2016/04/12
O fim do dinheiro físico é acompanhado pelo fim da privacidade?
A utilização do dinheiro digital é encarado como uma progressão que, eventualmente, levará ao fim do dinheiro físico. Mas há quem alerte para os perigos que essa aparente conveniência pode representar.
Actualmente, a conotação do dinheiro digital anónimo, como os bitcoins, é frequentemente conotado com o tráfego de substâncias ilegais, ou o pagamento dos malvados ransomware - e serve de argumento para que não devesse ser permitido ter dinheiro anónimo. Isto, muitas vezes, de pessoas que nem se lembram que o dinheiro físico (notas e moedas) que utilizam no seu dia a dia é igualmente anónimo.
Outros estudos apontam para que o fim do dinheiro físico seria acompanhado por uma redução do crime, pois não haveria dinheiro para roubar, e as transacções electrónicas ficariam registadas e poderiam ser alvo de maior controlo. E, à partida, tudo parece ser um cenário de sonho... até que nos lembram dos riscos que surgem associados a tal panorama.
O fim do dinheiro físico/anónimo, representaria também que todas as nossas transacções passassem a ficar guardados numa qualquer base de dados que permitiria analisar precisamente o nosso comportamento. Se actualmente já temos empresas que conseguem prever quando alguém engravida em função do tipo de produtos que pesquisa, imagina-se o que faria ao saber onde se gasta cada cêntimo? E depois disso teríamos todo um risco de potenciais discriminações e controlo social que nos leva para cenários ainda mais distópicos.
Se actualmente já há empregadores que vão espreitar o Facebook de candidatos a empregos, o que poderiam fazer se, por meios directos ou indirectos, pudessem ter acesso ao perfil de gastos dessa pessoa?
Assuntos que merecem ser pensados e discutidos... e que relembram que nem sempre as aparentes vantagens poderão ser assim tão vantajosas para todos...
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O Bitcoin não é anónimo, mas sim pseudo-anónimo. Isso das ilegalidades é um não-assunto, por assim dizer. Vamos lá contar quantos Bitcoins são usados para ilegalidades e quantos €/$, etc são usados para ilegalidades... Difícil fazer uma contagem deste género, senão impossível, mas tenho uma ideia sobre qual gera mais volume em trocas comerciais fora da lei.
ResponderEliminarA questão do crime é ela por ela... Quem hoje rouba carteiras, amanha aprende engenharia social e a programar um trojan que roube uma wallet.
Quanto a todas as transacções serem públicas, quem não deve não teme. Seria um bónus muito grande para, por exemplo, governos terem os seus endereços publicamente conhecidos - ia contribuir imenso para a transparência das contas e não passaram despercebidos tão facilmente desvios de fundos. Quanto a empregadores a bisbilhotar a Blockchain, a coisa resolve-se bem: não reusem endereços! Não é assim que se usa Bitcoin... Uma transacção, um endereço. Usem carteiras HD, que gerem endereços a partir de uma seed única, criem uma wallet própria para receber pagamentos do empregador e cedam-lhe a chave xpub e recorram a técnicas de mixing se necessário.
Uau... vocês entendidos são o máximo. Eu estou a imaginar um avôzinho, ou avózinha, quase analfabetos, sem computador (esse monstro) que mal entende o conceito telemóvel quanto mais net... pois, acho que nem preciso ir buscar estes casos extremos, muitos cidadãos comuns enquadram-se nesta dificuldade de conceitos, 'chave xpub', 'carteiras HD', 'endereços', etc...
ResponderEliminarNum instantinho nasce uma economia paralela caso este conceito vá adiante.
Valco, estima-se que o último Bitcoin minado será para além de 2100... Será que em 100 anos não iremos conseguir melhorar o conceito de cryptocurrency ao ponto de poder ser usado por praticamente qualquer pessoa? Ou mais, será que em 100 anos não iremos descobrir uma cryptocurrency muito superior ao Bitcoin? (ou que o mesmo evolua de tal forma que já não possa ser chamado Bitcoin?). E se quisermos ser mais extremistas ainda, será que os avózinhos de hoje estarão vivos em 2100? Os avózinhos de 2100 serão os nossos filhos, ou até netos...
