2019/07/30

Europa diz que sites são responsáveis pelos botões "like" do Facebook


Depois dos popups de aceitação dos cookies - com os resultados que bem sabemos - a UE prepara-se para repetir a dose, desta vez em relação a sites que utilizem botões de "like" do Facebook.

O Tribunal de Justiça da UE determinou que os sites que utilizam os plugins do Facebook, como aqueles que exibem os botões de like, partilham a responsabilidade na gestão e envio de dados referentes aos utilizadores. Isto é, o simples acto de aceder a um site com um destes botões de like, faz com que sejam enviados dados dos visitantes para o Facebook, sejam eles utilizadores do Facebook ou não, eventualmente até mesmo antes de sequer lhes ter sido perguntado se dão ou não o consentimento.

Na prática, o que esta decisão irá fazer é adicionar mais uma categoria aos já complicados popups de aceitação de cookies / dados; e na verdade sendo apenas mais uma demonstração de que como as questões políticas nem sempre acompanham as questões tecnológicas. Senão, alguém deveria ter dito a estes juízes que o simples acto de um browser pedir uma página também já envia uma quantidade relevante de dados - sendo isso feito antes sequer de existir qualquer "consentimento" para enviar esses dados.

Penso que talvez tivesse sido mais eficiente dizer que todos os visitantes são livres de utilizarem ferramentas de bloqueio de cookies, tracking, etc. - ou até fazer com que isso fosse um requisito para os browsers, já que será essa a única forma de ter mesmo a garantia de que esse tracking não será feito (nada garante ao visitante que o facto de estar a clicar "não" num popup tem realmente o efeito que diz ter). Até lá, preparem-se para eventualmente terem que clicar em mais uns popups que apareçam sempre que tentarem visitar qualquer site...

5 comentários:

  1. E eu que pensava que a nova epidemia na internet seria a publicidade!

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  2. A epidemia da net e do mundo são os políticos. Com todas as politiquisses, a utilização dos websites está mais difícil e menos amigo do utilizador. Era tão melhor quando a fonte de notícias era a televisão e a escola era o único sítio onde se aprendia. Eles ainda não entenderam, que o tempo não voltará atrás.

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  3. Vejo as coisas de outra forma.

    A medida nao é por si só negativa, embora possa vir a der um pouco "chata" no inicio.

    É bem sabido que a tecnologia tem avançado de forma bastante "liberal" sem dar grande atenção às questões da privacidade ou do rastreamento daquilo que os cidadãos fazem nas páginas internet, pelo que isto poderá mesmo ser apenas o princípio de algo que há muito já vinha necessitando de regulamentação.

    Não me chocaria mesmo nada se os sítios internet passassem a mostrar aquilo que no passado foi conhecido como "página inicial" com informações e conjuntos de botões pedindo aos utilizadores para que clicassem e escolhessem o que aceitavam e o que não.

    Temos uma ideia de que a internet tal como hoje a conhecemos é uma coisa muito boa, mas por mim, acho que é muito boa para uns poucos, sendo que a grande maioria, dentro de poucas décadas (e caso nada seja feito noutro sentido) ficará com pouco ou nenhum poder de expressão ou decisão nesta sociedade "digital".

    A medida não é perfeita, mas será melhor do que nada fazer.

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    1. Sim, há as duas vertentes. Mas vamos dar ao que falei:
      1) perdes 10 minutos a ler as condições para cada site que queiras aceder, sempre que queiras aceder, a afinar as opções, cookies, trackings, etc.
      2)... quem te garante que o site esteja realmente a cumprir com o que escolheste?

      É mais provável que quem se preocupe com isso (e há motivos para estar preocupado, há que investir na educação) já utilize blockers para garantir a sua privacidade, por sua própria iniciativa.
      Acho que acabaria por ser mais salutar exigir que os sites não pudessem impedir o acesso a quem utiliza ad-blockers, por exemplo.

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    2. "Acho que acabaria por ser mais salutar exigir que os sites não pudessem impedir o acesso a quem utiliza ad-blockers, por exemplo."

      Indiscutivelmente de acordo.

      Alias, até vejo as coisas noutro prisma, não me chocaria se a União Europeia financiasse um projeto para os utilizadores colocarem o URL de qualquer site que pudesse parecer suspeito e que funcionasse como uma espécie de analisador de quais os tipos de ameaças que a página ou sítio possa porventura apresentar.

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