2013/06/18

DRM quer Reescrever eBooks para Apanhar Piratas


Poderíamos imaginar viver num mundo onde a tecnologia fosse utilizada para facilitar a vida às pessoas, e onde as suas vantagens pudessem ser exploradas ao máximo para benefício da sociedade... mas seria mesmo imaginação. Pelo contrário, vivemos numa realidade onde há pessoas que acham natural bloquear ao máximo as potencialidades das tecnologias digitais, chegando-se ao cúmulo de tornar as novas tecnologias mais restritivas do que os formatos físicos que existiam anteriormente... como podemos ver no caso dos livros e dos eBooks.

Em vez de se concentrarem em aproveitar ao máximo as potencialidades que um eBook permite (o X-ray do Kindle é disso um bom exemplo), há quem esteja mais preocupado em limitar o que se pode fazer com um eBook, ao ponto de não permitirem que sejam emprestados ou - mais ridículo ainda - que não possa sequer ser lido em voz alta usando sistemas de text-to-speech. Coisas que têm como resultado... incentivar  muitos donos legais a procurar por cópias piratas dos livros que compraram para os poderem usar como bem entenderem.

Agora, para conseguir identificar os malvados piratas que ousem disponibilizar o seu eBook para que todo o mundo o possa ler, há quem se tenha lembrado de um novo sistema: modificar ligeiramente o texto de cada eBook de forma a que todos os eBooks sejam diferentes e identificáveis. Quer isto dizer que no caso de um best seller que venda milhões, não teremos um único ebook mais sim milhões de eBooks ligeiramente diferentes - e onde cada um poderá ser associado ao seu comprador.

Não sei até que ponto é que um autor estará disposto a que um sistema automático de DRM se entretenha a substituir algumas das suas palavras por sinónimos. Umas vezes até admito que possam ser modificações inconsequentes, mas outras vezes poderá destruir por completo o sentido o que o autor pretendia. Mas o mais absurdo mesmo é imaginar que tal sistema conseguisse resistir a qualquer "pirata" a sério... Será que acham que a troca de palavras será suficiente para assustar toda uma comunidade de hackers que vive para o desafio de "crackar" toda e qualquer protecção que se crie?

Até que não sou hacker facilmente inventaria um método que trocasse novamente algumas palavras por sinónimos... fazendo com que o meu eBook pudesse acabar por ficar idêntico ao de outra pessoa... e deixando-a a ela com a tarefa de se explicar perante a "polícia do copyright" quando lhe fossem tocar à porta para saber porque o "seu" eBook estava a circular na internet!

Mas se há pessoas lá no "topo" que acreditam que este tipo de sistemas funciona, quero já sugerir a criação de um sistema idêntico aplicado aos filmes - e que teria enorme potencial de mercado! Ora imaginem, em cada filme vendido teríamos cenas ligeiramente diferentes. Se no vosso filme temos um James Bond que bebe um vodka martini, noutro poderíamos ter um James Bond a beber uma Coca-Cola! E se no vosso blu-ray podem ver um Avatar com aliens azuis com 3m de altura... noutro poderíamos ter aliens verdes com apenas 1m. As potencialidades são imensas, e de certeza que se acabava com a pirataria na internet! Era garantidinho! (NOT!)

2 comentários:

  1. Mais uma vez fica provado que esta indústria parasita que vive dos autores, quando quer, é bastante capaz de produzir ela própria belas obras de ficção.

    Só não sei bem se estas criações que surjem na cabeça destes senhores se enquadram numa obra humorística, dramática ou se já entra no campo da ficção científica.

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  2. o mundo caminha para subscrições e alugueres, eles querem acabar com a aquisição.

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