2013/03/13

Apple Perdeu a "Bolha da Distorção"?


A Apple é conhecida como sendo uma marca de "paixões". De um lado temos uma numerosa legião de fãs, orgulhosos dos seus produtos; do outro temos os que os criticam, dizendo que a sua lealdade cega os impede de ver a realidade. São discussões que se aproximam do fervor religioso ou futebolístico, e que agora parecem ter transitado para a área tecnológica (o denominado fanboyismo).

No entanto, ao contrário do que acontece nas áreas tradicionais (um adepto dificilmente mudará de clube, uma pessoa de fé dificilmente mudará de religião) na área tecnológica parece a lealdade a uma marca tão depressa pode ser conquistada... como perdida.



Tal como no futebol os treinadores ou seleccionadores rapidamente passam de besta a bestiais e vice-versa; também a Apple parece estar a passar a transitar de marca "desejada" a "marca indesejada". Um fenómeno que se tem feito sentir na sua cotação em bolsa:


Se até meio de 2012 o céu parecia ser o limite para a sua valorização, em 2013 os accionistas têm sido confrontados com um grande tombo que ainda não deu sinal de paragem.

Como se explica então esta mudança, numa empresa que - analiticamente - continua a somar lucros e a ter vendas recorde? Há quem diga que a única diferença é que a Appe perdeu o chamado "Reality distortion field" de Steve Jobs. A aura mística que ele conseguia transmitir e que parecia hipnotizar todos os que o ouvissem, fazendo com que até as coisas mais insignificantes parecessem uma enorme conquista.

Ninguém pode negar que foi o seu perfeccionismo que tornou o iPhone possível e dando início à revolução dos smartphones como os conhecemos (relembro que antes do mesmo ser apresentado, havia quem se risse da perspectiva de termos telemóveis sem botões); mas a verdade é que desde a sua morte que a marca tem sofrido com a imagem de estagnação e ausência de inovação.

O iOS há muito que acusa o peso da idade e pede melhoramentos e mais funcionalidade; as opções estéticas das Apps oficiais da Apple, outrora exemplos de "design", parecem agora relíquias pré-históricas face às apps dos seus concorrentes. E a nível de equipamentos, aumentar a resolução dos portáteis é algo que por si só poderá já não ser suficiente para um público que quer "algo mais".

O Google sempre tem o seu Project Glass como estandarte de que está a trabalhar em algo "futurista"; a Apple... que tem para contropôr? Um novo iPad, igual/idêntico ao anterior mas mais veloz; um novo iPhone idêntico ao anterior mas mais veloz; um novo MacBook retina, idêntico ao anterior mas com mais resolução? Qual será o trunfo que a Apple poderá usar para relembrar ao mundo que não ficou a dormir "à sombra da bananeira" do seu sucesso? Sinceramente não sei... mas espero bem que por altura da apresentação do novo iPhone, a Apple tenha algo maravilhoso para nos mostrar e cativar, e não apenas "mais do mesmo".

6 comentários:

  1. Durante muitos anos fui um cliente fiel da apple, no entanto a certa altura necessitava de outras funcionalidades e com o iPhone só mesmo com jailbreak e mesmo assim falta sempre algo.
    reparem por exemplo no ambiente de trabalho.o que mudou desde o seu lançamento? basicamente a possibilidade de criar pistas. De resto, tudo igual.
    são tantas as coisas que podem ser melhoradas que sinceramente não sei do que estão à espera.

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  2. Outro fator que soma negativamente é a samsung que conseguiu criar seus próprios e muito mais fanáticos seguidores.

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  3. Convém explicar que o valor bolsista de uma empresa não reflecte o valor contabilístico da mesma. Isto porque o valor bolsista reflecte além desse valor, a expectativa futura, os ganhos esperados e os dividendos esperados e também uma outra coisa muito importante, a especulação.

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  4. Parafraseando Mark Twain, as notícias sobre a morte da Apple são manifestamente exageradas.

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  5. O problema está na definição de Inovação. Confunde-se muito inovação, com novos produtos que rompam com o que existe no mercado. E da Apple toda a gente espera que todos os anos eles lancem um produto para o mercado dentro desta última categoria, o que é manifestamente impossível(daí a diferença entre o lucro absurdo que têm e a queda do valor das suas ações). Ninguém espera isso da Samsung ou de outra companhia qualquer, que vão apenas melhorando os seus produtos tal como a Apple tem feito, se bem que reconheço que no campo do IOS podia estar bem melhor. Esse mérito ninguém pode tirar à companhia da Maçã, essa expectativa que cria sempre e que se lhe exige, faz dela ainda hoje um marco na tecnologia mundial, mas que evidentemente corre o risco de perder se mantiver um caminho baseado apenas na inovação sem rompimento que os seus rivais adoptam.

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  6. Nunca fui a favor de fanatismo. A perda do "Reality Distortion Field" para mim é um efeito mais que positivo. Não tenho nada contra a Apple a não ser o seu desejo maquiavélico de controlar tudo e de retirar mts liberdades aos seus utilizadores, mas gostava que eles tivessem sucesso porque são bons e não porque as pessoas são carneirinhos.
    Se agora precisam de realmente mostrar inovação e melhoramentos, na minha opinião, só pode ser um efeito benéfico.

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