2014/06/28

Sites noticiosos alemães querem 11% do Google


Assistem-se a coisas caricatas nas batalhas entre os formatos tradicionais e os novos sistemas de informação. Na Alemanha, assim como em vários outros países, os jornais não querem que o Google mostre as suas notícias nos seus resumos noticiosos; agora, parece que isso já não lhes chega... e preferem exigir que o Google lhes pague 11% dos seus rendimentos.

Já por várias vezes tenho abordado essas questões de "quem precisa mais de quem", e no caso dos sites noticiosos, já muitas vezes se discutiu: se alguém não quer aparecer no Google, que remova de lá as suas páginas e notícias... e veja o resultado. Deverá ser precisamente por isso que os jornais alemães não se sentem muito satisfeitos com o Google lhes ter dito: não querem aparecer, porreiro, deixam de aparecer. Ao verem grande parte dos seus visitantes desaparecerem, nada como passar à fase seguinte: exigir que o Google lhes pague 11%.

O argumento é o de que o Google continua a apresentar links para as suas notícias nos resultados das pesquisas normais da internet (não no Google News), e uma vez que o Google ganha dinheiro apresentando publicidade nesses resultados, ele também terão direito a uma fatia (interrogo-me como é que eles calcularão se uma pesquisa apresentar resultados de 20 jornais diferentes: se cada um ganhar 11% do lucro de um anúncio, quererá dizer que o Google tem que pagar 220% sobre o valor que ganhou? - mas adiante...)

Restará dizer-lhes que tal como eles não quiseram aparecer no Google News, poderão também configurar facilmente os seus sites de forma a que o Google não indexe nenhum dos seus conteúdos, e assim já evitariam o problema... mas claro... isso não lhes daria nenhum dinheiro, e por isso é sempre melhor exigir que alguém pague, do que "fazer pela vida",


... Talvez não fosse pior o Google começar a exigir também 11% de todas as notícias que estes jornais publicam depois de terem pesquisado as fontes e mais informações usando o próprio Google... ou não?

15 comentários:

  1. Acho bem, que façam um acordo!

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  2. Eu só tenho uma coisa a dizer aos Alemäes: LOLOL

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Isso faz algum sentido porque a Internet está a matar os jornais em papel e como se isso não bastasse o Google também está a pôr em perigo os jornais virtuais... E a consequência disso é que cada vez se faz menos jornalismo de investigação, fazendo com que o que lemos seja cada vez menos credível. Por isso é cada vez mais difícil saber distinguir o que é verdadeiro ou falso (ou certo ou errado) e a internet está a ser invadida por uma nova geração de jornais online que só publicam noticias baseadas em rumores...

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    1. Mas nada do que referes é exclusivo dos jornais "digitais"... perigoso é assumir que só porque um jornal é "em papel" está automaticamente livre de ser: tendencioso, baseado em rumores, manipulador, etc.

      Isso infelizmente é transversal a todos os meios de divulgação. Cabe a cada um tentar manter-se informado usando as fontes que considere mais credíveis.

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    2. Pois, mas eu não estava a pensar nesse tipo de jornais...
      Eu estava só a pensar nos jornais sérios em papel que ainda fazem o chamado "jornalismo de investigação", o único que pode merecer credibilidade. Como fazem (em Portugal) O Expresso, ou O Publico... e lembro que até as noticias dos telejornais costumam ser baseadas nesse jornalismo de investigação... Agora imaginem o que vai acontecer quando esses jornais em papel forem todos á falência... ,

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    3. "Cabe a cada um tentar manter-se informado usando as fontes que considere mais credíveis."

      Não há "informação credível" sem haver jornalismo de investigação. E para se poder distinguir o que é credível ou não é credível, é preciso que continuem a existir fontes fidedignas... mas sem jornalismo de investigação deixa de haver fontes fidedignas... E quase só os jornais de papel fazem jornalismo de investigação porque esse tipo de jornalismo custa muito caro

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    4. Permite-me discordar... tens muito jornalismo de "investigação" que não tem qualquer credibilidade: como fazes para separar o bom jornalismo de investigação do mau jornalismo de investigação? Não há nenhum "rótulo" que te garanta que algo é bom só por que sim... A credibilidade é algo que tem que ser conquistado ao longo do tempo.

      Para além disso, o jornalismo de investigação não é algo exclusivo de publicações em papel - nem a passagem para o digital significa que se deixe de ganhar dinheiro - veja-se a quantidade de jornais e revistas que já ganham mais dinheiro online do que com as edições físicas.

      Os tempos mudam, os meios têm que se adaptar às novas realidades. E não é por passar a haver muito mais "lixo" que deixarão de continuar a existir coisas de qualidade (e se calhar até existem bem mais do que antes... desde que se tenha o discernimento para as saber distinguir no meio de tudo o resto :)

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    5. A verdade e a falsidade não se umbilicam em suportes ( pedra, argila, papiro, papel, bites ...), o cerne está na capacidade de pensar, no espírito crítico, na capacidade para gerar conhecimento. As ideias não são mulherzinhas que se deixem possuir por qualquer um: serão eternemente livres.
      Não temais, mas não coloqueis rótulos fáceis...

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  5. Eu só costumo ler o Expresso e o Publico, e confio na maioria das fontes deles...
    Sim, o jornalismo de informação não é exclusivo dos jornais em papel mas eu até nem conheço mais onde se faça jornalismo sério (com a excepção dos telejornais). Qualquer um pode lançar um jornal online... e sem gastar um tostão!

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    1. A tua própria resposta... responde-te.

      Referiste dois jornais em papel em que confias... de entre dezenas de jornais em papel que existem.

      Por isso, não é por custar dinheiro que deixas de ter montes de outros jornais - e onde não faltarão exemplos de jornais em que entram directamente para a classificação "lixo".

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  6. Sim, eu entendo onde queres chegar... mas eu já nem sei quantos jornais existem, que conseguiram sobreviver á crise, porque se reparares existem cada vez menos bancas de jornais e a decadência da imprensa escrita é bem visível... Sempre existiram "exemplos de jornais em que entram directamente para a classificação "lixo" (Correio da Manhã, 24 Horas, etc.) mas o que me preocupa é a (previsível) extinção dos poucos jornais que ainda merecem credibilidade (Expresso, O Publico, Diário de Noticias...). Porque receio que cheguemos a um ponto em que já não será possível poder distinguir o que é verdadeiro e o que é falso...

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    1. "Porque receio que cheguemos a um ponto em que já não será possível poder distinguir o que é verdadeiro e o que é falso..."

      ... Precisamente a situação que tem vigorado desde sempre. :)

      Como disse, caberá a cada um ter o bom senso, a liberdade de decisão, e o livre acesso à informação, para poder decidir isso por si mesmo.

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    2. Correcção:
      "Porque receio que cheguemos a um ponto em que já não será fácil saber distinguir o que é verdadeiro e o que é falso, por falta de um bom jornalismo de referencia..."

      De qualquer maneira ainda há tempos a Clara Ferreira Alves expressou este mesmo receio em uma das suas cronicas na Revista Única, do Expresso...

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  7. Habituem-se...A vida não para...e as margens não comprimem o rio.

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