Com os cookies a perderem protagonismo, alguns operadores começam a revelar a sua capacidade de tracking muito mais pernicioso que os cookies.
Na Alemanha a Vodafone está a promover um novo sistema de tracking chamado TrustPid, que atribui a cada cliente um código de identificação persistente que utilizará para efeitos de publicidade direccionada. A questão é que, ao ser feito ao nível do serviço de dados móveis, este identificador consegue manter a persistência independentemente de tudo o que o utilizador possa fazer, já que não está dependente dos cookies, ou do browser utilizado, ou dos ad-blockers, ou de qualquer outra coisa.
Alie-se a capacidade da operadora, enquanto fornecedora de serviço de internet móvel, também poder analisar que sites se visitam e que apps se usam, e ficamos com uma "tempestade perfeita" para os clientes, e para um "tracking perfeito" por parte dos anunciantes. Para cúmulo, a operadora pode até agregar dados de localização, com uma precisão superior a qualquer outro sistema.
A Vodafone tenta justificar a medida dizendo que é necessária e indispensável para permitir a sobrevivência dos serviços gratuitos na internet a que todos nos habituamos; mas parece esquecer-se que o serviço que disponibiliza está longe de ser gratuito (e por cá, até é bastante bem pago quando comparado com os tarifários de dados móveis que existem noutros países europeus). Os sites que se visitam e os locais por onde se andam podem revelar dados extremamente sensíveis sobre cada pessoa (por exemplo, visitas a sites sobre condições médicas, visitas regulares a clínicas), e ao contrário do que acontece no tracking na web, aqui não se pode fugir usando um ad-blocker ou apagando os cookies.
O que vale é que o sistema já está a atrair as atenções dos defensores da privacidade digital, e há boas perspectivas de que este tipo de tracking tenha, no mínimo, que dar aos cidadãos europeus uma opção para ser desactivado - já que que constitui uma grande invasão de privacidade que, no extremo, obrigaria a que se tivesse que utilizar uma VPN a tempo inteiro para reduzir a sua capacidade de tracking.
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E a união europeia vai autorizar isto?
ResponderEliminarAcredito que venha a ser copiado pelos operadores dos EUA, tem tudo para ser bem aplicado por lá.
EliminarNão acredito que a UE ou a Alemanha o permitam. Devem estar a ver se "cola".
EliminarA maior parte das empresas (telecomunicações, energia, bancos, etc.) estão sempre no limiar da legalidade e liberdade para aumentarem os lucros. Antes as chamadas e mensagens eram pagas a peso de ouro, a Internet a peso de diamante. Como agora há tarifas planas, querem procurar a nova mina.
Muito mau mesmo!
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