2013/11/06

Streamnation deixa emprestar filmes directamente da Cloud - e mostra o que vai de errado nos direitos digitais


Parece-me desnecessário frisar que os conteúdos digitais têm inevitavelmente que nos fazer repensar as leis dos direitos de autor e as questões das partilhas. E por muito que se tente adiar a coisa, lá vão surgindo alguns serviços que vão caminhando no sentido do que se pretende... mas demonstrando também o ridículo que é tentar aplicar as limitações físicas a coisas "não-físicas".

Com os produtos físicos, não há grande margens para dúvidas. Se eu compro algo e quero dar ou emprestar a alguém, fico sem o "objecto" em questão, quer seja um livro, filme, CD, etc. (Importa referir que no entanto temos direito a manter a "memória" do mesmo! - Pode parecer ridículo referir isto, mas não me surpreendida se, existindo tecnologia para eliminar memórias, algum "iluminado" viesse argumentar que ao nos desfazermos de um filme ou livro, deveríamos igualmente perder o direito a lembrar-mo-nos dele!)

Mas a questão surge com os conteúdos digitais... que vêm estragar esse conceito simples. Embora já existissem formas de duplicar e copiar conteúdos físicos (desde as fotocópias de livros à duplicação de DVDs), os conteúdos digitais fazem com que isso possa ser feito de forma instantânea, e graças à ajuda da internet, podem ser rapidamente partilhados com todo o mundo. Isto obriga a repensar todo o sistema...

O Streamnation é um serviço que nos deixa fazer o upload dos nossos filmes e séries para a cloud para ficarem acessíveis via streaming em qualquer dispositivo, e passou agora a permitir que se emprestem esses filmes e séries aos nossos amigos. É um passo no bom sentido... mas depois vemos as limitações: se emprestarmos o filme a alguém deixamos de ter acesso a ele - tal como se tratasse de um DVD numa "rodela de plástico". E é isso que é absurdo!

Ora expliquem-me lá que lógica tem ser considerado ilegal eu estar a ver um filme ao mesmo tempo que um amigo a quem emprestei o filme; mas, se ele ou eu o fizermos com 2h horas de diferença já ser algo completamente legal? Afinal... o que está em causa? Será o tempo de acesso inicial ao conteúdo? Mas, pode dar-se o caso de ser um filme que ambos já viram dezenas de vezes anteriormente - e que agora, pela "centésima" vez, queriam rever o filme ao mesmo tempo para relembrarem a experiência enquanto trocam uns tweets sobre o assunto.


Não digo que existam soluções ideais ou perfeitas, que compensem os autores justamente mas que permitam igualmente aos utilizadores desfrutar das vantagens do digital (em vez de serem acorrentados por aqueles que insistem em limitar os conteúdos digitais à semelhança dos conteúdos físicos). Mas penso que seria necessário admitir - e assumir, de uma vez por todas - que quem não quiser pagar por algo, arranjará sempre forma de não o fazer. Portanto, parece-me profundamente errado partir com o pressuposto que o necessário é arranjar formas de azucrinar apenas quem está disposto a fazer uma utilização "legal/racional" desses mesmos conteúdos! (Ao ponto de por vezes ser mais fácil aceder e utilizar conteúdos pirateados do que os que foram legalmente comprados... Veja-se o caso de quem comprar um DVD que queira ripar para manter no seu media center; e nem vamos falar dos jogos de computador - aqueles que mesmo depois de instalações de gigabytes insistem em que se coloque o DVD original no drive só para "lá estar"!)

5 comentários:

  1. Eu concordo com a posição do Carlos, é no mínimo ridículo! Mas por outro lado já é uma abertura à partilha de conteúdos. Pode ser um início de mudança de mentalidades.

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  2. existe algum fork disto para correr num servidor nosso?

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  3. Não demorará muito a ser fechado via tribunais e os utilizadores a serem chateados ... :)

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  4. Não demorará muito a ser fechado via tribunais e os utilizadores a serem chateados ... :)

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