O grande apagão de 2025 que deixou Portugal e Espanha sem electricidade pode ter sido devido à dependência excessiva nas renováveis.
Ainda estamos a fazer o rescaldo do apagão de 28 de Abril e a lidar com as suas consequências, mas começa a parecer que a sua origem poderá ter sido a excessiva dependência das fontes de energia "imprevisíveis", como a energia solar e eólica.
Ora, não é preciso relembrar que somos grandes fãs dessas fontes de energia, limpas e renováveis. Mas por outro lado, sofrem do factor de imprevisibilidade para que muitos especialistas apontam como sendo um risco há muito tempo. Um risco que se pode ter ficado demonstrado com este caso.
Manter a estabilidade da rede eléctrica é uma tarefa monumental (que vai para além dos meus conhecimentos técnicos). Ajustar a capacidade de produção, lidar com a variação da carga a cada instante, assegurando que a rede eléctrica se mantém com a frequência constante e dentro dos limites de tensão, é algo que é uma verdadeira "missão quase impossível" - a que quase ninguém dá valor, por assumir que as tomadas eléctricas em sua casa dão toda a electricidade de que precisa, sem pensar em tudo o que está por trás (ao estilo da rede de abastecimento de água). É daquelas coisas a que só se presta atenção quando não funciona, como foi o caso.
Quanto se tinha / tem uma rede em que a produção de energia é assegurada por fontes estáveis - como as barragens, centrais nucleares, ou centrais tradicionais - temos uma garantia de que se mantém um nível de produção estável e ajustável (com maior/menor tempo de resposta) em função das necessidades. Quando se junta a produção solar e eólica, apesar de serem fontes de energia muito bem-vindas, adicionamos à equação a grande imprevisibilidade da geração. Uma secção de nuvens a passar sobre um parque solar pode fazer com que a sua capacidade de produção praticamente desapareça numa questão de minutos. Se essa produção representar uma pequena percentagem da produção total, é algo que não causará problemas; mas se estas fontes representarem parte significativa - ou até a maioria - da produção, então essa variação pode tornar-se problemática, chegando ao ponto extremo de poder levar ao colapso da rede (encerramento por motivos de segurança, por não ser possível assegurar a manutenção do fornecimento de energia dentro dos parâmetros desejados).
Se há solução para isto? Certamente que sim, desde o uso dos "megapacks" de baterias que servem para absorver estas variações (a Tesla tem uma encomenda para um Megapack de 15.3 GWh), a estratégias de reconversão de energia (como o bombeamento da água das barragens de volta para os reservatórios quando há excesso de energia - e que para este caso, podia usar energia dessas fontes de maior volatilidade).
O problema adicional advém da grande dor de cabeça que é retomar o fornecimento de energia após um corte total, e que está longe de ser tão simples quanto o ligar de um gerador ou interruptor, como é explicado em detalhe no vídeo que se segue. Abordando a questão inicial de, para muitas centrais, ser necessário energia inicial para dar início à operação de produção de energia; e de não se poder começar a fornecer energia de forma imediata a toda à rede; e de toda a complexidade de gerir todas as inúmeras secções e sub-secções da rede de energia. Resta apenas esperar que este incidente tenha servido para que se fique melhor preparado para evitar que estas situações se repitam no futuro, e/ou que possa haver um processo de recuperação mais célere e informado.
Actualização:
A produção de energia em Espanha, no momento do apagão, estava a ser maioritariamente fornecida pelas fontes com pouca inércia. A energia solar fotovoltaica + solar térmica + eólica representavam cerca de 78% da produção.
Do lado de Portugal, tratava-se apenas de mais um dia normal a importar energia barata de Espanha.
A parte da "tempestade perfeita" deveu-se ao facto do apagão ocorrer no pior momento possível para nós, em que também tinhamos a produção das barragens em nível mínimo - já que com a energia barata, se tornava mais proveitoso usar essa energia para bombear a água de volta para o reservatório em vez de estar a gerar energia.
2025/04/29
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Completamente ridículo publicar isto sem base nenhuma de ser a razão , sim são problemas possíveis mas pode não ter tido nada a ver com o caso e neste mundo de desinformação constante vindo dos proponentes dos combustíveis fosseis é passar propaganda deles de graça , mas vindo de um blog que trata o Musk como uma pessoa normal e não uma grande ameaça às democracias e ao futuro não admira.
ResponderEliminarTchii... Que memória selectiva.
Eliminar"... grande ameaça às democracias e ao futuro não admira."
EliminarFlávio, deixe de ser infantil, que tal sair da casa dos pais e começar a viver a vida um pouco?
Se tantas pessoas com a mente de um Musk criarem concorrência entre si, sempre teremos inovações.
Ser factual não é ser inimigo das energias renováveis. Os problemas das energias renováveis estão bem identificados e devem ser discutidos. Sim, este perigo de aumento de probabilidade de black out é conhecido. https://www.youtube.com/watch?v=6c94vRmbM6Y Video e canal excelente de apoio as energias renováveis mas e combate às alterações climáticas.
EliminarSegundo as autoridades espanholas, eles "perderam" 15 GWh em 5 segundos, valor esse que corresponde a cerca de 65% da energia de consumo de toda a espanha!
ResponderEliminarFalta saber o que originou essa falha ..
Foi uma nuvem grande e pesada
Eliminar15 GW (potência, não energia)
Eliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=OOK5xkFijPc&t=40s Para perceber a diferença
Eliminarnada pode desculpar Antonio costa pelo fecho da central termo eletrica e centrar de cines que nos colocou totalmente dependentes de espanha para alem de começarmos a gastar tanto como todo o nosso lucro do turismo do algarve. sao estas coisas que pagam lugares de relevancia na hierarquia europeia
ResponderEliminarDois pontos:
Eliminar1. Portugal tem capacidade instalada para não precisar de importar de Espanha.
2. Mesmo que tivéssemos as centrais que menciona ainda ativas, as mesmas não iriam estar a funcionar no momento do apagão porque no leilão de energia diário seriam mais caras que importar o solar espanhol.
Estaríamos a fazer exactamente o mesmo. A energia solar é muito mais barata e estariam as centrais desligadas nesse momento. Sempre assim foi e assim há-de continuar.
EliminarA aplicação de baterias na rede tem ainda outra vantagem. Fica muito mais fácil de fazer um black start pois as baterias estão a fazer o trabalho de excesso ou falta de inércia.
ResponderEliminarIsso é verdade mas o problema não são as renováveis, é a forma como elas estão integradas na rede. Acho que o artigo devia realçar essa questão. Solar e eólica não tem capacidade de regular a rede por não ter inércia mecânica, para isso é necessário haver investimento em inversores modernos capazes de criarem inércia sintética e também megapacks de baterias.
ResponderEliminarAlém disso também é importante pensarmos é o porquê de apenas 2 das nossas centrais terem a capacidade de Black start, parece-me muito pouco.