2016/06/22

Europa quer classificar robots como pessoas electrónicas


Os robots (tal como os veículos autónomos) prometem mudar a face da sociedade trabalhadora, e o Parlamento Europeu parece já estar empenhado em preparar recomendações sobre como lidar com isso, propondo que os robots sejam classificados como pessoas electrónicas, com os seus empregadores a pagarem segurança social para os mesmos.

A medida pode ter boas intenções - sendo que a eventualidade de uma sociedade no futuro onde a quase totalidade dos trabalhos manuais repetitivos (e não só) possam ser feitos por robots é um assunto que merece séria discussão - mas poderá ser prematura. É o que dizem inúmeros grupos da indústria que referem que tais medidas serviriam como um travão à modernização e criação de sistemas inovadores na Europa, deixando-nos ainda mais para trás em relação ao resto do mundo.

O Parlamento Europeu propõe também que as empresas fossem obrigadas a declarar quanto dinheiro pouparam ao substituir trabalhadores humanos por robots; de modo a pagarem impostos proporcionais sobre essa poupança; numa medida que tentaria equilibrar as contas da segurança social num mercado onde houvesse cada vez menos empregados (embora o lado oposto apresente estudos que demonstram que a aposta nos robots não significa necessariamente um aumento do desemprego: na Alemanha a indústria automóvel aumentou o número de empregados em 13% entre 2010 e 2015, mesmo com os robots a terem também aumentado 17%.

Acho curioso que agora se queiram culpar os "robots", quando na verdade a industrialização e automatização dos sectores produtivos é algo que vem a acontecer desde a revolução industrial. Toda e qualquer ferramenta moderna pode, de forma directa ou indirecta, dispensar um maior número de pessoas que seriam necessárias para realizar a mesma operação por métodos tradicionais. Por isso, se o Parlamento Europeu estivesse assim tão preocupado com a sustentabilidade do "estado social", teria muito mais com que se preocupar do que simplesmente com os "robots".


Embora isto relamente necessite de ser discutido, não posso deixar de ficar assustado que o seja pelas mesmas pessoas que permitem todos os abusos cometidos pela Banca, empresas de ratings, e todas aquelas que provavelmente já nos custaram muito mais dinheiro (e sem qualquer responsabilização dos culpados) do que todas as poupanças conseguidas à custa de robots.

3 comentários:

  1. Os robots não precisam de salário, apenas de manutenção o que em termos abstratos me parece ser muito inferior aos custos de subsistência de uma pessoa, claro se existir concorrência no mercado de manutenção e concepção. Coisas como a cedência das blueprints aos proprietários de bens descontinuados de produção para poderem ser impressos em 3D podem muito bem resolver isso. Da mesma forma que se poupa no trabalho existe margem para descer o preço dos bens, a economia do sector primário e secundário vai permitir uma abundância sem precedentes ainda que os salários desçam. Mas isso também se evita com uma estratégia de formação e apoio à migração dos trabalhadores para o sector dos serviços,comércio e ciência/inovação. Uma economia altamente desenvolvida exige que as pessoas estejam dispostas a esse empenho, será possível?

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  2. Os robots não precisam de salário, apenas de manutenção o que em termos abstratos me parece ser muito inferior aos custos de subsistência de uma pessoa, claro se existir concorrência no mercado de manutenção e concepção. Coisas como a cedência das blueprints aos proprietários de bens descontinuados de produção para poderem ser impressos em 3D podem muito bem resolver isso. Da mesma forma que se poupa no trabalho existe margem para descer o preço dos bens, a economia do sector primário e secundário vai permitir uma abundância sem precedentes ainda que os salários desçam. Mas isso também se evita com uma estratégia de formação e apoio à migração dos trabalhadores para o sector dos serviços,comércio e ciência/inovação. Uma economia altamente desenvolvida exige que as pessoas estejam dispostas a esse empenho, será possível?

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  3. Um robot a pagar segurança social?!
    Se ele avariar pode meter baixa?! E a empresa recebe depois da segurança social os dias que o robot esteve parado em manutenção?!
    Só eu é que acho isto estupido e apenas uma forma camulfada dos governos sacarem ainda mais dinheiro às empresas?!

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