tipo de "batotas tecnológicas".

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