Hoje em dia é impensável que uma empresa lance um serviço de mensagens sem contemplar, logo desde a raiz, que o serviço poderá ser utilizado de forma abusiva: para envio de spam ou mensagens não solicitadas por um perseguidor, etc. No entanto, mesmo após anos de avisos e alertas, empresas como a Google e o Facebook continuam a apresentar-nos álbuns de fotos comemorativos para eventos que eles acham que são especiais, mas que nalguns casos poderão ser eventos traumáticos que essas pessoas desejariam não relembrar.
Há pessoas que cancelaram casamentos e que continuam a ser inundadas com sugestões de celebração e recomendações de coisas para os novos casais; há pessoas que abortaram espontaneamente, mas são forçadas a reviver esse episódio traumático com constantes sugestões de coisas para bebés; e muitos outros casos.
E isto é algo que não é recente. Em 2014 já havia pessoas a queixarem-se de que as plataformas sociais estavam a celebrar a morte dos seus filhos:
This got automated. In 2014, Eric Meyer coined the term "inadvertent algorithmic cruelty" to describe his experience of Facebook's "memories" feature, which bombarded him with pictures of his young daughter on the anniversary of her death.https://t.co/X55QSXzzkX
— Cory Doctorow (@doctorow) April 6, 2021
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E, se fosse preciso algum exemplo mais ilustrativo, em 2018 tivemos um caso em que o Facebook criou literalmente um vídeo de bonecos animados a dançar sobre a sepultura da mãe de um utilizador.
And if the company didn't realize it in 2014, they certainly knew about it after, and did not stop. In 2018, Patrick Gerard wrote about how Facebook commemorated his mother's death with a video of animated characters literally dancing on her grave.https://t.co/VkIiZiAnZa
— Cory Doctorow (@doctorow) April 6, 2021
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Sim, podemos dizer que estes são casos que representam uma ínfima fracção dos utilizadores, e que a esmagadora maioria apreciará os álbuns e sugestões que lhes são apresentados automaticamente. Mas a questão é, considerando o potencial traumático destas acções, não seria conveniente que estes serviços disponibilizassem, pelo menos, uma opção fácil e eficiente de dizer que não se está interessado nestas "lembranças"? (Já bastará todo o resto de assombrações que seriam praticamente impossíveis de bloquear, em termos dos anunciantes que catalogaram o utilizador como estando casado, ou com filhos, e os irão bombardear com publicidade alusiva, apesar de já não ser o caso...)
Realmente... deixo os meus sentimentos a quem ainda usa o Facebook.
ResponderEliminarEheh
EliminarIsto não faz sentido! "Alguns casos poderão ser eventos traumáticos que essas pessoas desejariam não relembrar." Se não desejariam relembrar, não os coloquem online nas redes sociais para toda a gente ver! Mantenham esses "eventos traumáticos" só para si, sem colocarem a vidinha toda online!
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