O Do Not Track começou com boas intenções há mais de uma década - com o Firefox a adoptá-lo em 2013 - prometendo dar aos utilizadores uma forma de pedirem aos sites que não fizessem tracking da sua actividade. No entanto, e como desde logo se podia antever, esta era uma funcionalidade totalmente voluntária, que partia do pressuposto que os sites honrassem esse pedido; coisa que nunca se veio a concretizar na prática. Como tal, a opção de Do Not Track tornou-se numa perfeita anedota, sendo maioritariamente ignorada pelos sites, e de pouco ou nada servindo para proteger a privacidade dos utilizadores. Pior ainda, o próprio pedido de "do not track" podia ser, ele próprio, utilizado para melhorar o tracking feito aos visitantes!
A morte do sistema há muito que era previsível e ficou ainda mais marcada quando a Apple removeu o Do Not Track do Safari em 2019. Agora, meia década mais tarde, é a vez da Mozilla retirar o Do Not Track do Firefox, o que serve como "último prego" nesta funcionalidade.
Isto vem apenas demonstrar que de nada servem medidas "voluntárias" que assumem que do outro lado existirão sites bem comportados e respeitadores. Embora possam existir, será inevitável que muitos sites ignorem todas as supostas medidas de privacidade a que não estejam legalmente obrigados a seguir. Por isso, importa que todas medidas de protecção fiquem garantidas, o máximo possível, do lado dos próprios utilizadores, usando browsers / extensões que bloqueiem scripts, cookies, e todas as demais técnicas que vão sendo lançadas para fazer o tracking dos utilizadores.
Esperar "boas maneiras" por parte das empresas num mundo capitalista será semelhante a pedir aos porcos para que limpem o focinho com um guardanapo depois de se lambuzarem no esterco.
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