ResponderEliminarIsso é verdade, mas não é menos verdade que muita gente jovem de hoje é quase analfabeta em termos informáticos... e não é preciso irmos para o meio rural, mesmo no meio académico. Os sistemas têm de ser muito simplificados para poderem ser usados por 'toda' a gente. Eu também não sou 'entendido', muito longe disso.
EliminarMas tenho a certeza que mesmo que um sistema do género se implante, nascerá uma economia paralela que poderá ser mais forte que a oficial. Minha opinião, claro.
Sim, correcto, há muita gente ainda com pouca formação em TI. Aos poucos e poucos a sociedade está a transformar-se. Em paralelo com a formação deve-se apostar em mudar a visão demasiado positiva que as pessoas têm dos bancos... Acredito que um dia haja condições, conhecimento, formação e desenvolvimento técnico suficiente para eliminarmos de vez o sistema monetário e bancário que temos de momento, sem haver economias paralelas nem controlos centralizados da emissão de moeda. Palavras como "banco", "banco mau", "bailouts", "BES", "Banif" e afins serão coisa do passado... Mas também tenho quase a certeza que infelizmente não estarei vivo para assistir a tal. Porém, enquanto cá estou vou apelar, obviamente, à transição. Tal como dizia um certo senhor, "Be the change you want to see in the world".
EliminarAo comentário anterior só tenho a acrescentar que pouco percebo de Bitcoin e estou longe de ser "um entendido"
ResponderEliminarO dinheiro físico é uma coisa nojenta sobretudo as moedas e uma das principais causas de infeções porque o dinheiro está cheio de bacterias. E acho nojento ir por exemplo ao McDonald e ver o empregado a tocar com as mãos nos nossos hambúrguers e nas batatas fritas, as mesmas mãos que acabaram de tocar no dinheiro. Ou ir ao super mercado e ver a empregada da caixa a tocar em dinheiro e a contaminar todos os nossos alimentos, etc. Por isso gostaria muito que o dinheiro físico acabasse! Embora isso trouxesse outros inconvenientes...
ResponderEliminarPS: Estou recebendo esse alerta no Gmail com as newslette do Aberto de Madrugada e os links estão desativados:
"Tenha cuidado com esta mensagem. Apresenta conteúdo normalmente utilizado para roubar informações pessoais.
Saiba mais
Denunciar esta mensagem suspeita Ignorar. Confio nesta mensagem"
ó sôr pEDRO... use luvas.
EliminarO dinheiro físico não está mais contaminado do que os puxadores das portas, um corrimão de escadas, uma mão que cumprimentamos. Se está cheio de bactérias? Claro que está cheio de bactérias. Milhões delas. 99,999% das quais absolutamente inofensivas para nós.
Eliminar"99,999% das quais absolutamente inofensivas para nós" ????
EliminarTas completamente enganado. E fica sabendo que segundo estudos recentes mais de 75% das doenças teem origem em contaminações bacterianas e erros alimentares. Não me lembro qual a percentagem de cada um, mas o que importa é que as baterias nocivas estão entre as principais causas de doenças e óbitos. O problema é que as baterias como não são visíveis a olho nu, para a maioria das pessoas é como se não existissem!
Estima-se que haja no máximo de 1.000.000.000 de estirpes diferentes de bactérias. E estima-se que em cada 30.000 diferentes, uma é potencialmente prejudicial à saúde humana. Ou seja, 0,003% das bactérias existentes podem fazer-nos mal à saúde. Assumindo uma distribuição normalizada de bactérias no mundo, com média zero e desvio padrão 1, tens razão: não são 99,999% mas sim 99,997%...
EliminarO que interessa se é 99,999% ou 99,997% se quando morreres o mais provável é que a culpa seja das baterias nocivas (que ao longo da tua vida contribuíram para o desgaste das defesas do teu organismo) ?
EliminarUma das coisas que convirá saber, nas discussões em público, é quando a mesma deixa de acrescentar informação "de interesse" para o tema... ;P
EliminarHá cada vez mais um trade-off claríssimo entre privacidade e conveniência. É certo que o fim do dinheiro físico pode acabar de vez com a privacidade, mas provavelmente a esmagadora maioria das pessoas está disposta a abdicar disso em favor da conveniência que isso traz.
