Editores de jogos querem impedir que se corram jogos descontinuados

Os editores de jogos há anos que vão tentando fazer com que os jogos que compramos sejam cada vez menos "nossos". E agora uma nova batalha vem mostrar, de forma mais explícita que nunca, a total falta de respeito (ou mero bom senso) no que diz respeito aos jogos abandonados e obsoletos.

O mercado dos videojogos tem evoluído cada vez mais no sentido de que nos limitamos a alugar um jogo do que propriamente a comprá-lo. Dantes podíamos comprar um jogo, instalá-lo num computador sem internet, jogá-lo - e eventualmente vendê-lo em segunda mão ou oferecê-lo. Hoje em dia "compramos" um jogo, que quase garantidamente nos obriga a estar ligado à internet para ser activado (quando não o exige a tempo inteiro mesmo que não se trate de um jogo "online"), e se eventualmente o quisermos vender, o seu valor é diminuto pois o comprador terá que investir numa nova chave de activação.

E para além de tudo isto que foi sendo retirado aos jogadores; dá-se o caso adicional de inevitavelmente estas empresas falirem, fecharem, ou simplesmente decidirem que já não se justifica manter os servidores que fazem a autenticação dos jogos mais antigos - impedindo os jogadores que pagaram pelos jogos de continuarem a utilizá-los.

É uma situação que para muitas pessoas - e para a EFF - serve como justificação para que seja contemplado um regime de excepção que permita "hackar" os jogos, legalmente, de modo a permitir que os mesmos continuem a ser utilizados.

Mas obviamente que as associações de editores dos jogos têm uma visão diferente, e estão a exigir que não seja dada qualquer excepção, uma vez que se trata de hacking - e logo: pirataria!

Uma visão que, se vier a ser cumprida, não só significa que os jogadores nem sequer terão direito a poder manter a funcionar um jogo single-player que compraram; como também tornará ilegal todo e qualquer projecto de preservação de jogos e software, como o que é feito por museus, arquivos, e simples investigadores.

Vamos ver no que isto resulta... esperando que quem tenha o poder de decidir seja capaz de ver para além da tacanhez destas associações que nem conseguem perceber já nem dava para "espremer" mais os jogadores pagadores... (Sendo que os não pagadores, como sempre, estão imunes a estas questões, e darão uso aos cracks e demais coisas que lhes permitam jogar os jogos que querem, sem chatices.)