2016/06/02
PayPal suspende operações na Turquia e faz antever tempos sombrios para serviços na cloud
O popular serviço de pagamentos PayPal vai deixar de operar na Turquia devido à nova regulamentação que obriga a que os dados dos cidadãos turcos seja mantido no próprio território, cenário que deverá multiplicar-se por mais países e serviços ao longo dos próximos anos.
A liberdade e descentralização que a internet veio proporcionar parece ter entrado em rota de colisão com a decisões de diferentes governos que pretendem ter um maior controlo sobre os serviços que lhes entram pelas suas fronteiras por esta via. A Turquia é apenas mais um dos casos em que se começaram a obrigar serviços online a manter os dados referentes aos seus cidadãos em solo Turco, e que no caso do PayPal agora dá origem à suspensão do serviço no país, por não o conseguir cumprir.
É uma decisão que já anteriormente imaginamos que seria tomada por alguns serviços nos constantes braço-de-ferro que se vão repetindo, e que acaba por ser também um género de ultimato que deixa nas mãos dos cidadãos fazerem pressão sobre os seus governos para que não se fragmente a internet numa rede "regional" onde cada país terá apenas acesso a um sub-conjunto de serviços.
Se por um lado é lógico esperar que os serviços na internet cumpram com as legislações locais (e por vezes até se aceite a interferência burocrática para salvaguardar os interesses dos cidadãos), por outro lado torna-se um pouco ridículo querer legislar coisas que vão contra as próprias questões técnicas das infraestruturas que foram criadas. Serviços como o PayPal e muitos outros, a correrem na "cloud", são serviços distribuídos, onde os dados transitam livremente entre múltiplos data-centers espalhados pelo mundo, e onde querer implementar fronteiras acaba por ser algo de incrível complexidade (ou que nem sequer é possível sem uma reestruturação completa do serviço).
Imagine-se um futuro onde tais regras sejam aplicadas a todo e qualquer site que permita o registo de um utilizador? Seria o fim de qualquer micro-empresa que quisesse vender um produto na internet... a não ser que estivesse disposta a criar lojas localizadas em todos os países, que ficariam alojadas em servidores locais, etc. etc.
Quando a internet foi concebida, um dos objectivos era a de criar uma rede descentralizada capaz de resistir a todo o tipo de ataques - esperemos que essa resistência se aplique também a este tipo de ataques burocráticos... ou arriscámos-nos a que a internet do futuro nada tenha a ver com aquela que conhecemos actualmente.
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