2014/02/03
A quem pertencem os dados de Fitness?
Temos cada vez mais equipamentos de tracking da nossa actividade, e estamos apenas no início de uma nova era que irá fazer com que smartwatches, smartphones, e muitos outros dispositivos recolham todo o tipo de dados sobre a nossa actividade e saúde - e pelo meio de tudo isto volta a levantar-se a questão: a quem deverá pertencer a posse destes dados?
À partida é uma pergunta para a qual todos concordarão com uma única resposta: são dados que deverão pertencer aos respectivos utilizadores. Mas na verdade temos casos bem concretos que nos revelam que a realidade é bem diferente. Veja-se por exemplo o caso dos populares Fitbit, os pequenos sensores que registam a vossa actividade durante o dia e até os vossos padrões de movimento durante o sono.
Surpreendentemente, se algum dia quiserem pegar nesses dados para os guardar no vosso computador ou eventualmente transferir para outro serviço, vão deparar-se com o caricato caso da exportação de dados estar disponível apenas para quem pagar pelo modalidade!
Ora, não me choca nada que quando se opte por um serviço deste tipo os dados sejam implicitamente guardados por eles - mas obrigar um utilizador (que já paga pelo equipamento) a ter que pagar uma assinatura anual para ter o "privilégio" de poder ter acesso aos seus dados, isso já me parece completamente inaceitável. Claro que há formas de dar a volta ao assunto, e conseguir descarregar estes dados usando o Google Docs por exemplo. Mas isso não deveria ser necessário - e mesmo para quem paga, não tem o acesso integral a todos os dados recolhidos.
Pelo lado positivo, tanto o Android como o iOS parecem estar a trabalhar no sentido de criar APIs universais para este tipo de informação que irão tornar estas práticas obsoletas e facilitar o acesso a estes dados assim como a sua interacção entre diferentes sistemas. Eventualmente, lá se chegará ao tempo em que o nosso médico de família poderá simplesmente requisitar o acesso ao nosso histórico de dados (sendo que alguma qualquer app de análise nos poderá ter alertado de que deveríamos visitar um médico depois de terem sido detectados alguns indicadores suspeitos).
Por um lado, poderá parecer um bocado analítico demais querer resumir as nossas vidas a um conjunto de dados que são recolhidos automaticamente por uma dúzia de sensores que nos dizem quanto dormimos, quanto caminhamos, quanto comemos, quanto exercício fazemos, etc. Mas por outro lado, se esses dados forem recolhidos de forma não intrusiva e puderem ser usados para prevenir potenciais problemas antes de se tornarem muito mais complicados... penso que todos terão a ganhar, tanto a nível pessoal como a nível de eficiência de todo o mecanismo de funcionamento da nossa sociedade.
E para além disso, poderá também servir para quantificar que afinal... estão a dedicar pouco tempo às coisas que realmente importam na vida... (embora se precisarem que seja uma app a alertar-vos disso... será mau sinal! :)
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Big Brother, level 2.
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