2014/10/08

Leitor de eBooks da Adobe espia os utilizadores


No outro dia falámos de um programa de keylogging promovido pela polícia nos EUA que punha os utilizadores ainda mais em risco ao enviar os seus dados para a internet de forma insegura; desta é a Adobe que comete um erro idêntico com o seu leitor de eBooks usado em inúmeras bibliotecas.

O Adobe Digital Editions é usado por milhares de bibliotecas para que os seus utilizadores possam ler eBooks e PDFs. O que esses mesmos utilizadores - e as próprias bibliotecas - poderão não saber é que esse programa guarda registos sobre tudo o que fazem, e envia esses dados para a Adobe de forma insegura pela internet.

Estes dados, que podem ser interceptados por qualquer pessoa na mesma rede ou acesso ao percurso por onde passam, contêm coisas como os dados do utilizador, do equipamento, endereço IP, tempo de leitura e percentagem lida. Curiosamente, a Adobe diz que estes três dados são necessários porque há editores que podem querer definir preços diferenciados em função do tempo que passam a ler; e também cobrar diferentemente caso leia uma obra até ao fim ou não. (Qualquer dia cobram à página, ou à letra!)

Mais uma vez temos um caso em que a imposição de DRM acaba por se revelar um atentado à privacidade dos utilizadores; e que poderá mesmo revelar-se ilegal. Em New Jersey foi recentemente aprovada uma lei que garante o direito à privacidade e anonimato sobre o tipo de livros que forem acedidos ou emprestados aos utentes. Mesmo não sendo grande apologista das teorias de conspiração, não será necessário muito para imaginar que haverá muitos interessados em compilar listas de utilizadores que possam ter por hábito aceder a certos tipos de livros...

A conclusão é sempre a mesma: não se pode/deve tolerar qualquer tipo de DRM; e os autores só têm que começar a aceitar que a maioria dos seus fãs são pessoas sérias e razoáveis, e não criminosos, como tantas vezes se tenta fazer passar essa imagem.

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