ResponderEliminarE como é que vamos dar esmolas aos pobrezinhos ? Bem, pelo menos acabam-se os arrumadores de carros e aquelas chatos sempre a tentar cravar-nos uns trocos!
EliminarO Bitcoin permite a transparência da Blockchain em conjunto com uma "identidade" pseudo-anónima, pelo que a conveniência ultrapassa em larga escala o que tens de abdicar em termos de privacidade, visto que usando correctamente o sistema não é possível associarem-te a ti como pessoa aos teus endereços e transacções. Se isto é o futuro, ninguém sabe. Entretanto há altcoins dedicadas a descobrir sistemas com mais privacidade e até sistemas por cima do Bitcoin que permitem ter um nível de anonimidade bastante razoável. Agora é deixar o mercado livre ver vantagens e desvantagens de cada coisa e decidir o que quer usar.
EliminarSó modernices começando plas scuts. De cada vez que vou a Portugal nao consigo parar o raio das portagens porque simplesmente só se pode pagar com cartão e a maquina não aceita o meu modesto visa eletron.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarOrdep otnemicsan = Sheldon Cooper ;)
ResponderEliminarCada vez mais me convenço, e não sou o único, que este comentador habitual não joga com o baralho todo,
ResponderEliminarAinda noutro dia o Novo Banco transferiu dinheiro supostamente por erro informático para a caixa geral de depósitos.
ResponderEliminarTodos os dias milhares de pessoas e empresas vêm as suas contas bancárias esvaziadas por atacantes do outro lado do planeta que nem têm de levantar o rabiosque do quarto em que vivem para ir a casa/ banco da pessoa furtá-la/ roubá-la.
E para os governos era o sonho... não gostamos de fulano tal que andou a dizer mal de nós toca a bloquear-lhe os movimentos electrónicos... coisa que aliás já acontece um pouco por todo o mundo com todo o tipo de desculpas umas válidas outras nem tanto... quem têm dinheiro todo em bancos muitas vezes passa de rico a totalmente pobre de um segundo para o outro.
Por todos estes motivos e muitos outros enquanto este sistema de dinheiro existir, terá de existir fisicamente de forma a garantir alguma privacidade e sobretudo que ninguém possa ficar excluído da sociedade se alguém decidir fazer-lhe a "folha" informaticamente... coisa que infelizmente é demasiado fácil e por vezes completamente impossível de reverter... veja-se os tipos que jogaram/ arriscaram em papel do BES... tem uns belos papeis para ir ao WC e tem um belo saldo que não podem utilizar... e se talvez algum dia reaverem algum é porque não se calam nem por nada e são demasiados a protestar regularmente... porque se tivessem calados nunca mais o viam... mas se o estado fosse à falência total e completa sem ajuda externa então provavelmente nunca mais o viam... se tivessem todo em papel lá em casa deles dentro de cofres podiam ser assaltados, mas não iam ser todos assaltos ao mesmo tempo de certeza... e podiam ter espalhado por várias casa, mesmo que uma delas fosse assaltada teriam em outras.
Há sempre a opção de ter uma ou várias contas em bancos no exterior. É claro que quando se tem algum dinheiro considerável deve-se reparti-lo por vários bancos e de preferência tb no exterior. Assim é altamente improvável que nos roubem ou bloqueiem o dinheiro todo! De qualquer forma o tipo de roubos que referes são felizmente muito raros. E "noutro dia o Novo Banco transferiu dinheiro supostamente por erro informático para a caixa geral de depósitos" mas certamente que teve que devolve-lo. E esse cenário terrível de "não gostamos de fulano tal que andou a dizer mal de nós toca a bloquear-lhe os movimentos electrónicos" já pertence, desculpa lá, ao reino da paranóia porque vivemos num estado democrático (embora isso possa ser discutível) e não nos podemos esquecer que temos eleições a cada 5 anos e eles só fazem o que os deixamos fazer. Portanto não me venham com cenários paranóicos como se a culpa fosse toda deles e não pudéssemos fazer nada para contra isso!
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