2015/12/28

As fronteiras na compra de ebooks na Europa


Hoje em dia, já consideramos ser "normal" que no Netflix em Portugal não se possa ver os mesmos filmes e séries que poderão ser vistos no Reino Unido; mas... que vos parece se desejassem comprar uns ebooks nacionais estando na Alemanha, e descobrissem que não o podem fazer?

Frequentemente somos confrontados com a triste situação de não podermos ver no YouTube ou Netflix conteúdos que estão disponíveis noutros países; mas mais irritante será ver isso aplicado à compra de ebooks dentro do próprio espaço europeu.

Temos o caso de um português, actualmente a viver na Alemanha, e que tentou comprar uns ebooks no site da Bertrand. Mas, algo que supostamente se esperaria ser simples acabou por se tornar numa aventura, pois não só há livros que não podem ser comprados devido a direitos de distribuição, como alguns deles - mesmo sendo comprados - não podem ser lidos, devido a erro na obtenção da licença no Adobe Digital Editions.
Uma situação que faz com que praticamente todos os autores nacionais populares estejam inacessíveis, e que se torna ainda mais ridícula ao se considerar que na Alemanha os distribuidores apenas vendem esses livros em alemão - o que não será propriamente a versão que um Português procura de um autor que escreve na sua língua nativa.

Em suma, muito se vai falando da abolição das fronteiras digitais, mas a triste realidade é de que mesmo na Europa que nos promete um "espaço comum" com a livre circulação de mercadoria e cidadãos, continuam a existir muitas fronteiras. Fronteiras essas que fazem com que, alguém que pretendia comprar um simples ebook seja obrigado a ter trabalho redobrado para o conseguir fazer, tendo que recorrer a VPNs ou outras formas de simular a sua presença em Portugal para fazer a compra... E isto para não recorrer à táctica que seria bem mais simples e prática: de arranjar uma versão pirateada do ebook sem quaisquer restrições à sua leitura.


Os autores e editores que pensem bem no que estão a fazer... e se é realmente este o caminho pelo qual querem seguir. Desta vez temos uma pessoa com conhecimentos que até se deu ao trabalho de contornar o problema para fazer a compra legalmente; mas... será assim tão descabido imaginar quantos outros simplesmente optariam pela alternativa mais fácil?

3 comentários:

  1. Nos livros eu quebro o DRM sem dó nem piedade. Até porque se assim não for não consigo ler no iBooks um livro comprado na Amazon.

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  2. Pior foi a minha experiência numa loja portuguesa onde quando ia comprar tinha de escolher, ou o drm deles só acessível pelo browser ou o drm da Adobe. Como estava no smartphone não tinha o PC à mão e escolhi a primeira, mal sabia eu que a a partir daí só podia ler o livro num browser, fazendo login no site, impedindo até às leituras quer no Kindle, quer no kobo. Já para não falar que os ebooks readers são fantásticos mas na hora da compra escolhemos uma família, tipo vhs e beta max, o que compramos na loja de um só dá para ler num, o que compramos na loja de outro, só dá no noutro e idem aspas, o que compramos fora não dá em nenhum dos dois. É uma situação muito triste, por outro lado sei que há obras que compro em ebook a metade do preço da versão em livro. O mínimo que podiam fazer era dar a optar, versões com e sem drm e preços distintos também. Ou ainda, uma versão física com versão ebook oferecida ainda que por um valor um pouco superior. É um mercado tão subdesenvolvido que mete dó

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  3. "versão física com versão ebook oferecida ainda que por um valor um pouco superior" É exatamente isso que devia existir hoje em dia, não percebo porque não o fazem! Os ebooks não têm de substituir livros físicos, devem ser um complemento, porque razão temos de escolher entre um e outro?

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