2017/10/31

Waymo mostra como é viajar num carro sem condutor


A Waymo (Google) sabe que os carros sem condutor têm que ultrapassar a natural desconfiança das pessoas, e é precisamente nesse campo que tem estado a trabalhar, partilhando a experiência do que é viajar num dos seus automóveis autónomos.

Por muito que se goste de tecnologia, haverá sempre um certo receio em depositar a sua vida num conjunto de algoritmos, e nada o demonstra melhor do que entrar num carro que não tem nenhuma pessoa no lugar do condutor. É uma confiança que terá que ser conquistada lentamente, à custa de pessoas que o façam e partilhem as suas "aventuras", e que a Waymo tem começado a fazer convidando jornalistas e repórteres para ajudarem a "quebrar o gelo".

A demonstração da Waymo decorreu num espaço fechado, uma antiga base onde foram replicadas muitas das situações que serão encontradas no dia a dia; mas o grande problema - como quem anda na estrada sabe - não são as coisas habituais, mas sim tudo o que de inesperado vai acontecendo, que levantam preocupações quanto à capacidade destes veículos autónomos se "desenrascarem". A título de um exemplo básico, ainda ontem à noite apanhei um susto ao ver um carro que seguia à minha frente dar o pisca como se fosse meter na minha faixa... mas afinal era apenas o reflexo do pisca de outro automóvel que seguia mais à frente, e que por acaso coincidia bem perto dos seus indicadores de mudança de direcção. Na altura pensei mesmo: como é que um sistema "autónomo" iria lidar com algo assim? (Provavelmente da mesma forma que eu, abrandando até descortinar as intenções do veículo).



Precisamente para não deixar os passageiros "a leste" do que se passa, estes carros da Waymo têm monitores que indicam em detalhe aquilo que o carro vê em seu redor, assim com a sua rota e, quando necessário, explicações sobre o que está fazer (no caso da imagem em cima, diz que está parado para deixar passar um peão). É uma pequena janela para o cérebro digital do carro, para nos tentar assegurar que está tudo sob controlo... (mas não será difícil imaginar que inevitavelmente os passageiros se deparem com alguns bugs ou situações com que o próprio carro não conseguirá explicar.)


Por fim, apenas uma chamada de atenção para os botões que as gerações futuras poderão associar aos carros. Em vez de botões para arranque da ignição, estes carros autónomos da Google reduzem a sua operação a apenas um, que diz "Start Ride" para dar início à viagem. Ao seu lado temos outros que também visam dar aos passageiros alguma sensação de controlo: um botão para parar ("pull over") em que o carro parará assim que for possível encostar em segurança; um botão para trancar/destrancar as portas; e ainda o botão para usar quando tudo o resto falhar, o botão de "Help" que colocará os passageiros em contacto com um operador humano... pelo menos enquanto a Google não achar que o seu Google Assistant terá capacidade para lidar com estes assuntos.. :)


De referir que estes carros da Waymo ainda são veículos com autonomia de nível 4, ou seja, são completamente autónomos e não precisam de um condutor humano, mas apenas em áreas pré-determinadas e sob um determinado conjunto de condições. O "restinho" que falta para se chegar ao nível 5, que será o da autonomia a 100% em todo o tipo de situações, ainda irá demorar mais um pouco a ser conseguido. Na melhor tradição que os developers bem conhecem, faz-se 90% do trabalho em 10% do tempo, mas depois gasta-se 90% do tempo a tratar dos 10% finais... :)

1 comentário:

  1. Gostaria de um dia poder experimentar um desses veículos, honestamente não sei o que iria sentir: medo e ansiedade ou alívio e descontração.
    PS: essa regra dos 90/10 é uma adaptação do princípio de Pareto (regra 80/20), e verifica-se empiricamente em diversas situações.

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